biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
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Mais especificamente falando, se é importante sublinhar a força <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
educação que humaniza, emancipa, integra, e cuja tarefa principal é formar adultos<br />
<strong>de</strong>mocráticos 2 , também é importante presumir que, por se tratar <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> social e<br />
subjetiva (e por isso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do que o contexto oferece <strong>de</strong> aprendizagem e <strong>de</strong> como o sujeito<br />
a direciona), a educação, na dimensão, ao longo da vida, po<strong>de</strong> também provocar<br />
consequências <strong>de</strong>ssocializadoras e <strong>de</strong>sinstitucionalizadoras (TOURAINE, 1998) 3 na vida dos<br />
sujeitos, ainda que não seja esse seu objetivo.<br />
Hernàn<strong>de</strong>z e Dobon (2006), baseando-se, em um primeiro momento, nas teorias<br />
críticas pressagiadas pelo marxismo e inspiradas na hermenêutica, que evi<strong>de</strong>nciaron que las<br />
instituciones en general y la educativa en particular escon<strong>de</strong>n dispositivos que operan <strong>de</strong><br />
manera no igualitária<br />
(HERNÀNDEZ E DOBON, 2006, p. 01-02), e, em um segundo<br />
momento, por teorias ligadas à Escola <strong>de</strong> Frankfurt (que criticam a razão instrumental) e<br />
outras, como a <strong>de</strong> Foucault (apud, HERNÀNDEZ E DOBON, 2006, p. 02), - que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong><br />
uma genealogia do po<strong>de</strong>r - e a <strong>de</strong> Bourdieu (apud, HERNÀNDEZ E DOBON, 2006, p. 02) -<br />
que reconhece a escola como instância <strong>de</strong> reprodução e legitimação das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais<br />
- buscaram interpretações para os diversos sentidos e significados da educação na vida das<br />
pessoas.<br />
Suas análises sobre essas teorias permitiram-nos afirmar, sem medo <strong>de</strong> incorrer em<br />
erros, que a educação po<strong>de</strong> tanto favorecer a igualda<strong>de</strong> quanto a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>, o que supõe a<br />
existência <strong>de</strong> duas noções diferentes, cujas tendências são contrárias: a educação-instituição e<br />
a educação-campo. Segundo esses autores, a primeira seria orientada para a igualda<strong>de</strong>, e a<br />
segunda, para a distinção social.<br />
Tomando esses paradoxos interpretativos da educação como exemplo, talvez fosse o<br />
caso pensar também os outros vieses que o conceito da educação, na perspectiva ao longo da<br />
vida po<strong>de</strong> abarcar, já que ela consi<strong>de</strong>ra os diferentes modos e direcionamentos dados pelos<br />
sujeitos às <strong>aprendizagens</strong> que adquirem no curso <strong>de</strong> suas vidas e que servem à construção <strong>de</strong><br />
suas <strong>biografias</strong>.<br />
2 Para Maturana e Dávila (2006), a <strong>de</strong>mocracia é o único modo <strong>de</strong> convivência que oferece a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
realização do humano como um ser autônomo, capaz <strong>de</strong> ser social na colaboração num projeto comum.<br />
3 Para Touraine (1998), a <strong>de</strong>ssocialização (compreendida como o <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> papéis, normas e valores<br />
sociais pelos quais se construía o mundo vivido) e a <strong>de</strong>sinstitucionalização (entendida como o enfraquecimento<br />
ou <strong>de</strong>saparição das normas codificadas e protegidas por mecanismos legais e, ainda, o <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong><br />
julgamentos <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong> aos comportamentos regidos por instituições), são consequências do processo <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>smo<strong>de</strong>rnização que estamos vivendo neste novo milênio. E nesse processo o que tem ocorrido é, antes <strong>de</strong> tudo,<br />
a ruptura entre o sistema e o ator.