As asas de um anjo - a casa do espiritismo
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Pinheiro – Por espírito <strong>de</strong> imitação. Ouviu dizer que era o vinho predileto das<br />
gran<strong>de</strong>s lorettes <strong>de</strong> Paris.<br />
Helena – Não gosto <strong>de</strong> franceses.<br />
Pinheiro – Pois eu gosto bem das francesas.<br />
Helena – Faz bem! Nós é que temos a culpa! Se fôssemos como alg<strong>um</strong>as<br />
que a ninguém têm amor!...<br />
Pinheiro – Qual! Santo <strong>de</strong> <strong>casa</strong> não faz milagres.<br />
José – Já viu <strong>um</strong>a dançarina que chegou pelo paquete?<br />
Pinheiro – A que está no Hotel da Europa?<br />
José – Não; está aqui, no número 8.<br />
Helena– Alguém lhe pediu notícias <strong>de</strong>la?<br />
José (rin<strong>do</strong>) – O Sr. Pinheiro gosta <strong>de</strong> andar ao fato <strong>de</strong>ssas coisas.<br />
CENA II<br />
(Pinheiro e Helena)<br />
Helena – Como esteve maçante o teatro hoje!<br />
Pinheiro – Como sempre.<br />
Helena – Não sei que graça acham esses sujeitinhos na Stoltz! Não tem<br />
nada <strong>de</strong> bonita!<br />
Pinheiro – É prima <strong>do</strong>na!<br />
Helena – Sabes quem <strong>de</strong>itou muito o óculo para mim? O Araújo.<br />
Pinheiro – Ah! Está apaixona<strong>do</strong> por ti?<br />
Helena – E por que não? Outros melhores têm-se apaixona<strong>do</strong>!<br />
Pinheiro – Isso é verda<strong>de</strong>!<br />
Helena – Ah! Já confessa!... Mas dizem que o Araújo agora está bem?<br />
Pinheiro – É guarda-livros <strong>de</strong> <strong>um</strong>a <strong>casa</strong> inglesa.<br />
Helena – Foi feliz; eu conheci-o caixeiro <strong>de</strong> armarinho.<br />
Pinheiro – Escuta, Helena; tenho <strong>um</strong>a coisa a dizer-te.<br />
Helena – O quê?... Temos arrufos?...<br />
Pinheiro – Estou apaixona<strong>do</strong> pela Carolina.<br />
Helena – Já me disseste.<br />
Pinheiro – Julgaste que era <strong>um</strong>a brinca<strong>de</strong>ira! Mas é muito sério. Estou<br />
disposto a tu<strong>do</strong> para conseguir que ela me ame.<br />
Helena – Por isso é que já não fazes caso <strong>de</strong> mim?<br />
Pinheiro – Ao contrário; é <strong>de</strong> ti que eu mais espero.<br />
Helena – De mim?<br />
Pinheiro – Não me recusarás isto!<br />
Helena – Ah! Julgas que a minha paciência chega a este ponto?<br />
Pinheiro – Foste tu que protegeste o Ribeiro.<br />
Pinheiro – Sim; mas o Ribeiro não era meu amante, como o senhor!<br />
Pinheiro – Ora, <strong>de</strong>ixa-te disso! Queres fazer <strong>de</strong> ci<strong>um</strong>enta! Que lembrança!...<br />
Helena – Não julgue os outros por si.<br />
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