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biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

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As intenções e os interesses <strong>de</strong> Madalena pela aprendizagem das letras, apesar <strong>de</strong><br />

serem semelhantes aos <strong>de</strong> muitos sujeitos que também ainda não foram alfabetizados,<br />

divergem do ponto <strong>de</strong> vista do direcionamento dado à aprendizagem. Em relação a esse<br />

aspecto, Prestes (2005, p. 05) adverte: Esses estados intencionais, evi<strong>de</strong>ntemente, não<br />

possuem o mesmo conteúdo para todos os indivíduos. Os <strong>de</strong>sejos e intenções variam segundo<br />

a ida<strong>de</strong>, o espaço on<strong>de</strong> vive o gênero, a ocupação, as formas <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> .<br />

É, portanto, da situação <strong>de</strong> vida concreta, fundamentada na biografia particular <strong>de</strong> cada<br />

um, que se <strong>de</strong>finem os interesses <strong>de</strong> aprendizagem dos sujeitos. No caso <strong>de</strong> Madalena, o<br />

interesse em se alfabetizar se dá também em função do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ter a sua vida modificada,<br />

<strong>de</strong>ntro do contexto em que atualmente vive - o presídio. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrever as<br />

próprias cartas, como contou, possibilitaria novas competências e maior autonomia, sendo<br />

isso indicadores <strong>de</strong> modificação da vida.<br />

A quinta entrevistada <strong>de</strong>stacou, em sua narrativa, o fato <strong>de</strong> sua experiência escolar ter<br />

sido vivida junto com outra experiência biográfica (o trabalho), consi<strong>de</strong>rada, do seu ponto <strong>de</strong><br />

vista, como mais <strong>de</strong>cisiva em sua vida. Percebe-se, portanto, uma trajetória escolar marcada<br />

pela superação das dificulda<strong>de</strong>s que a vida lhe apresentou nas diferentes etapas da<br />

escolarização.<br />

A gente tinha meio dia pra trabalhar e meio dia pra estudar. Nós<br />

estudávamos <strong>de</strong> manhã, eu e o meu outro irmão - das sete da manhã até às<br />

onze da manhã, íamos pra casa, tomava banho, almoçava e íamos pra roça<br />

trabalhar. E ainda quando chegávamos em casa a gente tinha por<br />

obrigação tomar um banho, jantar, escovar os <strong>de</strong>ntes direitinho e ir pra<br />

mesa fazer a lição pra no dia seguinte irmos pra escola. Isso quando nós<br />

chegávamos da roça. Vamos dizer que amanhã tinha prova, hoje a gente só<br />

dormia <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> estudar, porque a primeira coisa <strong>de</strong>pois da aula era ir pra<br />

roça. Minha mãe dizia: Eu não estu<strong>de</strong>i, mas eu quero que vocês estu<strong>de</strong>m.<br />

Não quero que vocês sofram amanhã como eu sofro hoje , essas coisas. Lá<br />

no Paraná eu estu<strong>de</strong>i dos sete anos aos treze. Vim pra São Paulo eu<br />

trabalhava o dia todo, corria pra casa, tomava banho e estudava a noite,<br />

das 7h as 11h da noite. Eu vim fazer a 6ª,7ª e 8ª série em São Paulo. (LIA).<br />

Além <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciada, na trajetória escolar <strong>de</strong> Lia, a superação das dificulda<strong>de</strong>s -<br />

ligadas às experiências <strong>de</strong> trabalho vividas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância, que po<strong>de</strong>riam ter motivado o<br />

abandono dos estudos muito cedo - evi<strong>de</strong>nciou-se também a superação <strong>de</strong> problemas ligados à<br />

migração, experiência que ela viveu durante a sua trajetória escolar na transição da 5ª para a<br />

6ª série do Ensino Fundamental.

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