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A Condessa Vésper - Unama

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www.nead.unama.br<br />

— Devagar!... opôs-lhe a rapariga, safando-se-lhe das mãos. E se continua<br />

desse modo, previno-o desde já que me retiro. Se quiser que fique, há de respeitarme<br />

como até agora!<br />

— Mas...<br />

— Não admito réplica! Autorizei-o a vir cá, porque o amo, como lhe disse;<br />

tanto que estou resolvida a mudar de situação. Mas, antes de tudo, quero saber<br />

quais são as suas intenções a meu respeito...<br />

— De concordar com tudo o que lhe parecer.<br />

— Então, pensemos maduramente: Eu o amo, e uma vez que descobri este<br />

segredo, que me não devia escapar dos lábios, confesso que só ao senhor amei até<br />

hoje, e que me seria muito penoso ter de esconder para sempre semelhante amor...<br />

— Minha Ambrosina!...<br />

— Espere! disse ela, afastando a mão de Gabriel prestes a empolgar-lhe a<br />

cintura, e retomou friamente o fio das suas considerações. Infelizmente, porém, não<br />

nos podemos unir pelos laços legais, porque sou casada; estou, entretanto,<br />

resolvida a esquecer totalmente a peste de meu marido, rejeitar a mesada que em<br />

nome dele me dá o curador....<br />

— E...<br />

— E fazer-me sua. Quer?<br />

— Se quero, meu amor!...<br />

— Pois bem; nesse caso, procure uma boa casa onde possamos esconder<br />

decentemente a legalidade da nossa ternura, prepare-a com o luxo e conforto<br />

correspondentes à minha educação: e se estiver o senhor, além disso, resolvido a<br />

fazer por mim os sacrifícios que faria se fosse meu marido, serei sua, inteiramente<br />

sua, para toda a vida. Serve-lhe?...<br />

— Se me serve!...<br />

— Então, é tratar da casa; pronta esta, eu o acompanharei.<br />

— Obrigado! obrigado! disse Gabriel num transporte de alegria. Como sou<br />

feliz! Deixe dar-lhe um abraço!<br />

— Não! por ora... nada! Vá-se embora.<br />

— Suplico!<br />

— Nada! nada!<br />

— Então, meu anjo?!...<br />

— Solte-me! ou desisto de tudo o que disse!<br />

— Má!<br />

— Adeus, adeus.<br />

— Ingrata!<br />

— Está bom! Tome lá um beijo, mas é dá-lo e pôr-se a caminho!<br />

E Ambrosina estendeu os lábios ao futuro amante, que se precipitou sobre<br />

eles como se os fora devorar.<br />

— Está bem! Basta! disse ela... até à volta.<br />

E desapareceu.<br />

Ele saiu de lá quase a correr, mal acompanhando todavia a andadura do seu<br />

coração, que galopava.<br />

O resto da noite passou-o todo a pensar, a sonhar com os deslumbramentos<br />

da sua futura existência de amor.<br />

Gaspar demorava-se em Petrópolis.<br />

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