As asas de um anjo - a casa do espiritismo
As asas de um anjo - a casa do espiritismo
As asas de um anjo - a casa do espiritismo
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Pinheiro – Nem to<strong>do</strong>s possuem o seu coração.<br />
Carolina – Isso é verda<strong>de</strong>!<br />
Araújo – E o seu amor...<br />
CENA V<br />
(Carolina, Meneses, Helena e Araújo)<br />
Carolina – Amor?...<br />
Araújo – Amor ao dinheiro.<br />
Carolina – Mas seriamente, os senhores não me compreen<strong>de</strong>m. Nem sabem<br />
que para <strong>um</strong>a mulher não há ouro que valha o prazer <strong>de</strong> h<strong>um</strong>ilhar <strong>um</strong><br />
homem.<br />
Meneses – Tanto ódio nos tens?<br />
Carolina – Muito!...<br />
Araújo – Contu<strong>do</strong> não posso crer que aquelas que durante toda a sua<br />
existência correm atrás <strong>do</strong> dinheiro, façam <strong>de</strong>le tão pouco caso.<br />
Carolina – Pois creia; todas essas minhas jóias, to<strong>do</strong> esse luxo e riqueza,<br />
que me fascinaram, e que hoje possuo, não os estimo senão por <strong>um</strong>a razão.<br />
Araújo – Qual?<br />
Carolina – Talvez possam realizar <strong>um</strong> sonho da minha vida.<br />
Araújo – E que sonho é esse?<br />
Carolina – Não digo.<br />
Araújo – Por quê?<br />
Carolina – Vai zombar <strong>de</strong> mim.<br />
Araújo – Não tenha receio.<br />
Meneses – Para zombar começaríamos tar<strong>de</strong>!<br />
Carolina – E que zombem, não faz mal. Toda a criatura boa tem o seu fraco;<br />
assim toda a mulher, por mais <strong>de</strong>sgraçada que seja, conserva sempre <strong>um</strong><br />
cantinho puro on<strong>de</strong> se escon<strong>de</strong> a sua alma.<br />
Meneses – Estás bem certa que tens <strong>um</strong>a alma, Carolina?<br />
Carolina – Talvez me engane; é possível. Mas eu guar<strong>do</strong>-a com tanto<br />
cuida<strong>do</strong>!<br />
Araújo – Aon<strong>de</strong>, em alg<strong>um</strong>a caixinha?<br />
Carolina – Justamente! N<strong>um</strong>a caixinha <strong>de</strong> charão... Vai ver, Helena; está no<br />
meu guarda-vesti<strong>do</strong>s. (Dá-lhe as chaves.)<br />
Meneses – E <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> chave!... És pru<strong>de</strong>nte!<br />
Carolina – No meio <strong>de</strong> todas as minhas extravagâncias, <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os meus<br />
prazeres, eu sentia <strong>um</strong>a pequena parte <strong>de</strong> mim mesma que nunca ficava<br />
satisfeita; chamei a isto minha alma, tive pena <strong>de</strong>la, fechei-a <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa<br />
caixa, e disse-lhe que esperasse até <strong>um</strong> dia em que seria feliz. (Helena<br />
voltacom a caixa.)<br />
Araújo – Ah! E esta?<br />
Meneses – E <strong>de</strong> que maneira preten<strong>de</strong>s dar-lhe a felicida<strong>de</strong>?<br />
51