biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
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Diná conheceu o seu parceiro, que seria o pai da sua filha, três anos <strong>de</strong>pois da sua<br />
primeira experiência amorosa. Com pouco tempo <strong>de</strong> namoro, apenas três meses, resolveram<br />
morar juntos, em um local próximo à casa <strong>de</strong> sua avó em Bayeux. Logo em seguida, Diná<br />
engravidou.<br />
O parceiro, conforme narrou, era envolvido com o mundo do crime: Ele vivia no<br />
tráfico, cometia homicídio<br />
(DINÁ). Destarte, associamos o seu envolvimento nesse mundo<br />
com o relacionamento que tivera com ele. Diná, porém, alegou não existir associação direta<br />
nesse sentido, afirmando que não sabia explicar o motivo que a levou a tal empreendimento:<br />
[...] até hoje eu num sei por que eu fiz esse negócio não! Não sei como foi, se você me<br />
perguntar como foi eu não sei<br />
(DINÁ, 18 anos).<br />
No <strong>de</strong>correr da narração, no entanto, ela justificou a ação <strong>de</strong>lituosa cometida,<br />
associando-a à convivência conflituosa com o parceiro. Assim, o dinheiro que receberia com<br />
o assalto realizado, segundo ela, iria servir para retornar à casa da sua família e para se libertar<br />
da condição <strong>de</strong> opressão e <strong>de</strong> violência que vivia junto com o parceiro. Esse foi o motivo,<br />
segundo Diná, que fez com que ela aceitasse a proposta <strong>de</strong>lituosa sugerida por uma amiga.<br />
Depois que realizou o <strong>de</strong>lito, conseguiu fugir e ficou foragida da polícia em João Pessoa, on<strong>de</strong><br />
tinha passado a morar. Nesse tempo, o marido já havia sido preso por força <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>núncia,<br />
e ela, contrariando o que disse sobre o motivo <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>lito e correndo risco <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scoberta,<br />
passa a visitá-lo na <strong>de</strong>legacia: Eu fui visitar ele, eu tava levando as coisas pra ele (DINÁ, 18<br />
anos). Numa <strong>de</strong>ssas visitas, ela acabou sendo i<strong>de</strong>ntificada/reconhecida por um policial e presa<br />
logo em seguida.<br />
Na prisão, ela conta que tem vivido maus bocados , <strong>de</strong>vido aos problemas <strong>de</strong><br />
convivência com as <strong>de</strong>mais <strong>encarceradas</strong>, às limitações estruturais do contexto e à própria<br />
situação <strong>de</strong> encarceramento. Há mais <strong>de</strong> um ano vivendo na prisão, sem ainda ter sido<br />
julgada, ela caracteriza esse lugar como a faculda<strong>de</strong> da malandragem<br />
recuperar os sujeitos nele internos, ensina-lhes a a<strong>de</strong>ntrar nele ainda mais.<br />
4.1.2 Retrato biográfico <strong>de</strong> Isabel<br />
que, ao invés <strong>de</strong><br />
Isabel é uma jovem espirituosa, <strong>de</strong> 21 anos, solteira, mãe <strong>de</strong> um filho, fruto <strong>de</strong> uma<br />
relação conjugal conflituosa, cujo parceiro era envolvido com práticas criminosas e que, por<br />
esse motivo, também estava preso. A entrevistada é natural <strong>de</strong> João Pessoa, tendo vivido,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância até o seu encarceramento, no Bairro São José, consi<strong>de</strong>rado um dos mais