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A Condessa Vésper - Unama

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— Aquela, mais dia menos dia, é vítima do demônio do doido!<br />

www.nead.unama.br<br />

Quando lhe constou a visita de Gabriel, o homem ficou mais tranqüilo, na<br />

esperança de vê-los brevemente juntos e longe da pequena. Resolveu deixar que as<br />

cousas Corressem por si. Que pressa havia agora em afastar a pobre de Cristo, se o<br />

seu moço já se havia entendido com ela, e em breve a levaria consigo? Quanto à<br />

burla da gravidez, ele nada sabia.<br />

A visita do Melo Rosa efetuou-se no mesmo dia em que Ambrosina lhe<br />

escrevera. Haviam os dois muito antes combinado o plano de larapiar de Gabriel<br />

uma boa quantia, fugindo ambos em seguida. O amante traído pagaria à sua custa<br />

os meios da traição.<br />

Mas o cocheiro, que andava de orelha em pé, bispou de qualquer modo os<br />

projetos de Ambrosina e, revoltado na sua surpresa, tratou de destruí-los.<br />

A sua primeira idéia foi de contar tudo a Gaspar, hesitou, porém. — Quem<br />

sabia lá se aquela revelação não iria dar motivo a qualquer fato lastimável?...<br />

Contudo, não lhe podia sofrer a paciência que o velhaco do Melo abusasse, assim<br />

sem mais nem menos, da boa-fé do pobre Gabriel, a quem Jorge deveras apreciava.<br />

— Nada! concluiu ele. Quero que um raio me parta, se eu não desmanchar<br />

esta pouca vergonha!<br />

E foi à procura do patrão, com o desassombro de quem vai resolvido a<br />

cumprir o seu dever.<br />

Gaspar não estava em casa, e Jorge não queria entender-se diretamente<br />

com Gabriel; este, porém, com tal ansiedade lhe falou de Ambrosina, tão impaciente<br />

se mostrou pelas notícias delas, que o pobre do homem, depois de coçar a cabeça,<br />

torcer o chapéu entre as mãos e limpar o suor da testa, exclamou:<br />

— Com todos os diabos! A verdade diz-se!<br />

Gabriel assustou-se.<br />

— É que não posso ver ninguém iludido! despejou o cocheiro. Sei que<br />

vossemecê projeta uma viagem com D. Ambrosina, e sei também que o Melo Rosa<br />

anda a desencabeçar a moça para não ir!<br />

— O Melo Rosa?... Mas que diabo pretende esse tipo?<br />

— Ora, o que há de ser? Quer que a Sra. D. Ambrosina, em vez de<br />

acompanhar a vossemecê, fique na companhia dele! Aí está!<br />

— E Ambrosina o que diz?...<br />

— Isso lá é que não sei! Tola será ela, se largar um moço formado, bem<br />

parecido, bom e rico, como vossemecê, por um troca-tintas daquela força!<br />

— Tu não sabes o que são as mulheres, Jorge!<br />

— O que lhe afianço é que faz tudo, o tratante, para seduzi-la. Tenha a<br />

bondade de ler esta carta...<br />

Gabriel leu no papel que lhe passou o cocheiro:<br />

"D. Ambrosina.<br />

Apesar de me haver a senhora proibido falar-lhe sobre qualquer assunto;<br />

apesar de ter confessado que me aborrece, eu não desisto das minhas esperanças,<br />

e venho ainda uma vez pedir-lhe, de joelhos, que não acompanhe o G*** e siga<br />

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