As asas de um anjo - a casa do espiritismo
As asas de um anjo - a casa do espiritismo
As asas de um anjo - a casa do espiritismo
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Helena – Sr. Viana!...<br />
Carolina – Ah!...<br />
Luís – Creio que entra-se aqui pagan<strong>do</strong>!... (Tira da carteira <strong>um</strong>a cédula que<br />
<strong>de</strong>ita sobre o apara<strong>do</strong>r.)<br />
Carolina – Luís!...<br />
Luís – Por este nome só me tratam os meus amigos e as pessoas que<br />
estimo.<br />
Carolina – Não é preciso recorrer a estes meios para mostrar-me o seu<br />
<strong>de</strong>sprezo; eu o sinto mesmo <strong>de</strong> longe e agora vejo-o mais no seu olhar <strong>do</strong><br />
que nas suas palavras.<br />
Luís – Que quer <strong>de</strong> mim?...<br />
Carolina – Queria fazer-lhe <strong>um</strong> pedi<strong>do</strong>; mas já não tenho coragem.<br />
Luís – Então é inútil a minha presença aqui.<br />
Carolina – Não! Espere! Farei <strong>um</strong> esforço; porém prometa-me ao menos<br />
<strong>um</strong>a coisa.<br />
Luís – Não é preciso.<br />
Carolina – É muito; prometa-me que por mais estranho que lhe pareça o que<br />
vou dizer-lhe, <strong>de</strong>ixe-me falar; <strong>de</strong>pois acuse-me e escarneça <strong>de</strong> mim; é o seu<br />
direito; não me queixarei.<br />
Luís – A recomendação é escusada; três vezes procurei com as minhas<br />
palavras reparar <strong>um</strong> erro; mas afinal convenci-me que quan<strong>do</strong> tine o ouro,<br />
não se ouve a voz da consciência. Po<strong>de</strong> falar.<br />
Carolina – Sente-se. Fecha aquela porta, Helena, e <strong>de</strong>ixa-nos.<br />
CENA VIII<br />
(Luís e Carolina)<br />
Carolina – Consinta que ao menos agora que ninguém nos ouve eu o chame<br />
Luís, como antigamente.<br />
Luís – Para quê?<br />
Carolina – Este nome me lembra <strong>um</strong>a intimida<strong>de</strong>, e me faz esquecer o ano<br />
que passou.<br />
Luís – Para que esquecê-lo? É o mais feliz da sua vida!...<br />
Carolina – Podia ter si<strong>do</strong> se alguém me tivesse ama<strong>do</strong>; mas ele não quis, ou<br />
não julgou que <strong>um</strong>a moça perdida valesse a pena <strong>de</strong> <strong>um</strong>a afeição.<br />
Luís – E valia?...<br />
Carolina – Talvez, Luís... Sem o <strong>de</strong>speito <strong>de</strong>ssa repulsa, talvez a filha não<br />
fosse surda ao grito <strong>de</strong> sua mãe e a mulher resistisse à fascinação que a<br />
atraía.<br />
Luís – E valia?...<br />
54