biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
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Os fatores que <strong>de</strong>vem orientar a ação educativa não são mais, há muito<br />
tempo, o caráter operatório do ensino, a eficácia das estratégias didáticas e o<br />
conteúdo dos currículos formais, massa situação e as condições dos<br />
apren<strong>de</strong>ntes (Bentley, 1998) e a consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> seus ambientes <strong>de</strong><br />
aprendizagem não formal e informal (ALHEIT E DAUSIEN, 2007, p.19).<br />
Entre esses fatores, <strong>de</strong>vem estar consi<strong>de</strong>rados aqueles ligados à realida<strong>de</strong> específica <strong>de</strong><br />
cada gênero, uma vez que [...] los entornos <strong>de</strong> acción concretos<br />
a ação educativa se <strong>de</strong>senvolve) son siempre también «entornos <strong>de</strong> género»<br />
DAUSIEN, 2007, p.40).<br />
(nesse caso, a escola on<strong>de</strong><br />
(ALHEIT E<br />
A narrativa seguinte revela a ausência <strong>de</strong> uma trajetória escolar na biografia da<br />
encarcerada em questão. Para narrar essa experiência escolar não-vivida, Madalena recorreu<br />
ao saber <strong>de</strong> fundo biográfico 49 .<br />
Nem quando eu era pequena, eu acho que eu nunca estu<strong>de</strong>i não. Eu não me<br />
lembro não ter estudado não. Lembro que eu fumei um baseado com 10<br />
anos, mas que estu<strong>de</strong>i não. [...] Eu sou louca ainda pra apren<strong>de</strong>r. Louca,<br />
louca, louca! A menina botou meu nome pra estudar à noite. [...]. Eita! Eu<br />
começo hoje a estudar! Eu não tava nem me lembrando. Hoje não é segunda<br />
né? É hoje. Eu vou estudar <strong>de</strong> noite, [...]. Tu acha que eu aprendo ainda?<br />
Ou mulher, eu queria tanto apren<strong>de</strong>r, mas chega me dá dor <strong>de</strong> cabeça<br />
quando eu imagino que eu não sei. (risos). Olhe, no dia que eu apren<strong>de</strong>r a<br />
ler eu vou fazer uma oração, vou pegar uma folha e vou copiar um louvor<br />
pra mim. Eu vou criar um louvor e vou fazer uma carta bem bonita pro juiz.<br />
O que eu tenho mais vonta<strong>de</strong> é <strong>de</strong> fazer a minha carta. (MADALENA).<br />
Descobre-se, portanto, uma espécie <strong>de</strong> angústia sentida por Madalena por não saber ler<br />
e escrever. Por outro lado, percebem-se repetidas afirmações sobre o <strong>de</strong>sejo que ela sente <strong>de</strong><br />
apren<strong>de</strong>r, motivada por alguns interesses e/ou aspirações, como: escrever as próprias cartas<br />
para o namorado, expressando o seu amor, escrever para o juiz, solicitando a atenção <strong>de</strong>vida<br />
para o seu caso, escrever a sua própria oração a Deus, agra<strong>de</strong>cendo ou pedindo por alguma<br />
intenção etc.<br />
49 [ ]: son representadas como saber <strong>de</strong> fondo biográfico aquellas experiencias que no se incluyen en la<br />
«línea» <strong>de</strong> la reconstrucción biográfica, experiencias y aspectos contradictorios y resistentes <strong>de</strong> la vida «no<br />
vivenciada». son representadas como saber <strong>de</strong> fondo biográfico aquellas experiencias que no se incluyen en la<br />
«línea» <strong>de</strong> la reconstrucción biográfica, experiencias y aspectos contradictorios y resistentes <strong>de</strong> la vida «no<br />
vivenciada» (ALHEITe DAUSIEN, 2007, p.43).