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A Condessa Vésper - Unama

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www.nead.unama.br<br />

Marmelada meneou afirmativamente a cabeça num desânimo sombrio.<br />

O outro acrescentou:<br />

— Pois tenho um emprego às tuas ordens. É negociozinho para de pronto<br />

meteres na algibeira um bom par de notas de cem! Estou convencido de que não me<br />

recusarás!...<br />

O rosto lívido do Marmelada iluminou-se de um clarão de esperanço.<br />

— Um emprego?! interrogou ele, acompanhando ansioso os movimentos do<br />

Reguinho.<br />

— Por ora, tens duzentos mil-réis por mês... disse este; não te podemos dar<br />

mais... Porém em breve ganharás o duplo e terás interesse na empresa!...<br />

Alfredo ouvia estas palavras como se despertasse ao toque de uma alvorada<br />

celestial.<br />

— Pois sim! pois sim! balbuciava o infeliz; mas do que se trata?<br />

— É uma empresa que estou criando com meu pai...<br />

O nome do pai era quase sempre o fiador das patranhas do Reguinho.<br />

Ainda te não posso dizer abertamente qual o fim da nossa empresa, ajuntou<br />

este; mas descansa, que a cousa é decente e lucrativa. Sabes que o velho não se<br />

meteria, se o negócio me ficasse mal!... Enfim, meu Bessa, seremos três: ele, eu e<br />

tu. O velho fornece os cobres, eu agencio cá por fora os nossos interesses, e tu te<br />

encarregas do escritório e da caixa, farás férias aos empregados, serás o gerente.<br />

Hein? serve-te? Espero que me não digas não!<br />

— Ao contrário! já te não largo! Ó meu Deus, foi uma fortuna encontrar-te!<br />

Vou daqui ao Raposo, dizer-lhe que em breve principio a dar-lhe por mês alguma<br />

cousa por conta do que lhe devo, mandarei depois fazer um fato, que este é uma<br />

vergonha!..<br />

— Um fato! Havemos de fazer o diabo! dizia o Reguinho em ar de mistério.<br />

— Queremos dinheiro, sebo! tu entras só com o teu serviço. Quer-se é zelo e<br />

inteligência!... Quanto a considerações e escrúpulos — nada! Tudo para o fundo da<br />

gaveta! Queremos dinheiro, sebo!<br />

Lima!<br />

Mas afastou-se, correndo atrás de um sujeito que passava na ocasião.<br />

— Até logo! gritou para o Marmelada. Preciso falar àquele rapaz. Ó Lima! Ó<br />

E desapareceu.<br />

Alfredo não pôde seguir logo, tão grande comoção se havia dele apoderado.<br />

Entretanto, tudo o que dissera o Rêgo não tinha o menor fundamento.<br />

O outro tipo a apontar da roda do comendador Moscoso, era Melo Rosa;<br />

moço da mesma idade do Reguinho. Vivia este da esperança de umas tantas peças<br />

dramáticas que havia de escrever com muito talento, desde que tivesse de seu um<br />

bom bocado de tempo.<br />

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