As asas de um anjo - a casa do espiritismo
As asas de um anjo - a casa do espiritismo
As asas de um anjo - a casa do espiritismo
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
CENA VI<br />
(Carolina, Luís, Meneses, Araújo, Helena e Vieirinha)<br />
Helena – Hei <strong>de</strong> contar-lhe <strong>um</strong>a história. Ah! <strong>As</strong> minhas cartas o<br />
comprometem!... Veremos as suas...<br />
Vieirinha – <strong>As</strong> minhas?...<br />
Helena – Os bilhetinhos que me escrevia pedin<strong>do</strong>-me que lhe valesse, que<br />
fosse <strong>de</strong>sempenhar o seu relógio.<br />
Araújo – Serão <strong>um</strong> bom presente para o futuro sogro <strong>do</strong> senhor.<br />
Helena – Está dito; vou mandá-las amanhã! Tenho-as aqui.<br />
Vieirinha – Helena!...<br />
Meneses (a Araújo) – Como lhe avivou a memória. Já sabe o nome.<br />
Vieirinha – Escuta!<br />
Helena – Não me comprometa, meu senhor!<br />
Carolina – Vem cá, Helena.<br />
Helena – O que queres?<br />
Carolina – Nunca te pedi nada. Dá-me estas cartas.<br />
Helena – Para quê?<br />
Carolina – Dá-me!<br />
Luís – Que vai fazer?<br />
Carolina – Vingar-me!... Aí tem!... rasgue essas provas que o po<strong>de</strong>m<br />
<strong>de</strong>nunciar; case-se com a filha <strong>de</strong>sse homem <strong>de</strong> bem; entre no seio <strong>de</strong> <strong>um</strong>a<br />
família honrada; adquira amigos!...É a minha vingança contra essa gente<br />
orgulhosa que se julga superior às fraquezas h<strong>um</strong>anas.<br />
Luís – Não fale assim, Carolina; a socieda<strong>de</strong> per<strong>do</strong>a muitas vezes.<br />
Carolina – Per<strong>do</strong>a a <strong>um</strong> homem como este; recebe-o sem indagar <strong>do</strong> seu<br />
passa<strong>do</strong>, sem perguntar-lhe o que foi; contanto que tenha dinheiro,<br />
ninguém se importa que a origem <strong>de</strong>ssa riqueza seja <strong>um</strong> crime ou <strong>um</strong>a<br />
infâmia. Mas, para a pobre moça que cometeu <strong>um</strong>a falta, para o ente fraco<br />
que se <strong>de</strong>ixou iludir, a socieda<strong>de</strong> é inexorável! Por que razão? Pois a mulher<br />
que se per<strong>de</strong> é mais culpada <strong>do</strong> que o homem que furta e rouba?<br />
Meneses – Não, <strong>de</strong>certo!<br />
Carolina – Entretanto, ele tem <strong>um</strong> lugar nessa socieda<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> possuir<br />
família! E a nós, negam-nos até o direito <strong>de</strong> amar! A nossa afeição é <strong>um</strong>a<br />
injúria! Se alg<strong>um</strong>a se arrepen<strong>de</strong>sse, se procurasse reabilitar-se, seria<br />
repelida; ninguém a animaria com <strong>um</strong>a palavra, ninguém lhe esten<strong>de</strong>ria a<br />
mão... (Vieirinha sai, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> aberta a rótula.)<br />
CENA VII<br />
(Carolina, Luís, Meneses, Araújo e Helena)<br />
60