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biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

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[...] eu trabalhava o dia todo, corria pra casa, tomava banho e estudava à noite (LIA, 47<br />

anos). Quando precisava estudar além do horário da escola, fazia isso no próprio trabalho,<br />

quando sobrava tempo:<br />

Eu levava meus ca<strong>de</strong>rnos pro trabalho, a minha mãe vinha e chamava a<br />

patroa e explicava pra ela o quanto era importante pra mim o estudo. [...],<br />

quando tinha prova eu estudava ali um pouquinho e assim eu ia [...]. Foi<br />

difícil, mas eu digo pra você, foi uma dificulda<strong>de</strong> boa, eu tenho boas<br />

recordações (LIA).<br />

A conciliação das experiências <strong>de</strong> trabalho com o estudo, na vida <strong>de</strong> Lia, segue, então,<br />

<strong>de</strong>ssa maneira. Mesmo em meio às dificulda<strong>de</strong>s para estudar, ela conta que nunca tirou notas<br />

baixas e que nunca repetiu o ano, tendo apenas <strong>de</strong>sistido quando já estava no 2º ano do Ensino<br />

Médio.<br />

A sua adolescência e o início da juventu<strong>de</strong> foram também marcados pela combinação<br />

<strong>de</strong>ssas duas experiências. Ela conta que não tinha tempo para viver outras experiências como:<br />

namorar, paquerar, ir a festas, sair com os amigos etc., o que era muito comum para as<br />

pessoas <strong>de</strong> sua ida<strong>de</strong> na época: [...] na minha adolescência , eu não tive muito tempo pra<br />

isso não, porque eu trabalhava muito<br />

(LIA, 47 anos). O seu lazer, como disse, era o<br />

trabalho, motivo <strong>de</strong> muito orgulho: [...] eu tinha o maior orgulho pra que chegasse o final<br />

do mês, pra que eu pegasse o meu dinheiro pra eu po<strong>de</strong>r dar pra minha mãe<br />

(LIA, 47 anos).<br />

Apesar disso, Lia conta que, certo dia, conheceu aquele que seria seu esposo. Eles<br />

moravam no mesmo bairro, eram vizinhos, o que não é <strong>de</strong> se estranhar, já que as<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se envolver com alguém <strong>de</strong> outro lugar eram mínimas, porquanto quase não<br />

saía <strong>de</strong> casa, a não ser para trabalhar. Em apenas cinco meses, eles namoraram, noivaram e<br />

casaram: [...], a gente só namorou cinco meses. Com cinco meses a gente namorou, noivou e<br />

casou. E aí passamos 17 anos e temos dois filhos (LIA).<br />

Naquela ocasião, Lia tinha seus 19 anos. Com essa ida<strong>de</strong>, ela já havia <strong>de</strong>ixado o<br />

trabalho <strong>de</strong> cozinheira e, com a ajuda do irmão, tinha arranjado um emprego melhor numa<br />

fábrica <strong>de</strong> baralho, trabalhando como cortadora <strong>de</strong> cartas <strong>de</strong> baralho. Passou dois anos nesse<br />

emprego, mas teria saído exatamente em função do casamento e da família, pois teria<br />

engravidado: Depois eu saí <strong>de</strong>ssa empresa, foi quando eu me casei. [...]. Aí eu me casei e<br />

fiquei acho que um ano em casa sem trabalhar<br />

(LIA, 47 anos).

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