19.04.2013 Views

A Condessa Vésper - Unama

A Condessa Vésper - Unama

A Condessa Vésper - Unama

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

www.nead.unama.br<br />

— Adeus, disse Gabriel, colhendo um ramo de miosótis. Olhe, leve estas<br />

flores, para se lembrar de mim.<br />

quarto.<br />

Eugênia recolheu as flores ao seio, e retirou-se pensativa e triste.<br />

Entretanto, Ambrosina presenciava esta cena por detrás das gelosias de seu<br />

— Miserável! disse consigo mesma, num sobressalto de ciúmes. E eu que<br />

supunha que ele só a mim amasse!...<br />

Aquele procedimento de Gabriel a revoltava e lhe doía por dentro como a<br />

mais negra das traições.<br />

— Correspondem-se? Pois não hão de amar-se, que o não quero eu!<br />

protestou ela de si para si.<br />

CAPÍTULO XIX<br />

AMO-TE! VEM!<br />

Mas na semana seguinte, um novo desastre veio revolucionar ainda uma<br />

vez a casa. O comendador caíra prostrado por uma congestão cerebral, que lhe<br />

punha em risco a existência.<br />

Andavam todos aturdidos. Ambrosina apresentava grande palidez,<br />

acompanhada de suspiros e olhares desesperançados. O comendador ia de mal a<br />

pior. Voltou logo a fazer-lhe companhia a família do negociante inglês. Do Reguinho<br />

e do Melo Rosa é que ninguém sabia dar notícias. Genoveva, essa conservava<br />

sempre a mesma inerte e carnuda resignação.<br />

— Doutor, dizia o enfermo a Gaspar; não me abandone... O senhor não<br />

imagina a fé que me inspira!... Oh! incontestavelmente há intervenção da<br />

Providência em tudo isto!... Quem poderia calcular que eu viesse a ter, à cabeceira<br />

da minha cama, o filho do honrado velho que persegui tão covardemente durante a<br />

vida?... O Providência, acredito agora em teus desígnios!<br />

— Bem! mas não esteja a mortificar-se... aconselhou o Médico Misterioso.<br />

— Oh! o senhor deve estar plenamente vingado!... volveu o outro; salvou<br />

minha filha, e faz agora por também me salvar a mim... Fui mau! fui bastante mau;<br />

hoje, porém, arrependo-me de tudo, e principalmente de não haver protegido o<br />

casamento de seu enteado com Ambrosina... Tenho medo de morrer em semelhante<br />

situação!... Eram-me necessários mais alguns anos de vida, para poder deixar<br />

minha família amparada... O doutor não faz idéia do péssimo estado de meus<br />

negócios!<br />

— Quem, ou o que, lhe fala agora em morrer, homem de Deus?..<br />

— Nem eu sei!... mas sinto-me mal... falta-me já a memória... faltam-me até<br />

as palavras!... nem me lembra o que fiz hoje! Repare como tenho a língua presa...<br />

Só me lembro das maldades que cometi!...<br />

Gaspar animava-o, dizia-lhe palavras consoladoras; mas o doente sacudia a<br />

cabeça com desânimo e fechava os olhos, gemendo.<br />

83

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!