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biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

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Minha mãe saiu <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da casa <strong>de</strong> minha avó, aí eu não fui morar com<br />

ela não, porque eu já era acostumada com minha avó. Porque ela saiu da<br />

casa da sua avó? Assim, não foi ela que saiu da casa da minha avó, foi a<br />

minha avó que se separou do marido <strong>de</strong>la e foi morar com outro homem né?<br />

Aí ela me levou. Então, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> recém-nascida que eu fui criada com minha<br />

avó. (DINÁ)<br />

Observe-se, nesse relato, a associação da biografia <strong>de</strong> Diná com outras <strong>biografias</strong><br />

femininas, cujos retratos também vão se <strong>de</strong>svelando à medida que ela narra a sua biografia.<br />

Isso reforça a nossa compreensão sobre a construção biográfica que, segundo Alheit e<br />

Dausien (2007, p.35), é compreendida como uma construção social, [... ] producto <strong>de</strong><br />

procesos sociales <strong>de</strong> interacción .<br />

Foi nesse processo <strong>de</strong> construção social e <strong>de</strong> interação com as pessoas <strong>de</strong> seu contexto<br />

que Diná conheceu, aos 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, numa quadrilha junina que dançava em seu bairro,<br />

o primeiro namorado, com quem teve a primeira relação sexual. Essa experiência amorosa,<br />

no entanto, não se prolongou, <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>cisão que ele já havia tomado, antes <strong>de</strong> começarem<br />

o relacionamento, <strong>de</strong> ir embora para Brasília em busca <strong>de</strong> melhores condições <strong>de</strong> vida. Em sua<br />

narrativa, ela lembra que o namorado pediu-lhe que o esperasse, pois ele iria buscá-la para<br />

casar, assim que estivesse mais bem estruturado: Assim, porque ele buliu comigo e no tempo<br />

que ele buliu comigo ele foi simbora pra Brasília. Aí só que ele disse que vinha me buscar<br />

com o tempo. Só que quando ele veio me buscar eu tava com outro (DINÁ).<br />

Refletindo essa experiência durante a narrativa, a própria Diná <strong>de</strong>clara que, se tivesse<br />

esperado o namorado retornar, possivelmente não estaria on<strong>de</strong> estava hoje (na prisão).<br />

Eu tinha 12 anos mulher! Nem pensava em nada, porque se eu tivesse<br />

pensado eu tinha esperado [...] né? Aí se ele tivesse vindo me buscar eu<br />

tinha casado, talvez hoje eu não tava nessa vida que eu tô não é?<br />

Essa realida<strong>de</strong>, inscrita na história <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> Diná, revela a força da índole<br />

particular/subjetiva <strong>de</strong> uma biografia, e a lógica individual que um sujeito po<strong>de</strong> oferecer ao<br />

seu percurso biográfico, mesmo diante <strong>de</strong> estruturas sociais e <strong>de</strong> contextos culturais<br />

<strong>de</strong>sfavoráveis, tal como <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m Alheit e Dausien (2007) em sua teoria.<br />

Assim, a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> Diná <strong>de</strong> não esperar o retorno do namorado dá sequência a uma<br />

série <strong>de</strong> experiências <strong>de</strong> vida propiciadoras da continuação do seu itinerário biográfico, no

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