19.04.2013 Views

biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

experiência <strong>de</strong> prisioneira teria lhe <strong>de</strong>spertado a inspiração para a poesia e para a narração <strong>de</strong><br />

sua história como presa.<br />

A escrita <strong>de</strong> poemas e <strong>de</strong> outros textos é o que tem ocupado as horas vagas <strong>de</strong> Judite<br />

no presídio. Além <strong>de</strong> estudar e trabalhar nesse lugar, ela tem reservado tempo para escrever<br />

sobre suas experiências (tristes e alegres) no presídio, e incentivado suas amigas prisioneiras a<br />

fazerem o mesmo, objetivando, com isso, reunir os <strong>de</strong>poimentos numa segunda publicação <strong>de</strong><br />

um livro.<br />

Ao final da narração, Judite revela os sonhos que tem cultivado <strong>de</strong>ntro da prisão para<br />

quando <strong>de</strong> lá sair, que são: cuidar da sua filha e da sua mãe, sem mais se envolver nesse<br />

mundo, e ser reconhecida nos seus escritos, tornando-se, quem sabe, uma gran<strong>de</strong> escritora.<br />

4.1.4 Retrato biográfico <strong>de</strong> Madalena<br />

Madalena é uma mulher vaidosa, tem 40 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e dois filhos jovens que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a infância, foram criados pelo pai em outra região do país. Nascida na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> João Pessoa,<br />

ela conta que, na infância, viveu mais na rua e que não tinha um lugar certo para morar. Sem<br />

pai nem irmãos, foi abandonada pela mãe <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os nove anos. Ela conta que foi morar com<br />

uma vizinha e com ela ficou até os quinze anos, quando fugiu para a casa <strong>de</strong> amigas com<br />

quem começou a vida na prostituição e, posteriormente, no crime.<br />

À prisão ela teria chegado por ter cometido um furto numa loja <strong>de</strong> supermercado. Pela<br />

natureza do crime, ela conseguiu ficar em regime semiaberto, mas retornou ao regime<br />

fechado, por não ter, certo dia, retornado ao presídio como <strong>de</strong>veria, o que <strong>de</strong>u a enten<strong>de</strong>r que<br />

teria fugido. A entrevistada está há mais <strong>de</strong> um ano na prisão e, atualmente, espera novamente<br />

po<strong>de</strong>r cumprir sua pena, <strong>de</strong> cinco anos e seis meses, em regime semiaberto.<br />

A marca principal do retrato biográfico <strong>de</strong> Madalena é a ausência <strong>de</strong> uma referência<br />

familiar. Em sua narrativa, isso se tornou evi<strong>de</strong>nte em todas as etapas da vida narradas. Logo<br />

no início da narrativa, essa carência foi evi<strong>de</strong>nciada: Eu não tenho nem família, não tem nem<br />

por on<strong>de</strong> ninguém se lembrar mais <strong>de</strong> mim (MADALENA). Ela revela, ainda, que o que<br />

mais marcou a sua infância foi a sauda<strong>de</strong> que teve da mãe que a abandonou, que sempre quis<br />

muito tê-la ao seu lado e que morria <strong>de</strong> inveja das amigas, cujas mães conviviam com elas.<br />

De acordo com Madalena, sua mãe era mulher da vida , trabalhava em boate para se<br />

sustentar. Ela a teria abandonado sem <strong>de</strong>ixar nenhum rastro, quando estava com nove anos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>. Saiu <strong>de</strong> casa pedindo a vizinha que ficasse com ela enquanto voltava e não apareceu<br />

mais: [...] minha mãe ela, eu tava com 9, 10 anos quando ela fugiu. Ela disse à vizinha:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!