As asas de um anjo - a casa do espiritismo
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Carolina – Mas escuta!<br />
Helena – Depois; não percas tempo.<br />
Carolina – Já perdi <strong>do</strong>is anos!<br />
Ribeiro – Foste injusta comigo, Carolina. Não acreditas que te amo, ou já<br />
não me amas talvez! Confessa!<br />
Carolina – Não sei.<br />
Ribeiro – Dize francamente.<br />
Carolina – Como está quente a noite! Abre aquela janela. (Ribeiro vai abrir a<br />
janela <strong>do</strong> fun<strong>do</strong>; Helena que falava baixo a Pinheiro, dirige-se a ele, e ambos<br />
conversam recosta<strong>do</strong>s à gra<strong>de</strong> e volta<strong>do</strong>s para a rua.)<br />
CENA IV<br />
(Carolina e Pinheiro)<br />
Pinheiro – Eu lhe agra<strong>de</strong>ço, Carolina.<br />
Carolina – O que, senhor Pinheiro?<br />
Pinheiro – A satisfação que me causaram suas palavras. Não pensava, dan<strong>do</strong><br />
esta ceia, que ia realizar <strong>um</strong> <strong>de</strong>sejo seu.<br />
Carolina – Ah! é verda<strong>de</strong>! Mas sou eu então que lhe <strong>de</strong>vo agra<strong>de</strong>cer.<br />
Pinheiro – Faça antes outra coisa.<br />
Carolina – O quê?<br />
Pinheiro – Faça que o acaso se torne <strong>um</strong>a realida<strong>de</strong>; que esta noite <strong>de</strong><br />
esperança se transforme em anos <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>. Aceite o meu amor.<br />
Carolina – Para fazer o que <strong>de</strong>le?<br />
Pinheiro – O que quiser; contanto que me ame <strong>um</strong> pouco, sim?<br />
Carolina – Não.<br />
Pinheiro – Amor por amor, já tenho <strong>um</strong>; e este, ao menos é primeiro.<br />
Pinheiro – O meu será o segun<strong>do</strong> e eu procurarei torná-lo tão belo, tão<br />
ar<strong>de</strong>nte que já não tenha mais inveja <strong>do</strong> primeiro.<br />
Carolina – Já me iludiram <strong>um</strong>a vez essas promessas, quan<strong>do</strong> eu ainda via o<br />
mun<strong>do</strong> com os olhos <strong>de</strong> menina, hoje não creio mais nelas.<br />
Pinheiro – Não tem razão.<br />
Carolina – Oh! se tenho! O senhor diz agora que me ama, por mim, para<br />
fazer-me feliz, para satisfazer os meus <strong>de</strong>sejos, os meus caprichos, as<br />
minhas fantasias. Se eu acreditasse nessas belas palavras, sabe o que<br />
aconteceria?<br />
Pinheiro – Me daria a ventura!<br />
Carolina – Sim, mas ficaria o que sou. No momento em que lhe pertencesse,<br />
tornar-me-ia <strong>um</strong> traste, <strong>um</strong> objeto <strong>de</strong> luxo; em vez <strong>de</strong> viver para mim, seria<br />
eu que viveria para obe<strong>de</strong>cer às suas vonta<strong>de</strong>s. Não; no dia em que a<br />
escrava <strong>de</strong>ixar o seu primeiro senhor, será para reaver a liberda<strong>de</strong> perdida.<br />
Pinheiro – Não é livre então? Não po<strong>de</strong> amar aquele que preferir?<br />
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