biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

Em relação ao eixo específico
família - que serviu de análise das trajetórias das
aprendizagens das encarceradas, fomos guiadas por indagações como: Que tipos de
aprendizagens foram produzidos nos contextos familiares dessas mulheres? Como essas
aprendizagens foram adquiridas e assimiladas subjetivamente por essas mulheres e, depois,
aplicadas nos diferentes processos de vivências?
A ausência do pai foi um fator que se destacou em todos os casos narrados. Em geral,
essas mulheres não conheciam quem era seu pai ou ele tinha abandonado a casa quando elas
ainda eram crianças, ou já haviam morrido. Também a ausência da mãe, ocorrência menor, foi
um fenômeno que pareceu ter contribuído para que a vida delas tivesse tomado rumos
diferentes dos quais desejavam. Fora as ausências, havia os excessos e as situações de
constantes mutabilidades: excesso de parentes convivendo numa mesma casa, sob a proteção
da avó; mãe solteiras cuidando dos filhos, dentro do próprio ambiente de trabalho; mães
viúvas, migradas de outras cidades, etc. Todos esses acontecimentos e processos foram
narrados pelas entrevistadas como preponderantes para a aquisição e a assimilação das
aprendizagens e para a condução do domínio da vida, concretizando os processos de
aprendizagens implícitas 51 e biográficas 52 , defendidos por Alheit e Dausien (2007).
No primeiro caso, a ênfase é dada à apropriação subjetiva da aprendizagem adquirida,
através das experiências vividas no interior ou no exterior das instituições, como a família,
por exemplo. Já no segundo, essa apropriação ocorre na comunicação e na interação com os
outros, ou seja, na relação com um contexto social, não se desenvolvendo [...] solamente de
manera interna al individuo, [...]
aprendizagem biográfica .
(ALHEIT & DAUSIEN, 2007, p.27). É a chamada
Assim, o fato de algumas das mulheres não terem tido a presença de suas mães no
processo de socialização das primeiras experiências de vida, no contexto familiar,
51 A través de los procesos de aprendizaje implícito que se desarrollan tras el comienzo de la vida tanto en el
interior como en el exterior de las instituciones, no son sólo los elementos singulares de la experiencia los que
son asimilados como componentes del mundo social, sino también el «sistema de asimilación» mismo que se ha
desarrollado. Se trata aquí de la formación de estructuras superordenadas y generativas de la acción y del
saber, que, según las opciones teóricas, pueden ser interpretadas como estructuras de adquisición y de
desarrollo de las «disposiciones de aprendizaje» (FIELD, 2000), estructuras cognitivas en el sentido de Piaget,
«sistema emocional de orientación» (MADER, 1997), formación del habitus (BOURDIEU, 1987) o
construcción del sistema de referencias del sí y del mundo (MAROTZKI, 1990). (ALHEIT e DAUSIEN, 2007,
p.27).
52 El aprendizaje biográfico está ligado a los mundos de vida, que bajo ciertas condiciones pueden ser
igualmente analizados como «ambientes» o «medios» de aprendizaje. Las nociones de aprendizaje experiencial,
de aprendizaje en el mundo de vida o de aprendizaje contextual dan cuenta de esse aspecto del Lifelong
Learning, a saber, cómo se relaciona la atención respecto de la asociación y la configuración de los ambientes
de aprendizaje (DOHMEN, 1998, apud, ALHEIT E DAUSIEN, 2007, p.27).