biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
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violentos da capital paraibana, e cujas ocupações ocorrem em áreas ambientalmente frágeis<br />
(beira <strong>de</strong> córregos, rios e reservatórios). Lima (2004) retrata melhor esse contexto:<br />
[...] com aproximadamente 13000 habitantes, é um bairro com características<br />
<strong>de</strong> favela, ocupação <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada e em áreas <strong>de</strong> risco ambiental, precarieda<strong>de</strong><br />
das moradias, insalubrida<strong>de</strong>, sem espaços <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>, alta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />
construtiva e condições <strong>de</strong> habitabilida<strong>de</strong> inalcançáveis.<br />
Além <strong>de</strong> viver em um contexto precário e violento e com todas as características acima<br />
mencionadas, que, a nosso ver, ampliam as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> entrada dos sujeitos no mundo<br />
da marginalida<strong>de</strong>, Isabel teve uma experiência familiar dramática. Sem pai e sem irmãos, ela<br />
conta que, no começo da sua infância, a sua mãe a doou a uma senhora do mesmo bairro,<br />
alegando falta <strong>de</strong> tempo, e a tomou <strong>de</strong> volta várias vezes.<br />
Minha mãe me teve, me <strong>de</strong>u a outra mulher, aí <strong>de</strong>pois tomou, aí me <strong>de</strong>u <strong>de</strong><br />
novo, aí ficou. [...] Aí fiquei com ela até os sete anos, quando eu tava na<br />
escola ela (a mãe biológica) me tomou. trabalhava muito nunca teve<br />
tempo para mim. [...] Aí ficou nessa: me tomando, me dando, me tomando<br />
me dando! Aí fui morar com minha mãe <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> vez, aí <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um<br />
tempo, ela faleceu (ISABEL).<br />
A senhora a quem ela foi doada (que nunca havia tido uma filha mulher), como conta,<br />
já vinha observando, há algum tempo, a situação <strong>de</strong> abandono em que vivia Isabel em sua<br />
casa. Por causa disso, sentiu-se motivada e resolveu propor à mãe <strong>de</strong> Isabel que a <strong>de</strong>ixasse<br />
criá-la. Sem muito sinal <strong>de</strong> preocupação, conforme relatou a entrevistada, a mãe <strong>de</strong> Isabel<br />
aceitou a proposta e entregou a filha para ser criada por essa senhora.<br />
Quando ela já havia se adaptado à segunda mãe, estando bem cuidada e tendo iniciado<br />
o processo <strong>de</strong> escolarização, a mãe legítima<br />
<strong>de</strong>ci<strong>de</strong> tomá-la <strong>de</strong> volta, <strong>de</strong>volvendo-a pouco<br />
tempo <strong>de</strong>pois. Isabel vive, portanto, nesse período, uma experiência <strong>de</strong> vida, que po<strong>de</strong>ria vir a<br />
ser comprometedora para o seu processo <strong>de</strong> formação (pessoal e social), <strong>de</strong>vido aos dois<br />
mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> educação recebidos e às <strong>aprendizagens</strong> adquiridas pelas duas mães, como relata: