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A Condessa Vésper - Unama

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www.nead.unama.br<br />

Às sete horas da noite veio o jantar que Melo encomendara a um hotel, e os<br />

dois rapazes, à luz do gás, comeram e beberam intimamente, como se foram velhos<br />

camaradas.<br />

Gabriel tornava-se expansivo, palrava com entusiasmo da sua amante; mas<br />

pedia reserva ao outro. Era necessário que não se falasse nisso por aí!...<br />

Melo prometia e mostrava-se interessado, como se tratasse da sua própria<br />

felicidade.<br />

Ah! ele haveria de aparecer... Não! que umas certas pândegas queria ele<br />

mesmo organizar!<br />

E, todo cheio de intenções, de projetos, de planos de prazer, falava de<br />

cousas ruidosas, alegres, retumbantes de riso e champanha. Lembrava no gênero<br />

ceias esplêndidas, de grandes orgias, de cuja iniciativa lhe cabia a glória, e citava,<br />

com assombro, nomes de famosas mulheres e libertinos célebres do Rio de Janeiro.<br />

Três dias depois, dirigia Gabriel à Ambrosina um bilhete, declarando:<br />

"Está tudo pronto; só falta a tua presença".<br />

E por galanteria, escreveu embaixo: — "Amo-te! Vem!"<br />

CAPÍTULO XXI<br />

ESPÓLIO DO COMENDADOR<br />

Genoveva, no outro dia, deu por falta da filha.<br />

Ambrosina deixara sobre a cama um cartão seu com as seguintes palavras:<br />

"Se me desejar ver, pode procurar-me nas Laranjeiras, rua tal, n. tal". Dizia o<br />

número da casa e o nome da rua.<br />

A pobre mãe esteve por perder a cabeça. Pois seria concebível que<br />

Ambrosina lhe fugisse, daquela forma, de casa?!...<br />

Vestiu-se, saiu, tomou um tilburi, e deu ao cocheiro o número indicado.<br />

Veio abrir uma francesa:<br />

— Voulez-vous parler à madame? perguntou esta, Genoveva abaixou os<br />

olhos e disse:<br />

— Quero falar à minha filha...<br />

A francesa retirou-se, e voltou logo para abrir a sala.<br />

A viúva do comendador sentiu-se constrangida em meio da opulência<br />

arrebicada e impudica daquela instalação; tapetes, móveis, quadros, tinha tudo um<br />

certo caráter leviano, certo ar de vida de atriz moça e bonita, que tresandava a<br />

escândalo.<br />

Daí a pouco apareceu Ambrosina. Vinha um tanto abatida, porém de bom<br />

humor.<br />

— Então o que quer dizer tudo isto?! perguntou-lhe a mãe.<br />

— O que vê!...<br />

— Mas com quem moras aqui?<br />

— Com Gabriel.<br />

— Teu amante!...<br />

— Sim, porque não pode ser meu marido.<br />

— E por que então não te casaste com ele?<br />

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