biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
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Isso já nos indicava o sentido individual conferido à temporalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas <strong>biografias</strong>.<br />
Para Alheit e Dausien (2007),<br />
La temporalidad biográfica obe<strong>de</strong>ce a una lógica individual que vincula el<br />
pasado, el presente y el futuro, frecuentemente pasando por encima <strong>de</strong> las<br />
periodizaciones institucionales y los enclaustramientos sociales entre los<br />
dominios <strong>de</strong> vida.<br />
O sentido <strong>de</strong>ssa temporalida<strong>de</strong>, apresentado pelas entrevistadas no momento das<br />
narrações e a reflexivida<strong>de</strong> proporcionada possibilitaram às <strong>encarceradas</strong> a percepção dos<br />
acontecimentos <strong>de</strong> suas vidas nos tempos/períodos consi<strong>de</strong>rados mais marcantes e mais<br />
representativos da construção <strong>de</strong> suas <strong>biografias</strong>. Por isso que, para algumas <strong>de</strong>las, a narração<br />
da infância não fora tão expressiva, como a <strong>de</strong> outra fase da vida, como por exemplo, a<br />
adolescência e a juventu<strong>de</strong>.<br />
Assim, po<strong>de</strong>mos afirmar que as narrativas das <strong>encarceradas</strong> permitiram que, aos<br />
poucos, i<strong>de</strong>ntificássemos as diferenças individuais <strong>de</strong> cada uma e a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
perspectivas que se lhes apresentavam os seus contextos <strong>de</strong> vida.<br />
Todas as narrativas foram gravadas em um aparelho <strong>de</strong> MP4 e, <strong>de</strong>vido à boa qualida<strong>de</strong><br />
da gravação, facilitaram a fi<strong>de</strong>dignida<strong>de</strong> das transcrições, no que tange à escrita literal do que<br />
fora oralizado. Aliás, essas transcrições foram feitas observando-se, cuidadosamente, as<br />
pontuações necessárias à representação das emoções, dos sentimentos <strong>de</strong> indignação, receio,<br />
tristeza etc. expressos pelas entrevistadas.<br />
Ainda no período <strong>de</strong> recolhimento dos dados, quando visitávamos o presídio para<br />
realizar as entrevistas, um episódio interessante ocorreu, que nos parece interessante narrar.<br />
Uma das <strong>encarceradas</strong> selecionadas para a entrevista, cujo perfil social nos <strong>de</strong>spertou<br />
interesse, simplesmente se negou a fazê-lo no dia marcado. Não sabemos, precisamente, por<br />
quais razões, mas, quando falamos que a proposta era <strong>de</strong> que ela narrasse a sua vida e<br />
explicamos que ela não seria obrigada a isso, se não quisesse (como dissemos a todas), ela se<br />
levantou <strong>de</strong> on<strong>de</strong> estava e, sem explicar os motivos, negou-se a participar da entrevista,<br />
reivindicando, naquele mesmo momento, o retorno à sua casa (sua sela). Não sabemos ao<br />
certo, mas, talvez, fosse muito doloroso para ela falar <strong>de</strong> sua vida, razão pela qual recuou e<br />
silenciou. Isso foi o que presumimos. Esse episódio nos <strong>de</strong>spertou muita curiosida<strong>de</strong>.