19.04.2013 Views

A Condessa Vésper - Unama

A Condessa Vésper - Unama

A Condessa Vésper - Unama

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

www.nead.unama.br<br />

sem mais nem menos, pela casa, a tomarem nota de tudo que encontram... O Jorge<br />

pôs-se a chorar como um perdido... Quatro homens, que acompanhavam os do<br />

tinteiro, lançam-lhe a mão e o intimam a seguir para a ilha! Ora, aí está tudo o que<br />

se passou!<br />

— E ele foi?...<br />

— Foi, sim, senhor! E pediu-me, por tudo, que não saísse aqui da porta<br />

enquanto V. S. não chegasse e recebesse o recado...<br />

— Que recado?...<br />

— O recado é que ele pede à V. S. que faça o favor de dar um pulo até lá<br />

onde ele está. É questão de um instante! O Jorge deixou um escaler já preparado.<br />

Se V. S. quiser, eu o levo e trago num abrir e fechar de olhos!...<br />

Gabriel hesitava perplexo; consultava o relógio e a carteira. Que significaria<br />

tudo aquilo... A carta de Ambrosina e as vagas palavras daquele velho idiota<br />

punham-lhe a cabeça a arder.<br />

— Sabe se, antes da chegada do tais sujeitos, havia o Jorge recebido<br />

alguma intimação da justiça?... perguntou ele, depois de um silêncio de alguns<br />

segundos.<br />

O velho respondeu que não sabia.<br />

— Ora sebo! gritou o rapaz. Afinal, estou sempre na mesma!<br />

— O Jorge é quem lhe poderá dizer tudo, patrão! Não vale a pena arreliarse!<br />

Se quiser falar com ele, o escaler está às ordens.<br />

Gabriel passeava de um para outro lado, procurando descobrir o fio da<br />

meada.<br />

— Ah! exclamou ele de repente. Já sei!<br />

E concluiu de si para si que o Melo Rosa fora prevenido das intenções do<br />

Jorge a seu respeito, e engendrara aquele meio de desfazer-se do cocheiro.<br />

— Não é outra cousa... resmungou. Verão que não é outra cousa!...<br />

E, convencido do que pensava, deu um novo curso ao seu raciocínio: Ainda<br />

não eram duas horas; o vapor só levantaria ferro às seis e meia... Às três podia ele<br />

estar de volta, já entendido com o cocheiro, e apto por conseguinte a tomar qualquer<br />

resolução enérgica contra o Melo. Se fosse preciso, podia até queixar-se à polícia...<br />

ali andava com certeza grande abuso! o que convinha era prevenir Ambrosina que<br />

se acautelasse contra alguma armadilha... O Melo Rosa pagaria caro aquela<br />

brincadeira! mas, por então, urgia que Gabriel se entendesse com Jorge...<br />

— Onde está o escaler?! perguntou ao velho.<br />

— Ali mesmo, patrão. É só descermos um pouco... Aqui é costa...<br />

— Mas, preciso de um portador para as Laranjeiras, observou o rapaz,<br />

escrevendo um bilhete a lápis, no qual relatava à Ambrosina as suas desconfianças<br />

e lhe aconselhava toda a cautela com o Melo. É verdade! o carro em que vim pode<br />

servir. Chame o cocheiro.<br />

139

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!