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A Condessa Vésper - Unama

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www.nead.unama.br<br />

Gabriel sobressaltou-se ao lê-la. Ora, mais essa! O Jorge sofrer aquele dia<br />

uma penhora! Era só o que faltava!<br />

— Mas, com os diabos! exclamou ele, consultando o relógio. Não há tempo<br />

a perder! Praia do Russell! A toda a força! gritou ao cocheiro, volvendo ao seu carro.<br />

E o carro disparou como um raio.<br />

Apeou-se defronte da casa do Jorge. Um velho de longas barbas, estava<br />

assentado ao limiar da porta, saiu-lhe ao encontro e perguntou com ar triste:<br />

— O senhor naturalmente é o Dr. Gabriel?...<br />

Sim. Que é do Jorge?<br />

— Não me pergunte por ele! Uma grande desgraça!<br />

E o velho limpou os olhos.<br />

Gabriel deu um passo para entrar na casa do cocheiro.<br />

— Não entre! exclamou o outro, sempre comovido. Não está aí ninguém!... A<br />

justiça fez a sua visita e não se pode tocar no que lá está! O senhor bem sabe que o<br />

Jorge não pode apresentar o dinheiro e...<br />

— Mas, que dinheiro? Que trapalhada é esta? O que tudo isto quer dizer?<br />

Explique-se por uma vez!<br />

O velho fez um gesto de tolo, e falou confusamente em penhora, em dívida,<br />

em homens armados, mas sem explicar ao certo cousa alguma.<br />

— Cada vez entendo menos! disse Gabriel, já impaciente.<br />

E releu o bilhete de Ambrosina, que tirara da algibeira.<br />

— Uma grande desgraça! respirava de vez em quando o velho, a sacudir<br />

tristemente a cabeça.<br />

— No fim de contas, o que faz você aqui?...<br />

— O Jorge disse-me que o esperasse..<br />

— A quem, homem?!<br />

— Ao senhor...<br />

— E para quê?<br />

— Para lhe dizer o que se passou e indicar-lhe o lugar em que ele está...<br />

— Pois, se foi para você dizer-me o que se passou nesta casa que Jorge o<br />

deixou aqui, podem os dois limpar as mãos à parede, porque fiquei na mesma! Não<br />

haverá por aí alguém com quem me entenda!...<br />

— Não há, não, senhor... Foram todos para a Ilha...<br />

— Que ilha, criatura?<br />

— A ilha dos Cães...<br />

— Mas que diabo foram fazer lá? O que demônio aconteceu aqui?<br />

— Para falar a verdade, não sei, meu rico senhor... Não entendo destas<br />

cousas! Sou amigo velho do Jorge... cá estava a cavaquear um pedaço com ele,<br />

quando chegam dois sujeitos, armados de tinteiro, pena e papel, e vão entrando,<br />

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