biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
É importante registrar que, para a maioria daquelas <strong>mulheres</strong>, a socialização como<br />
mulher significou uma fixação clara com os roles <strong>de</strong> família<br />
(ALHEIT e DAUSIEN, 2007),<br />
embora tenham oferecido novas possibilida<strong>de</strong>s biográficas diferentes, associadas às ligações<br />
com o mundo do crime.<br />
Sobre isso, Alhei e Dausien (2007, p.39) argumentam:<br />
La situación familiar temprana <strong>de</strong>ja su huella, ciertamente, en la<br />
construcción biográfica <strong>de</strong> un modo visible, pero <strong>de</strong> ningún modo<br />
compromete «la biografía completa». En el curso <strong>de</strong> toda la biografía se<br />
buscan una y otra vez situaciones sociales nuevas (trabajo remunerado,<br />
creación <strong>de</strong> una familia, etc.), y también los «viejos» entornos <strong>de</strong> acción se<br />
modifican, por ejemplo, en el curso <strong>de</strong> los procesos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnización.<br />
O que esses autores procuram alertar é que as <strong>mulheres</strong> contemporâneas, em seu<br />
processo <strong>de</strong> socialização, po<strong>de</strong>m tanto reproduzir os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> <strong>biografias</strong> <strong>de</strong> seus familiares<br />
quanto modificá-los. O segundo caso (que se refere à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> modificação <strong>de</strong>sses<br />
mo<strong>de</strong>los) po<strong>de</strong> resultar das mudanças ocorridas nos seus contextos <strong>de</strong> ação (e isso não<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>las diretamente, mas <strong>de</strong> toda uma estrutura social que se modifica continuamente<br />
em <strong>de</strong>corrência dos processos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização) e da busca individual por experiências novas,<br />
ou por novas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ação, capazes <strong>de</strong> favorecer-lhes um direcionamento biográfico<br />
diferente.<br />
Com a narração das primeiras experiências <strong>de</strong> socialização (na infância e na<br />
adolescência), vividas no interior da família, as entrevistadas já apontam os primeiros indícios<br />
das motivações para as <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>lituosas cometidas, embora eles não representem as suas<br />
justificativas. Da narração da história <strong>de</strong> vida completa, tal como nos sugeriram Alheit e<br />
Dausien (2007), foi que procuramos extrair essas experiências.<br />
Eu não tenho pai não! Mataram em São Paulo. Eu era pequena, não cheguei<br />
a conhecer ele não. E minha mãe saiu <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da casa <strong>de</strong> minha avó, aí eu<br />
não fui morar com ela não, porque eu já era acostumada com minha avó.<br />
Porque ela saiu da casa da sua avó? Assim, não foi ela que saiu da casa da<br />
minha avó, foi a minha avó que se separou do marido <strong>de</strong>la e foi morar com<br />
outro homem né? Aí ela me levou. Então, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> recém-nascida que eu fui<br />
criada com minha avó. (DINÁ).