biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

Ao analisar essa tabela, constatamos que o tema da criminalidade feminina vem sendo
objeto de estudo em diversas áreas do conhecimento científico, até mesmo naquelas em que
seria difícil de imaginar, como é o caso da área do Desenvolvimento regional e
agronegócio .
Algumas áreas, porém, apresentaram um número mais significativo de produções
sobre esse tema, como Direito e Saúde. Em contrapartida, as áreas de Educação, Serviço
Social, Ciências Sociais, História e Psicologia apresentaram poucas produções, se
comparamos às primeiras.
Esses resultados nos permitem afirmar que os estudos sobre a criminalidade feminina,
ou sobre temáticas afins
relacionadas às pessoas e/ou às instituições envolvidas com esse
fenômeno, são ainda muito restritos no campo da educação. Diante dessa constatação,
perguntamos: O que estaria por trás desse tão ínfimo número de estudos sobre a
criminalidade, ou temáticas afins, na área da Educação? Será que a criminalidade não tem
sido encarada pelos estudiosos como um problema também educacional? Ou será que, por
serem inúmeras as problemáticas que envolvem a Educação, esse tema ainda não recebeu a
atenção merecida? Não temos as respostas para essas questões, mas foram elas que nos
motivaram e continuam nos motivando a estudar essa complexa realidade, à luz das
teorizações sobre os processos de aprendizagem por meio dos quais as pessoas constroem as
suas biografias. Foi por isso que realizamos esse levantamento.
A maioria dos trabalhos encontrados sobre o tema, na área da Educação, apresentou
reflexões sobre os significados das ações educativas dentro dos presídios femininos. Pelo que
se percebeu, a ideia desses estudos foi de discutir tanto as implicações de tais ações na vida
das encarceradas no contexto da prisão quanto as possibilidades que elas oferecem, ou
deveriam oferecer, para a sua reintegração na sociedade.
Em apenas um trabalho, intitulado: Mulheres delinquentes: uma longa caminhada até
a casa da rosa , da autora Montano (2000), vimos a preocupação de se investigar a trajetória
da vida de mulheres em situação de privação de liberdade, em especial, as escolares. A ideia
da pesquisa, segundo a autora, foi analisar o significado da escola na vida das presas-alunas
de uma penitenciária feminina da cidade de Porto Alegre
RS. Tanto a entrevista quanto a
observação dos contextos sócio-ocupacionais, familiares e educacionais das detentas, quando
crianças e adolescentes, foram instrumentos de pesquisa que a autora utilizou para alcançar os
seus objetivos, entre os quais, o de [...] descortinar a trajetória da carreira desviante dessas
mulheres (MONTANO, 2000).