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biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

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O direito à educação do/a preso/a, na perspectiva <strong>de</strong> uma educação ao longo da vida,<br />

começava, então, a ganhar <strong>de</strong>staque, tanto nas pautas dos importantes documentos da EJA, no<br />

Brasil, quanto nos estudos <strong>de</strong> alguns pesquisadores que investigavam o assunto, como Mayer<br />

(2006), por exemplo. Por meio das reflexões que apresenta sobre a relação entre educação e<br />

prisão, esse estudioso se constituiu a principal referência científica no assunto, porquanto<br />

contribuiu diretamente para a elaboração dos documentos acima mencionados. Para ele, ainda<br />

que não se trate do melhor lugar, nem obtenha as ferramentas necessárias para tal, a<br />

Educação/Aprendizagem ao longo da vida, nesses contextos, é possível e necessária.<br />

Em outras palavras, po<strong>de</strong>ríamos dizer que, em contextos <strong>de</strong> reclusão, a educação<br />

ganhou uma dimensão mais profunda. De acordo com Mayer (2006, p.22), ela não <strong>de</strong>ve se<br />

restringir ao ensino, mas ser, primordialmente, [...] uma oportunida<strong>de</strong> para que os internos<br />

<strong>de</strong>codifiquem sua realida<strong>de</strong> e entendam as causas e conseqüências dos atos que os levaram à<br />

prisão . Todavia, no seu enten<strong>de</strong>r, isso só é possível se a educação oferecida nesses contextos<br />

se constituir <strong>de</strong><br />

[...] momentos <strong>de</strong> aprendizagem, <strong>de</strong> experiências bem-sucedidas, <strong>de</strong><br />

encontros que não sejam relações <strong>de</strong> força, momentos <strong>de</strong> reconstrução da<br />

própria história, espaços para expressar emoção e realizar projetos<br />

(MAYER, 2006, p.03).<br />

É a isso que Mayer (2006) chama <strong>de</strong> educação ao longo da vida na prisão. A nosso<br />

ver, essa tendência à reconstrução da própria história parece também ser propícia para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pesquisas nesses contextos, especialmente as educacionais. Foi essa,<br />

então, a nossa intenção.<br />

Acreditamos que, ao dar voz às <strong>encarceradas</strong>, dandos-lhes a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

rememorar suas histórias, estaremos não apenas contribuindo com o <strong>de</strong>snudamento dos<br />

fenômenos investigados na pesquisa, mas também lhes favorecendo uma instrumentalida<strong>de</strong><br />

educativa.<br />

É importante registrar que as <strong>mulheres</strong> investigadas neste trabalho (por serem<br />

<strong>mulheres</strong> e, ao mesmo tempo, prisioneiras) se encontram duplamente situadas no grupo que<br />

Michelle Perrot (2001) chamou <strong>de</strong> os excluídos da história . Foi isso também que nos<br />

motivou a investigá-las, ainda mais porque vimos que são escassas as discussões e as<br />

pesquisas acadêmicas, principalmente as educacionais, sobre esse público.

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