biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
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Atualmente, mesmo já tendo concluído essa etapa da Educação Básica, Isabel participa<br />
das ativida<strong>de</strong>s educativas existentes <strong>de</strong>ntro do presídio, na tentativa <strong>de</strong> reduzir a sua pena<br />
pelos dias estudados. Seria o caso <strong>de</strong> estar cursando o Ensino Médio, mas esse nível <strong>de</strong><br />
escolarida<strong>de</strong> não vem sendo oferecido naquele presídio, talvez pelo fato <strong>de</strong> a maioria das<br />
internas não ter concluído sequer o Ensino Fundamental ou por serem analfabetas, como<br />
vimos nos dados estatísticos que apresentamos.<br />
Em relação à experiência <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> Isabel (como empregada doméstica), ela conta<br />
que foi a partir dos 11 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> que viveu essa experiência, mas que isso não lhe teria<br />
prejudicado a infância, uma vez que, mesmo fazendo toda a arrumação da casa, trabalhava<br />
somente pela manhã, alternando o outro horário com o estudo e com as brinca<strong>de</strong>iras próprias<br />
da infância naquele contexto em que vivia. A dona da casa on<strong>de</strong> trabalhava (que frequentava<br />
uma igreja evangélica), segundo Isabel, era atenciosa e <strong>de</strong>monstrava preocupação com o seu<br />
direcionamento biográfico, <strong>de</strong>vido à situação <strong>de</strong> abandono em que a via. Portanto, ainda que<br />
usufruísse<br />
do trabalho <strong>de</strong> Isabel, não lhe exigia tanto. Ao contrário disso, ela a incentivava<br />
nos estudos e dava-lhe conselhos sobre os diversos temas da vida.<br />
A preocupação com Isabel também levou a dona da casa a incentivá-la a se tornar<br />
evangélica, acreditando que isso minimizaria os riscos do seu envolvimento com o mundo da<br />
marginalida<strong>de</strong>. Dessa feita, Isabel tornou-se evangélica e permaneceu como tal, durante mais<br />
<strong>de</strong> três anos.<br />
Fui evangélica por mais três anos. Eu comecei por influência, porque<br />
convivia muito lá na casa da mulher que me ajudava, [...]. Sempre me<br />
ajudava, sempre me ajudava. E ela era evangélica e só eu é que era<br />
católica. [...], aí ela sempre me incentivou, me dava bíblia, a palavra, e eu vi<br />
assim que ela era tão boa pra mim que <strong>de</strong> tanto ela me pedir, assim pra mim<br />
ser evangélica que eu peguei entrei na igreja. [...] passei uns quatro anos e<br />
<strong>de</strong>pois saí. (Isabel, 21 anos).<br />
Não somente por esse motivo, mas foi logo <strong>de</strong>pois que Isabel saiu da casa on<strong>de</strong><br />
trabalhava, abandonando também a referida experiência religiosa, e pouco tempo <strong>de</strong>pois da<br />
morte da sua mãe <strong>de</strong> criação, que ela começou a se relacionar com pessoas ligadas ao mundo<br />
do crime. Ela teria passado quatro anos morando nessa casa e, quando saiu <strong>de</strong> lá, <strong>de</strong>u início à<br />
sua trajetória <strong>de</strong>lituosa, conforme relata: [...] quando eu saí, eu me envolvi com gente<br />
errada. Aí pra me sustentar eu tive que começar a ven<strong>de</strong>r drogas (ISABEL, 21 anos).