biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Tal realida<strong>de</strong> foi possível <strong>de</strong> ser observada quando realizamos um levantamento<br />
bibliográfico sobre o assunto enfocando essas <strong>mulheres</strong>. Nesse levantamento, vimos que, se o<br />
<strong>de</strong>bate sobre as pessoas <strong>encarceradas</strong> no âmbito educacional já é pequeno, ele quase inexiste<br />
quando se trata <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong>.<br />
Em outras áreas, no entanto, - a saú<strong>de</strong>, o direito, a psicologia, serviço social e a<br />
sociologia - os estudos sobre a criminalida<strong>de</strong> feminina, ainda que não sejam muitos, ganharam<br />
mais impulso, nos últimos anos, do que as <strong>de</strong>mais áreas pesquisadas. Porém, o que mais se vê<br />
nesses estudos, principalmente os relacionados às ciências sociais, são tentativas <strong>de</strong> se<br />
explicarem as ações criminosas das <strong>mulheres</strong>, única ou prioritariamente, pelo contexto on<strong>de</strong><br />
elas viveram antes <strong>de</strong> reclusas, geralmente marcado por situações <strong>de</strong> pobreza. A justificativa é<br />
quase sempre ilustrada da seguinte maneira: Traficaram drogas, cometeram furtos ou<br />
estelionato porque moram em favelas, são pobres, não têm marido, mas têm muitos filhos e<br />
precisam sobreviver! , enfim, em razão das precárias condições socioeconômicas em que<br />
vivem antes <strong>de</strong> reclusas.<br />
Cabe salientar que justificativas como essas não foram utilizadas ao longo da história<br />
para analisar a criminalida<strong>de</strong> feminina. Ao contrário, as dimensões sociais, econômicas e<br />
culturais da <strong>de</strong>linquência sempre foram empregadas, segundo Cunha (2005, p.03), para<br />
analisar a criminalida<strong>de</strong> masculina, que era a única vista nessa perspectiva. Às <strong>mulheres</strong><br />
eram reservadas explicações com bases biológicas e psicológicas: <strong>de</strong>sregulamentos<br />
hormonais, complexos, neuroses e manias [...] (CUNHA, 2006, p.04).<br />
Temos, então, que reconhecer que foi um avanço o fato <strong>de</strong> se ter passado a analisar a<br />
<strong>de</strong>linquência feminina também a partir das dimensões sociais, econômicas e culturais acima<br />
mencionadas por Cunha (2006). Ao que tudo indica, as mudanças ou o avanço nesse campo<br />
<strong>de</strong> análise <strong>de</strong>ve ter ocorrido em razão das modificações dos papéis sociais exercidos pelos<br />
gêneros na contemporaneida<strong>de</strong>, uma vez que o homem não é mais o único provedor das<br />
famílias, porquanto a mulher, em muitos casos, é a única que garante a sobrevivência dos seus<br />
membros.<br />
No nosso enten<strong>de</strong>r, foi essa nova realida<strong>de</strong> social que fez com que muitos estudiosos<br />
adotassem o contexto social como principal e, não raras vezes, única referência <strong>de</strong> análise da<br />
prática criminosa realizada por <strong>mulheres</strong>. Neste estudo, porém, não <strong>de</strong>sprezamos o contexto,<br />
mas também não a<strong>de</strong>rimos a ele unicamente para interpretar o fenômeno que estamos<br />
investigando. Para nós, o contexto social, como instrumento único <strong>de</strong> análise da ação social<br />
das pessoas, não oferece respostas para questões como as que levantamos no objeto <strong>de</strong> estudo<br />
<strong>de</strong>sta pesquisa. Por exemplo, se as <strong>mulheres</strong> são minorias nos presídios, como explicaríamos