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biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

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Caso não tivesse abandonado aquelas experiências anteriores, teria Diná seguido um<br />

outro caminho? Não temos como respon<strong>de</strong>r a essa questão, mas ela nos serve <strong>de</strong> reflexão para<br />

o que nos apontam Alhei e Dausien (2007) sobre a capacida<strong>de</strong> dos sujeitos <strong>de</strong> serem<br />

construtores ativos <strong>de</strong> suas realida<strong>de</strong>s , ainda que não tenham toda a liberda<strong>de</strong> no processo<br />

<strong>de</strong> construir.<br />

Ao contrário <strong>de</strong> Diná, no segundo caso abaixo, observa-se a opção <strong>de</strong> Isabel por<br />

experiências <strong>de</strong> formação e <strong>de</strong> trabalho em <strong>de</strong>trimento da opção pela experiência<br />

amorosa/conjugal.<br />

Já fui trabalhar <strong>de</strong> frentista por que tinha vaga no posto. Eu fazia pró-jovem<br />

né? [...]. Aí fui atrás <strong>de</strong> emprego e tinha um aviso né, dizendo que<br />

precisavam <strong>de</strong> uma pessoa pra fazer limpeza no posto. [...] meu marido não<br />

queria que eu fizesse pró-jovem não, que eu estudasse não, [...]. Aí eu<br />

peguei me separei <strong>de</strong>le, ele <strong>de</strong>u em mim porque eu fui pra escola. Aí pegou<br />

eu me separei <strong>de</strong>le. Eu digo: Oxe! Quer mandar em mim! Aí eu peguei<br />

meu filho e fui simbora. Aí pronto! Terminei o pró-jovem, ai fui atrás <strong>de</strong><br />

emprego [...]. (ISABEL).<br />

A opção pela experiência <strong>de</strong> formação (através do pró-jovem) e pela busca <strong>de</strong> um<br />

emprego teria sido guiada pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> Isabel <strong>de</strong> ser mulher para si em lugar <strong>de</strong> ser<br />

mulher para o outro (TOURAINE, 2007). Ao que parece, o seu direcionamento biográfico<br />

foi menos influenciado por essa <strong>de</strong>cisão que pela experiência dramática vivida no seu<br />

contexto familiar.<br />

O que disse Isabel sobre sua <strong>de</strong>cisão por romper a relação amorosa em função <strong>de</strong> sua<br />

formação e trabalho revela a imagem positiva que fazia <strong>de</strong>la mesma. É possível que a audácia<br />

<strong>de</strong> sua <strong>de</strong>cisão não tenha sido motivada diretamente pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> participar mais<br />

efetivamente do mundo do trabalho, mas por uma transformação <strong>de</strong> sua vida privada, como<br />

refere Touraine (2007), o que, possivelmente, provocaria transformações em vários outros<br />

domínios da vida.<br />

No terceiro caso exposto abaixo, verifica-se também o domínio da sexualida<strong>de</strong><br />

exercendo influência sobre a vida da entrevistada. A preocupação com o filho (cujo pai era<br />

casado), fruto <strong>de</strong> uma relação amorosa fragilizada, teria levado Judite - que nunca precisou<br />

trabalhar para se manter, a mover-se em direção a sua autonomia financeira. Verifica-se o<br />

surgimento <strong>de</strong> uma nova mulher , ainda que saibamos - pelo que vimos no seu retrato<br />

biográfico, que essa aspiração por autonomia tenha motivado a vivência <strong>de</strong> outras

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