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biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

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quis que os filhos <strong>de</strong>ixassem <strong>de</strong> estudar, ao contrário, estipulava-lhes uma rotina que<br />

conciliasse o trabalho e o estudo, sem danos para nenhuma <strong>de</strong>ssas experiências.<br />

[...] estudar e trabalhar, porque pra minha mãe era fundamental, primeiro<br />

estudar, daí ia pra casa, se trocava, almoçava e ia pra roça. De cinco horas<br />

voltava pra casa. De seis e meia a gente já tinha que ta sempre prontinho ali<br />

na mesa, mostrando o ca<strong>de</strong>rno, fazendo a nossa lição a ela ainda exigia<br />

dizendo: não po<strong>de</strong> ter erro né? (LIA).<br />

Lia conta que sua mãe sempre foi muito atenciosa com ela e com os irmãos, no que se<br />

referia ao acompanhamento na escola. Ela disse que, ao contrário <strong>de</strong> muitas mães daquele<br />

lugar e daquela época, a sua observava, diariamente, suas tarefas e visitava a escola com<br />

frequência para saber o andamento dos filhos. Além disso, ela não queria que eles<br />

reproduzissem a sua trajetória nem a <strong>de</strong> seu pai que, por não terem estudado, tiveram poucas<br />

oportunida<strong>de</strong>s na vida: Minha mãe dizia: Eu não estu<strong>de</strong>i, mas eu quero que vocês estu<strong>de</strong>m.<br />

Não quero que vocês sofram amanhã como eu sofro hoje , essas coisas (LIA).<br />

Quando Lia tinha treze anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, o seu irmão mais velho, que já fora para São<br />

Paulo há um ano, em busca <strong>de</strong> melhores condições <strong>de</strong> vida, convida a ela, o irmão e a mãe<br />

para irem morar naquela cida<strong>de</strong>. Ele argumenta, na carta que escreve para a mãe, que lá seria<br />

melhor para eles viverem e que arrumaria um trabalho para a irmã, caso fossem.<br />

Ela, então, segue para São Paulo com o irmão mais novo e a mãe 41 . Lá começa a<br />

trabalhar em um restaurante como cozinheira, enquanto a mãe fica em casa, cuidando dos<br />

afazeres domésticos. Sobre o trabalho que começou a realizar em São Paulo, Lia comenta:<br />

Eu saí da lavoura e fui direto trabalhar <strong>de</strong> cozinheira <strong>de</strong> um minirestaurante.<br />

Até hoje eu brinco muito assim porque as panelas eram maior<br />

que eu, mas eu tinha que ajudar minha mãe. Por que até aí ela não tinha<br />

ganhado nada, era tudo comigo e com meu irmão. Então eu trabalhei muito!<br />

A trajetória biográfica <strong>de</strong> Lia, em São Paulo, começa com muita responsabilida<strong>de</strong>,<br />

pois ela e o irmão passaram a ser os únicos provedores da família. Mesmo nessas<br />

circunstâncias, ela continua os estudos por meio <strong>de</strong> uma rotina bem sacrificada, como conta:<br />

41 Registre-se que uma das irmãs <strong>de</strong> Lia teria ficado em Montes Claros e constituído família e, naquele período<br />

em que eles foram para São Paulo, ela morava em Belo Horizonte com o esposo e a família.

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