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A Condessa Vésper - Unama

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www.nead.unama.br<br />

meu trabalho, tratava da vida e da educação de uma órfã, que eu havia tomado à<br />

minha conta.<br />

— Diga-me uma cousa, interrompeu Gustavo; esse Alfredo, de que fala a<br />

senhora, não foi retratado depois de morto?...<br />

— Foi, porém muito mal; por um moço, que um freguês nosso nos levou à<br />

casa. Ficou uma borracheira...<br />

— Bem; mas o que é feito daquela menina de olhos vivos, que por essa<br />

ocasião estava em sua companhia!... Aquela, a quem o moço do retrato prometeu<br />

retratar igualmente?...<br />

— Estela! Pois essa é que é a minha pupila; mas como sabe o senhor<br />

disso?...<br />

— É cá por uma cousa... Vamos adiante.<br />

— Essa menina ia ver-me de vez em quando, mas era interna no colégio das<br />

irmãs de caridade em Botafogo. Eu dava-lhe uma pensão com o aluguel da casinha<br />

do Engenho Novo, porém há quatro meses que as cousas mudaram inteiramente de<br />

figura, há quatro meses que não pago a pensão; a diretora escreveu-me várias<br />

cartas, prevenindo que me ia remeter a pequena; eu não tenho onde a receber, nem<br />

posso tampouco ir lá entender-me com ela. É um inferno!<br />

— E por que não a recebe na sua casa do Engenho Novo?...<br />

— Aí é que bate o ponto! Depois que Ambrosina partiu para Europa, nunca<br />

mais me deram novas dessa ingrata, e, como tinha, eu a minha filha adotiva, fazia<br />

por esquecer-me da outra; mas, eis o demo, mando uma vez receber o aluguel da<br />

casinha do Engenho Novo, e o que recebo, em vez de dinheiro, é a notícia de que a<br />

casa fora vendida e que era agora o novo dono quem nela morava. Indago, procuro<br />

descobrir o que queria tudo isso dizer, e chego afinal à conclusão de que a casa fora<br />

vendida por Ambrosina, que havia chegado do estrangeiro com o nome de condessa<br />

não sei de quê!<br />

— Mas, a casa não era sua?<br />

— Sim; havia, porém, sido comprada em nome de minha filha... para<br />

escapar aos credores de meu marido...<br />

— Sua filha! <strong>Condessa</strong>! Ah! exclamou Gustavo; compreendo! É a <strong>Condessa</strong><br />

<strong>Vésper</strong>?<br />

— Justamente! é isso!<br />

— Ah! essa sujeita é sua filha?... repisou Gustavo, muito preocupado. E o<br />

que quer a senhora que lhe faça agora?<br />

— Que o senhor me escreva uma carta a ela dirigida, e dê as providências<br />

para que a carta seja entregue em mão própria...<br />

— Isso hoje será difícil, porque a <strong>Vésper</strong> tem uma festa no Alcazar; mas vou<br />

ver se consigo.<br />

— Está bem, concordou a lavadeira; contudo que o senhor prepare a carta<br />

agora mesmo, e não se descuide de entregá-la quando for possível.<br />

— Pode ficar descansada.<br />

E Gustavo, depois de inteirado do que a velha queria dizer à filha, escreveu<br />

a carta, e saiu, prometendo voltar com qualquer resposta.<br />

Eis aí o que deu motivo ao bilhete, que tanto sobressaltou Ambrosina na<br />

noite dos seus triunfos.<br />

Entretanto, o rapaz, ao deixar o cubículo de Genoveva, levava no coração<br />

um motivo de grande contentamento; era o que acabava de saber com respeito a<br />

Estela, o mocinha de olhos bonitos, que tanto o havia impressionado quando a viu<br />

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