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As asas de um anjo - a casa do espiritismo

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Carolina – Não sei; mas como o dinheiro é tu<strong>do</strong>, fiz <strong>um</strong>a coisa; dividi o que<br />

eu tinha e o que viesse a ter com a minha alma. Voltava <strong>de</strong> <strong>um</strong>a ceia on<strong>de</strong><br />

tinha me diverti<strong>do</strong> muito; metia <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta caixa to<strong>do</strong> o dinheiro que<br />

possuía, para que o espírito tivesse <strong>um</strong> igual divertimento. <strong>As</strong> minhas jóias,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> usadas <strong>um</strong>a vez, se escondiam aqui <strong>de</strong>ntro; enfim a cada prazer<br />

que eu gozava, correspondia <strong>um</strong>a esperança que guardava.<br />

Meneses (apontan<strong>do</strong> para a caixa) – E quanto valerá hoje a tua alma?<br />

Carolina – Não sei; o que entra aqui <strong>de</strong>ntro é sagra<strong>do</strong>, não lhe toco nem lhe<br />

olho; tenho me<strong>do</strong> da tentação. Só abro esta caixa à noite, quan<strong>do</strong> me <strong>de</strong>ito.<br />

Meneses – Pois <strong>de</strong>ixa dar-te <strong>um</strong> conselho: põe a tua alma a juro no banco, e<br />

esquece-te <strong>de</strong>la. Há <strong>de</strong> servir-te na velhice. Ou então diverte-te!...<br />

Carolina – Não; vou dá-la.<br />

Araújo – A quem?<br />

Carolina – A <strong>um</strong> homem que não me ama; e por causa <strong>do</strong> qual jurei que<br />

havia <strong>de</strong> ver to<strong>do</strong>s os homens a meus pés, para vingar-me neles <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>sprezo <strong>de</strong> <strong>um</strong>. E sabem se c<strong>um</strong>pri meu juramento!...<br />

Meneses – É talvez isto, Carolina, que faz <strong>de</strong> tua vida <strong>um</strong> fenômeno, que eu<br />

estu<strong>do</strong> com toda a curiosida<strong>de</strong>. Tu és <strong>um</strong> <strong>de</strong>stes flagelos, não faças caso da<br />

palavra... <strong>um</strong> <strong>de</strong>sses flagelos que a Providência às vezes lança sobre a<br />

h<strong>um</strong>anida<strong>de</strong> para puni-la <strong>do</strong>s seus erros. Começaste punin<strong>do</strong> teus pais que<br />

te instruíram e te pren<strong>de</strong>ram, mas não se lembraram da tua educação<br />

moral; leste muito romance mas nunca leste o teu coração. Puniste <strong>de</strong>pois o<br />

Ribeiro que te seduziu, e o Pinheiro que te acabou <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r; ao primeiro<br />

que te roubou à tua família, <strong>de</strong>ixaste <strong>um</strong>a filha sem mãe; ao segun<strong>do</strong>, que<br />

te enriqueceu, empobreceste. Só me resta ver como castigarás a ti mesma;<br />

se não me engano, tu acabas <strong>de</strong> revelar-me. Espero pelo tempo. Vamos,<br />

Araújo.<br />

Carolina – O senhor veio fazer-me ficar triste.<br />

Araújo – Virá <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> nós quem o alegre.<br />

Carolina – Escute!... Não!...<br />

Araújo – Arrepen<strong>de</strong>u-se?<br />

Carolina – Como está Luís?<br />

Araújo – Não sei.<br />

Carolina – Não tem visto?<br />

Araújo – Ainda ontem.<br />

Carolina – Ele lhe fala às vezes em mim?<br />

Araújo – Nunca.<br />

Carolina – Nunca!...<br />

CENA VI<br />

(Carolina e Helena)<br />

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