19.04.2013 Views

A Condessa Vésper - Unama

A Condessa Vésper - Unama

A Condessa Vésper - Unama

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

www.nead.unama.br<br />

todas aquelas patifarias... Que diabo não se poderia explicar na vida pela "Paixão<br />

amorosa?..." Quantos exemplos não havia por aí de bons rapazes, que se deitavam<br />

a perder por causa de mulheres?... Todos perdoariam, desde que a sujeita fosse<br />

deveras bonita!... E muito mais que ele não precisava absolutamente de voltar ao<br />

Brasil... Para fazer o quê?... Paris! Paris o atraía como uma pátria desconhecida! em<br />

Paris, o Melo encontraria decerto mil modos de exercer a sua inteligência e o seu<br />

espírito!... Quanto à Ambrosina, essa nunca seria um estorvo, porque ele não era<br />

nenhuma criança e sabia lidar com toda a sorte de gado mulheril, fosse este o mais<br />

cornígero e bravio.<br />

— Mas é verdade! exclamou, despertando das suas cogitações. Não<br />

chegamos hoje, ó cocheiro? Há boa hora que andamos!<br />

O cocheiro não se deu por achado, e Melo reparou que nesse instante<br />

acabava de passar pelo matadouro e entrava na rua de Mariz e Barros.<br />

— Para onde diabo vamos nós?! berrou ele a puxar o paletó de Jorge. Olha<br />

que vamos errados, animal!<br />

— Não lhe dê isso cuidado! retorquiu o cocheiro. E fustigou os cavalos com<br />

terrível gana.<br />

— Pára! Pára! Pára! gritava o rapaz, vendo que o conduziam por uma<br />

picada. Se não paras, chamo a polícia!<br />

— Chame, se for capaz! respondeu Jorge, fazendo afinal parar o carro<br />

defronte de uma casinha de porta e janela.<br />

E depois de apear-se, acrescentou, perfilando-se defronte do Melo:<br />

— O senhor vai entrar imediatamente nesta casa, ou será denunciado à<br />

polícia como ladrão!<br />

— Mas isto é uma emboscada! exclamou o tolhido.<br />

— Justamente, confirmou o cocheiro com ar calmo. Eu sou o Jorge, que o<br />

senhor bem conhece, e estou cá por ordem do Dr. Gabriel e de D. Ambrosina, aos<br />

quais tencionava o senhor engazupar! Faça barulho, e veremos quem ficará do pior<br />

partido! Aí tem essa carta; leia! É de D.Ambrosina...<br />

E o cocheiro entregou ao Melo uma carta.<br />

— Canalhas! disse este, abrindo-a. Entendam lá semelhante escória! São<br />

todos da mesma força!<br />

A carta dizia o seguinte:<br />

"Melo,<br />

"Sei de tudo o que sucedeu, não tenhas, porém, receio algum; tudo isso foi<br />

para salvar-te. Descobriram os nossos projetos, mas crê que os não sufocaram. Por<br />

ora, é necessário que te submetas ao que quer essa gente; julgam que eu parto hoje<br />

com Gabriel e te prenderão até à meia-noite. Gabriel não me acompanhará, todos<br />

suporão que eu fugi sozinha para a Europa; todos, à exceção de ti, que me irás<br />

procurar misteriosamente na avenida de Magalhães, chalé n. 5. Não te revoltes<br />

quando te prenderem e lança a culpa para mim.<br />

143

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!