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— Pois então, fica na certeza de que iremos juntas! Mas... (E fez sinal de<br />
silêncio) se deres a alguém uma palavra sobre este assunto, está tudo perdido!...<br />
Laura batia palmas de contente. Uma viagem misteriosa era todo o seu<br />
ideal. Não era aquele precisamente o rapto com que ela sonhava, mas em todo caso<br />
era um rapto.<br />
— Bom, disse Ambrosina. Temos ainda o que fazer para levarmos a efeito o<br />
nosso belo projeto... Dá-me papel e pena.<br />
Laura obedeceu.<br />
Ambrosina passou-se para uma mesinha ao canto do quarto. E aí sentada,<br />
na meditativa posição de quem se concentra numa complicada idéia, embebeu a<br />
pena na tinta, olhou atentamente para a brancura do papel e, afinal, escreveu o<br />
seguinte:<br />
"Melo Rosa,<br />
Já falei ao Gabriel, e ele está pela viagem; aparece-me para tratarmos do<br />
que tínhamos combinado. Se puderes vir hoje mesmo, será melhor. Eu estou na<br />
casa de Jorge, cocheiro do Gaspar. Já sabes onde é. Amo-te! Vem".<br />
A assinatura era um rabisco.<br />
— Mas o que queres fazer com essa carta?... perguntou Laura.<br />
Aí é que a cousa tem dente de coelho! disse Ambrosina, piscando um olho.<br />
Laura abriu muito os dela, e sacudiu os ombros.<br />
— Descansa, que eu sei o que estou fazendo... acrescentou a outra,<br />
terminando o sobrescrito.<br />
E tratou de remeter a carta ao seu destino.<br />
CAPÍTULO XXVIII<br />
DIABÓLICA ESTRATÉGIA<br />
As palavras do Médico Misterioso a respeito de Laura traziam ultimamente o<br />
pai desta em constante preocupação.<br />
Por que seria que o Dr. Gaspar tanto receava da convivência de D.<br />
Ambrosina... matutava o bom homem. Está claro que ela não era nenhum favo de<br />
inocência, mas também não seria tão malvada, que só por gosto, lhe fosse agora<br />
perder a filha. Em todo o caso, convinha estar de alcatéia, porque lá dizia o outro:<br />
"Mais vale prevenido no mar, que desprevenido em terra!"<br />
Ora, D. Ambrosina, considerava ainda o cocheiro; o defeito que tinha era ser<br />
um tanto doida; por mau coração não havia que lhe dizer, coitada! que ele sabia de<br />
atos de caridade praticados por ela. Lá o fato de achar-se unida ao Gabriel, isso<br />
nada punha, porque a moça afinal precisava do auxílio de algum homem... E por que<br />
razão se achava ela hospedada ao lado de Laura? Seria por cálculo ou por<br />
maldade?... Não decerto; era puramente à força de circunstâncias.<br />
E Jorge concluía com esta frase:<br />
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