As asas de um anjo - a casa do espiritismo
As asas de um anjo - a casa do espiritismo
As asas de um anjo - a casa do espiritismo
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Helena – Estás falan<strong>do</strong> só?<br />
Carolina – Estava pensan<strong>do</strong> em <strong>um</strong>a coisa... Ele não virá, Helena!<br />
Helena – Por que razão?<br />
Carolina – Ainda perguntas?<br />
Helena – Não creias. Estou quase apostan<strong>do</strong> que não tarda aí.<br />
Carolina – Tu não conheces Luís.<br />
Helena – Ora é boa! Conheço os homens, Carolina; para eles <strong>um</strong>a mulher é<br />
<strong>um</strong>a mulher, sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> é bonita.<br />
Carolina –Terá recebi<strong>do</strong> a carta?<br />
Helena – O Vieirinha entregou-a em mão própria.<br />
Carolina – O Vieirinha?... Não tinhas outra pessoa por quem mandar?...<br />
Helena – Que tem que fosse ele?...<br />
Carolina – Nada: é que me aborrece esse homem. Desejo nem vê-lo...<br />
Helena – Tu bem sabes...<br />
Carolina – Sei, mas não estou para suportá-lo. Entra na minha <strong>casa</strong> como se<br />
fosse <strong>do</strong>no <strong>de</strong>la; ontem fui achá-lo naquela sala a remexer na minha<br />
cômoda.<br />
Helena – E faltou-te alg<strong>um</strong>a coisa?<br />
Carolina – Não; mas para que isso não torne a acontecer, previno-te que se<br />
queres continuar a morar consigo, <strong>de</strong>ves <strong>de</strong>scartar-te <strong>de</strong>le.<br />
Helena – Não me animo a dizer-lhe...<br />
Carolina – É <strong>um</strong> homem sem caráter!<br />
Helena – Gosto <strong>de</strong>le, Carolina!<br />
Carolina – Tens <strong>um</strong> gosto bem extravagante!<br />
Helena – Confesso! Se tu soubesses o que tenho sofri<strong>do</strong>!...<br />
Carolina – Porque queres.<br />
Helena – É verda<strong>de</strong>; mas não sei que po<strong>de</strong>r tem sobre mim, que não posso<br />
resistir-lhe! Conheço que é <strong>um</strong> homem capaz <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>; e, entretanto,<br />
Carolina, se ele vier pedir-me, como já tem feito muitas vezes, que venda<br />
<strong>um</strong> traste meu para <strong>de</strong>sempenhar o seu relógio... Tu vais te rir?... Pois eu<br />
não lhe negarei!<br />
Carolina – Não me rio, não, helena; ao contrário, tive <strong>um</strong>a idéia bem triste.<br />
Helena – Que idéia?<br />
Carolina – Será esse o fim da nossa vida? A mulher que perverte seu<br />
coração estará con<strong>de</strong>nada a amar <strong>um</strong> dia alg<strong>um</strong> homem ainda mais baixo <strong>do</strong><br />
que ela?<br />
Helena – E quem nos po<strong>de</strong> amar senão esses, Carolina?<br />
Carolina – Mas isso não é amor! (Luís aparece na porta <strong>do</strong> fun<strong>do</strong>.)<br />
CENA VII<br />
(<strong>As</strong> mesmas e Luís)<br />
53