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A Condessa Vésper - Unama

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www.nead.unama.br<br />

Alguém foi para o piano e cantou; dançou-se depois nova quadrilha, depois<br />

uma valsa. E os dois conversavam ainda no terraço.<br />

Gabriel arquejava.<br />

Entretanto, o belo par de Ambrosina levantou-se, e conduziu pelo braço a<br />

sua dama para o jardim.<br />

Gabriel espichou o pescoço, e viu afastarem-se os dois, a passo<br />

descansado, por entre as árvores frouxamente tocadas de luz. Havia iluminação em<br />

torno das estátuas e dos floridos canteiros.<br />

O venturoso par ia desaparecendo cada vez mais.<br />

Só Gabriel percebia ainda, de vez em quando, o vulto indeciso de<br />

Ambrosina, que alvejava por entre as moitas de roseiras.<br />

Não se pôde conter por mais tempo; apeou-se do carro, com a necessária<br />

cautela para não acordar o padrasto que dormia sobre as almofadas, e daí a pouco<br />

penetrava no jardim do comendador por um portão que havia aos fundos da casa.<br />

Ambrosina assentara-se afinal com o seu invejado par debaixo de um<br />

caramanchão; Gabriel, donde estava podia observá-los à vontade.<br />

Falavam de amor os dois. Ela enlevada, e ele cheio de entusiasmo; o<br />

casamento entrava na conversação como assunto já resolvido.<br />

— És minha vida! dizia o rapaz; és toda a minha esperança! Ardia por tornar<br />

a ver-te!<br />

— Leonardo! murmurou Ambrosina. Olha que nos podem ouvir, meu amor...<br />

— E a mim que importa? Não tenciono porventura ligar o meu destino ao<br />

teu? Não és quase minha esposa, ou mudarias tu de intenção durante a nossa<br />

ausência?<br />

— Bem sabes que não, mas é que ainda somos apenas noivos, e tu me<br />

perturbas com essas palavras!...<br />

— Não me recrimines, amada de minh’alma! Há tanto tempo que não<br />

estávamos a sós!... deixa que aproveite estes fugitivos instantes para te falar de<br />

nossa felicidade.<br />

E Leonardo, puxando para si Ambrosina, passou-lhe o braço na cintura.<br />

Ouviu-se em seguida estalar um beijo. Um? não; era a harmonia de dois: o<br />

dele e o dela.<br />

Gabriel, com um doido arranco, afastou a moita de roseiras que lhe ficava<br />

em frente, e de chofre se precipitou entre ambos.<br />

— Miseráveis! exclamou.<br />

Houve nos dois amantes um espasmo de surpresa. Ambrosina em seguida<br />

soltou um grito, fugiu para a sala.<br />

— Quem é o senhor?! perguntou Leonardo, medindo.<br />

— Sou o homem que ama aquela mulher! respondeu este, pálido de raiva.<br />

— O homem não: a criança! Já tinha noticias suas. Chama-se Gabriel, é<br />

rico, deseja casar com Ambrosina e...<br />

— E não meço obstáculos quando quero realizar qualquer cousa!<br />

— Bem; mas nada disso o habilita para dizer-me insolências. Chamo-me<br />

Leonardo Pires de Andrade, há muito amo Ambrosina; não sou tão rico como o<br />

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