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As asas de um anjo - a casa do espiritismo

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meneses – Alg<strong>um</strong>a outra ane<strong>do</strong>ta?<br />

Carolina – Uma lembrança muito engraçada.<br />

Araújo – Faço idéia!<br />

Carolina – O senhor enten<strong>de</strong>u que <strong>de</strong>vo agora fazer-me mascate <strong>de</strong> jóias.<br />

Meneses – Não é má profissão.<br />

Carolina – Adivinhem o que ele veio propor-me!<br />

Helena – Por que não explicas logo?<br />

Carolina – Querem saber?<br />

Pinheiro – Eu poupo-lhe o trabalho; não tenho vergonha <strong>de</strong> confessar. É <strong>um</strong><br />

homem, meus senhores, que ten<strong>do</strong> cons<strong>um</strong>i<strong>do</strong> com <strong>um</strong>a mulher a sua<br />

fortuna, per<strong>de</strong>u a razão ao ponto <strong>de</strong> comprar-lhe o último presente com <strong>um</strong><br />

<strong>de</strong>pósito sagra<strong>do</strong> que lhe foi confia<strong>do</strong>. Ameaça<strong>do</strong> <strong>do</strong> opróbrio <strong>de</strong> <strong>um</strong>a<br />

con<strong>de</strong>nação, esse homem vem pedir àquela a quem tinha sacrifica<strong>do</strong> tu<strong>do</strong>,<br />

que o salvasse, emprestan<strong>do</strong>-lhe essa jóia cujo valor ele jurava restituir-lhe<br />

com o seu trabalho. A resposta que teve foi a gargalhada que ouviram.<br />

Carolina – Não tinha outra.<br />

Meneses – Certamente.<br />

Araújo – Como, Meneses?<br />

Carolina – Vê!<br />

Pinheiro – O senhor aprova?<br />

Meneses – Não, senhor.<br />

Araújo – Mas, então?...<br />

Meneses – Desgraça<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s homens <strong>de</strong> bem, Araújo, se o mun<strong>do</strong> não fosse<br />

assim; se o vício não tivesse em si esse princípio <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição que é o seu<br />

próprio corretivo. Estimo o Sr. Pinheiro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que soube a maneira digna<br />

com que aceitou o seu infortúnio; mas esse infortúnio proveio <strong>de</strong> sua paixão<br />

louca por Carolina; ele não podia, não <strong>de</strong>via achar nela <strong>um</strong> sentimento <strong>de</strong><br />

gratidão. É preciso que o <strong>de</strong>spreze para o punir; é preciso que lhe negue<br />

para <strong>um</strong>a boa ação o dinheiro com que ele acabou <strong>de</strong> perdê-la. A avareza<br />

(<strong>de</strong>signa Carolina) corrige a prodigalida<strong>de</strong> (<strong>de</strong>signa Pinheiro.)<br />

Carolina – Avareza! Não admito.<br />

Araújo – E que nome tem isto?<br />

Carolina – Chame-lhe ingratidão, chame-lhe o que quiser, mas avareza, não!<br />

Faço tanto caso <strong>do</strong> dinheiro como da moral que trazem certos sujeitos na<br />

algibeira, e da qual só usam quan<strong>do</strong> lhes convém, como <strong>de</strong> <strong>um</strong> charuto, <strong>de</strong><br />

<strong>um</strong> lenço, ou <strong>de</strong> <strong>um</strong>a caixa <strong>de</strong> rapé. E a prova é que essa jóia, dá-la-ia <strong>de</strong><br />

esmola a qualquer miserável, se não estivesse convencida que ele amanhã<br />

nem me tiraria o chapéu!<br />

Pinheiro – Quan<strong>do</strong> eu passo à noite pela Travessa <strong>de</strong> São Francisco <strong>de</strong> Paula,<br />

ouço vozes h<strong>um</strong>il<strong>de</strong>s que suplicam, e que já falaram mais alto que a sua,<br />

Carolina.<br />

Carolina – Que tem isto? Se alg<strong>um</strong> dia ouvir a minha, não a escute, como eu<br />

hoje não quero escutar a sua.<br />

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