biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Abaixo apresentamos a análise das experiências educativas e/ou <strong>de</strong> <strong>aprendizagens</strong><br />
vividas (ou não vividas) pelas <strong>encarceradas</strong>, em contextos escolares, e as suas implicações na<br />
construção das <strong>biografias</strong>.<br />
4.2.2 Biografia e escola<br />
Consi<strong>de</strong>rando a escola como uma das instituições sociais que têm [...] a função <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>signar e <strong>de</strong> controlar o <strong>de</strong>svio e a marginalida<strong>de</strong> (DUBET, 2006, p.37) e um lugar<br />
privilegiado <strong>de</strong> socialização, <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> experiências biográficas e <strong>de</strong> interação com os<br />
outros, lócus, por excelência, <strong>de</strong> múltiplas <strong>aprendizagens</strong>, foi que nos interessamos em<br />
analisar o que disseram as <strong>mulheres</strong> <strong>encarceradas</strong> sobre suas trajetórias escolares, procurando<br />
interpretar, através <strong>de</strong>las, as <strong>aprendizagens</strong> e as contribuições oferecidas aos seus<br />
direcionamentos biográficos.<br />
A primeira encarcerada que entrevistamos disse que havia estudado somente até a<br />
quarta série do Ensino Fundamental, tendo repetido por diversas vezes.<br />
Estu<strong>de</strong>i até a 4ª série. Eu não me interessava muito, <strong>de</strong>pois eu ficava<br />
bagunçando, sem querer estudar. Eu nunca me interessava muito pelos<br />
estudos não! Eu era né, Mas <strong>de</strong>pois que eu cheguei na 4ª serie eu me<br />
<strong>de</strong>sinteressei, passei quatro anos repetindo a 4ª serie. Eu tinha interesse,<br />
mas <strong>de</strong>pois eu fui me <strong>de</strong>sinteressando (pausa). Assim, porque às vezes a<br />
gente tinha que passar muito tempo né, trancada, dava uma agonia! Mas,<br />
pior eu tô passando aqui agora né? Trancada direto! (DINÁ, 18 anos).<br />
No contexto brasileiro, a realida<strong>de</strong> vivida por Diná é uma constante. As interpretações<br />
que têm sido dadas para analisar esse fenômeno são as mais diversas. Nos meios escolares, a<br />
culpa pelo fracasso escolar geralmente é atribuída ao aluno e as suas condições físicas,<br />
cognitivas, sociais e psicológicas. Leon e Menezes-Filho (2003, p.418), ao analisar esse<br />
fracasso materializado nos índices <strong>de</strong> reprovação escolar no Brasil, <strong>de</strong> 1984 a 1997,<br />
apontaram alguns dos fatores que contribuem para o <strong>de</strong>sempenho na escola e,<br />
consequentemente, para a ocorrência <strong>de</strong>sse fenômeno. Eles assim afirmaram: