biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
fique com minha filha aí que eu venho já! . Foi, e até hoje...!<br />
(MADALENA).<br />
Percebemos, durante a narração, que esse ocorrido na vida <strong>de</strong> Madalena impactou tanto a<br />
construção da sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> quanto da sua sociabilida<strong>de</strong>. Foi ele, portanto, o responsável por<br />
uma série <strong>de</strong> experiências e <strong>aprendizagens</strong> que Madalena teve ao longo da vida.<br />
Relatando algumas <strong>de</strong>las, ela se lembra da experiência que viveu com a mulher que a<br />
criou, ou seja, a experiência que apren<strong>de</strong>u nessa convivência, a <strong>de</strong> roubar. Conta que apren<strong>de</strong>u<br />
a <strong>de</strong>senvolver essa prática <strong>de</strong>lituosa quando acompanhava essa mulher aos locais em que ela<br />
roubava: Ela ia pras lojas e eu ficava mais ela ajudando a tirar perfume, essas coisas nas<br />
lojas. [...] mas ela não mandava não, eu via ela fazendo aí eu aprendi (MADALENA).<br />
A aprendizagem <strong>de</strong> Madalena, nesse caso, ocorreu por observação da prática <strong>de</strong>lituosa<br />
cometida por quem a havia criado até certa ida<strong>de</strong>.<br />
Sobre as pessoas do contexto em que viveu, Madalena conta que estabeleceu ótimas<br />
relações <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>, principalmente <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter fugido da casa da vizinha que a criou, para<br />
a casa das amigas, que moravam na Rua da Areia - localizada no <strong>Centro</strong> Histórico da cida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> João Pessoa, embaixo <strong>de</strong> uma ponte. Foi com elas que Madalena <strong>de</strong>u início à sua vida <strong>de</strong><br />
dançarina, garçonete e prostituta <strong>de</strong> boates, únicas ativida<strong>de</strong>s profissionais exercidas durante<br />
toda a vida, além do roubo.<br />
Pouco antes <strong>de</strong> viver essas experiências com as amigas, Madalena dá início ao seu<br />
itinerário amoroso. Ela estava com treze anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> quando teve o primeiro namorado.<br />
Conta que, em pouco tempo <strong>de</strong> namoro, ele foi morto por motivos ligados ao seu<br />
envolvimento com o crime.<br />
Passado um tempo <strong>de</strong>sse ocorrido, ela conheceu outra pessoa, a quem passou a<br />
namorar. Esse, segundo ela, era <strong>de</strong> família mais ou menos , funcionário público, não tinha<br />
qualquer envolvimento com o mundo do crime e gostava muito <strong>de</strong>la. Depois <strong>de</strong> dois anos<br />
juntos, o namoro teria acabado porque ela resolveu fugir <strong>de</strong>le para ficar livre para viajar pelo<br />
interior da Paraíba, com suas amigas, conhecendo as boates e se tornando conhecidas no<br />
Estado como dançarinas. Ali ela começa a trajetória que <strong>de</strong>sembocou na sua prisão.<br />
Ela conta que gostava muito do que fazia e que valia a pena o seu trabalho, do ponto<br />
<strong>de</strong> vista econômico, pois a remuneração era boa e não tinha qualquer atraso no seu<br />
recebimento. Conta ainda que, com ele, garantia o seu sustento e, ainda por cima, alimentava<br />
a sua vaida<strong>de</strong> <strong>de</strong> andar chique e arrumada e <strong>de</strong> ter o que é bom . Confessa que, por não<br />
gostar <strong>de</strong> ter que ir para a cama com qualquer cliente, preferindo dançar e fazer striptease,<br />
colocava um preço alto pelo seu serviço , na tentativa <strong>de</strong> que os que não lhe agradavam,<br />
<strong>de</strong>sistissem.