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— Não há diretor! respondeu secamente o homem.<br />
— Este ao menos é original! pensou Gustavo, quase risonho.<br />
— Então, com quem posso entender-me?...<br />
— Com a diretora.<br />
— Ah! É colégio de meninas!... Tenha a bondade de dizer à Sra. diretora que<br />
eu desejo falar-lhe.<br />
O homem subiu uma escada de pedra, e pouco depois veio abrir o portão.<br />
Que podia subir!<br />
Uma mulher conduziu-o à primeira sala. Era um lugar decente, sério,<br />
rigorosamente mobiliado; nas alvas paredes havia finas gravuras representando<br />
assuntos religiosos.<br />
Esperou cinco minutos. Depois abriu-se uma porta, e a mulher que o<br />
conduziu fê-lo entrar para outra sala. Achou-se então Gustavo defronte de três irmãs<br />
de caridade, dentre as quais a mais velha se adiantou para ele, com os olhos<br />
cravados no chão, as mãos engolidas pelas largas mangas do seu burel, e a cabeça<br />
toucada pelo característico e formidável lenço de linho engomado.<br />
Gustavo vergou-se cortesmente e, por hábito social, estendeu a mão às<br />
religiosas, que logo se contraíram num escrúpulo freirático, rechupando mais os<br />
olhos e escondendo mais as mãos.<br />
— V. V. Ex. as desculpem-me... balbuciou o moço, meio confuso; incomodeias,<br />
na persuasão de encontrar aqui o que fazer como professor...<br />
— Ah! é professor?...<br />
— Sim, minha senhora, respondeu ele, a reparar que uma das duas irmãs<br />
retropostas era bem bonita rapariga.<br />
— É aqui mesmo da Corte ou é da província?... perguntou ainda a primeira,<br />
com um sotaque francês muito pronunciado.<br />
— De Pernambuco, minha senhora.<br />
E Gustavo, desta vez reparou que a bonita o observava debaixo dos cílios.<br />
— Nunca tinha vindo ao Rio?...<br />
— Nunca minha senhora.<br />
E pensou consigo. Mas que olhos tem aquele diabinho!<br />
— E tem gostado da Corte?...<br />
— Nem por isso, minha senhora. Ainda estou desempregado.<br />
E desta vez descobriu nos lábios da irmã dos lindos olhos a pontinha de um<br />
sorriso.<br />
"Faço-me jardineiro neste colégio!" pensou ele, sob a influência dos olhos da<br />
rapariga.<br />
— Mas... disse, procurando voltar ao principal assunto da sua visita; V. V.<br />
Ex. as precisam de mim...?<br />
— E sua província é bonita?... interrompeu a irmã curiosa, sempre a olhar<br />
para o chão.<br />
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