biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
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<strong>de</strong>sejada aos seus filhos em função da falta <strong>de</strong> tempo, já que é obrigada a aceitar trabalhos<br />
precários e com alta carga horária.<br />
Isabel não reflete, em sua narrativa, essas questões ligadas às novas exigências<br />
impostas às <strong>mulheres</strong> da socieda<strong>de</strong> contemporânea e que, possivelmente, teria afetado a sua<br />
mãe. Nesse sentido, ela se coloca como vítima da ausência <strong>de</strong> atenção por parte <strong>de</strong>la, o que<br />
teria favorecido uma socialização <strong>de</strong>ficitária e o seu envolvimento com diversas práticas<br />
<strong>de</strong>lituosas.<br />
Na segunda fala acima exposta, vê-se também uma carência associada à ausência da<br />
mãe. A senhora Madalena <strong>de</strong>screve essa experiência com um elevado grau <strong>de</strong> reflexivida<strong>de</strong>.<br />
Isso se expressa, especialmente, quando ela recorre a um saber <strong>de</strong> fundo biográfico para<br />
narrar [...] experiencias y aspectos contradictorios y resistentes <strong>de</strong> la vida «no vivenciada»<br />
(DAUSIEN, 2007, p. 43), como foi o caso da ausência <strong>de</strong> experiências biográficas com a mãe.<br />
Isso teria marcado profundamente a biografia <strong>de</strong> Madalena e oferecido implicações as mais<br />
diversas, inclusive voltadas às ligações com mundos <strong>de</strong> vida ligados ao crime.<br />
Com a narração das histórias <strong>de</strong> vida completa, três entrevistadas apresentaram<br />
explicitamente as <strong>aprendizagens</strong> que adquiriram no contexto familiar:<br />
Aprendi, que agente tem que respeitar os mais velhos, sempre tem que andar<br />
na linha certa. Só que eu tive duas criação, foi uma criação da minha mãe<br />
<strong>de</strong> criação e outra da minha mãe verda<strong>de</strong>ira. Foi dois mundos assim, duas<br />
mães, dois pensamentos, duas educação, então e isso mexeu muito com<br />
minha cabeça. Minha mãe verda<strong>de</strong>ira me ensinava uma coisa, era mais<br />
rígida, já minha mãe <strong>de</strong> criação era mais boa, era uma pessoa muito<br />
maravilhosa. Quando ela morreu eu sofri <strong>de</strong>mais, foi quando eu me revoltei<br />
quando ela morreu, entrei no mundo das drogas. (ISABEL).<br />
[...], se eu disser que eu aprendi com fulano ... Não eu aprendi quebrando a<br />
cara mesmo! Aprendi no mundo, como diz né? Aprendi no mundo. O que eu<br />
aprendi assim [com aminha mãe] foi a ter uma educação... porque essa<br />
parte ai eu não posso dizer né, que ela nunca me <strong>de</strong>u. Porque ela sempre me<br />
<strong>de</strong>u uma boa educação! Mesmo ela sendo assim um pouquinho rudi. Ainda é<br />
né? [...]. (JUDITE).<br />
[...] eu acho que aprendi bastante, mas eu gostaria <strong>de</strong> ter aprendido mais,<br />
muito mais. Eu acho que a minha mãe sempre teve o potencial pra isso. Ela<br />
nos mostrou muito, nos ensinou muito. Pra mim e pros meus irmãos. Tanto<br />
é que eu posso falar pra você que <strong>de</strong> tudo que [...] eu aprendi com ela eu<br />
transferi, passei isso para os meus filhos sabe? (LIA).