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biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

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Dessa reflexão sobre a capacida<strong>de</strong> dos sujeitos <strong>de</strong> interpretarem suas realida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong><br />

construírem suas próprias racionalida<strong>de</strong>s práticas para orientar as suas <strong>de</strong>cisões na socieda<strong>de</strong>,<br />

foi que Car<strong>de</strong>nal <strong>de</strong> La Nuez (2006) <strong>de</strong>cidiu optar por tal método. Em seu estudo empírico<br />

sobre as transições juvenis, ficou evi<strong>de</strong>nte a sua preocupação central <strong>de</strong> reconstruir os<br />

itinerários escolares e laborais <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> jovens (o público da sua investigação), para<br />

analisar a relação entre os dilemas que os afrontavam no processo <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> e as<br />

estratégias diferenciadas que utilizavam para resolvê-los.<br />

Com efeito, também o nosso objeto <strong>de</strong> investigação, relativo às <strong>aprendizagens</strong><br />

biográficas <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> prisioneiras, reclamou estratégias operativas ligadas ao que o tal<br />

método biográfico propõe no campo empírico, e as leituras realizadas sobre os seus<br />

fundamentos foram fundamentais para que compreendêssemos a sua importância, a<strong>de</strong>quação<br />

e pertinência em nossa pesquisa, tendo em vista as possibilida<strong>de</strong>s que oferece ao alcance dos<br />

seus objetivos. Pelo que vimos, a utilização <strong>de</strong>sse método requer a aplicação <strong>de</strong> uma técnica<br />

que corresponda à tría<strong>de</strong> em que ele se sustenta, ou seja, aos três eixos que Rúbio e Varas<br />

(1997, p.243) afirmam que se combinam entre si: o da subjetivida<strong>de</strong> humana, o da<br />

interpretação e o da relação dialética entre a ação e as condições sociais. Os referidos autores<br />

argumentam que é através da narração das histórias <strong>de</strong> vida que se torna possível a<br />

correspondência <strong>de</strong>ssa tría<strong>de</strong>, apreen<strong>de</strong>ndo seus aspectos <strong>de</strong> maneira correlacionada, na<br />

medida em que resgata as relações cotidianas dos sujeitos.<br />

A história <strong>de</strong> vida é, portanto, a ferramenta principal <strong>de</strong>ntro do método biográfico,<br />

uma vez que possibilita a i<strong>de</strong>ntificação social dos sujeitos investigados, traduzida, por<br />

exemplo, nas expressões <strong>de</strong> gênero.<br />

1.3.1 A história <strong>de</strong> vida como principal ferramenta para o <strong>de</strong>svelamento da realida<strong>de</strong><br />

investigada<br />

Conhecer a vida cotidiana dos sujeitos sociais, nos seus [...] aspectos mais rotineiros<br />

e teatralizados, fora <strong>de</strong> qualquer contexto institucional ou das estruturas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e <strong>de</strong><br />

autorida<strong>de</strong> (PAIS, 2003, p.93), foi uma das razões que impulsionaram o uso do método<br />

biográfico e, por consequência, da história <strong>de</strong> vida nas pesquisas das ciências sociais.<br />

Camargo (1984), já há algum tempo, <strong>de</strong>fendia o uso da história <strong>de</strong> vida em pesquisas<br />

científicas, argumentando que ela possibilita apreen<strong>de</strong>r a cultura do lado <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro ,<br />

colocando-se no ponto da intersecção das relações entre o que é exterior ao indivíduo (as<br />

circunstâncias do contexto, as estruturas) e aquilo que ele traz <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si (a subjetivida<strong>de</strong>),<br />

contribuindo significativamente para a análise e interpretação do problema.

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