19.04.2013 Views

As asas de um anjo - a casa do espiritismo

As asas de um anjo - a casa do espiritismo

As asas de um anjo - a casa do espiritismo

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Araújo – Há muito tempo que conhece esta mulher, D. Carolina?<br />

Carolina – Há <strong>um</strong> mês.<br />

Araújo – Quem a trouxe cá?...<br />

Carolina – Ninguém; ela precisa <strong>de</strong> <strong>um</strong>a costureira.<br />

Araújo (a Margarida.) – Olhe que são mais <strong>de</strong> oito horas!<br />

Margarida – Arre!... Que pressa!...<br />

Araújo – Não se <strong>de</strong>more! Eu volto já; vou fazer a barba.<br />

CENA XI<br />

(Luís, Araújo e Carolina)<br />

Luís – Não saias; quero te dar <strong>um</strong>a palavra.<br />

Araújo – Depressa, que tenho hoje <strong>um</strong> baile.<br />

Luís – Espera <strong>um</strong> momento. (Olhan<strong>do</strong> para Carolina) Sempre na janela.<br />

Araújo – Desconfias <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>a coisa?<br />

Luís – Carolina!<br />

Carolina – Ah!...Luís.<br />

Luís – <strong>As</strong>sustei, minha prima?<br />

Carolina – Não! Estava distraída.<br />

Luís – Desculpe, procurei este momento para falar-lhe porque <strong>de</strong>sejava<br />

pedir-lhe perdão.<br />

Carolina – Perdão? De quê?<br />

Luís– Não recusei a sua mão que seu pai me queria dar? Não a ofendi com<br />

essa recusa? Uma mulher <strong>de</strong>ve ter sempre o direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezar; o seu<br />

orgulho não admite que ninguém a prive <strong>de</strong>sse direito.<br />

Carolina – Não me ofendi com a sua franqueza, Luís. (Com ironia) Reconheci<br />

apenas que não era digna <strong>de</strong> pertencer-lhe; outra merece o seu amor!<br />

Luís – Esse amor que eu confessei era mentira.<br />

Carolina – Por que confessou então? Quem o obrigou?<br />

Luís – Ninguém. Menti por sua causa; para poupar-lhe <strong>um</strong> <strong>de</strong>sgosto.<br />

Carolina – Não o enten<strong>do</strong>.<br />

Luís – Conhece o caráter <strong>do</strong> seu pai e sabe que quan<strong>do</strong> ele quer as coisas<br />

não há vonta<strong>de</strong> que lhe resista. Para tornar <strong>de</strong> <strong>um</strong>a vez impossível esse<br />

<strong>casa</strong>mento, para que o meu nome não lhe cause mais tristeza, ouvin<strong>do</strong>-o<br />

associa<strong>do</strong> ao título <strong>de</strong> seu mari<strong>do</strong>, <strong>de</strong>clarei que amava outra mulher; menti.<br />

Carolina – E que mal havia nisso? To<strong>do</strong>s não temos <strong>um</strong> coração.<br />

Luís – É verda<strong>de</strong>; porém o meu creio que não foi feito para o amor, e sim<br />

para a amiza<strong>de</strong>. <strong>As</strong> minhas únicas afeições estão concentradas nesta <strong>casa</strong>;<br />

fora <strong>de</strong>la trabalho; aqui sinto-me viver. Um amor estranho seria como <strong>um</strong>a<br />

usurpação <strong>do</strong>s sentimentos que pertencem aos meus parentes. É por isso<br />

que só a sua felicida<strong>de</strong> me obrigaria a confessar-me ingrato.<br />

Carolina – Não sei em que isso podia influir sobre a minha felicida<strong>de</strong>.<br />

Luís – Quan<strong>do</strong> se ama...<br />

13

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!