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ANÁLISE DO PADRÃO DE COMPETITIVIDADE DO ... - SOBER

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<strong>ANÁLISE</strong> <strong>DO</strong> <strong>PADRÃO</strong> <strong>DE</strong> COMPETITIVIDA<strong>DE</strong> <strong>DO</strong> COURO MATO-<br />

GROSSENSE<br />

camili321@hotmail.com<br />

POSTER-Economia e Gestão no Agronegócio<br />

CAMILI DAL PAI; SANDRA CRISTINA <strong>DE</strong> MOURA BONJOUR; ELISANDRA<br />

MARISA ZAMBRA.<br />

UFMT, CUIABÁ - MT - BRASIL.<br />

Grupos de Pesquisa: Economia e Gestão no Agronegócio<br />

<strong>ANÁLISE</strong> <strong>DO</strong> <strong>PADRÃO</strong> <strong>DE</strong> COMPETITIVIDA<strong>DE</strong> <strong>DO</strong> COURO MATO-<br />

GROSSENSE<br />

Resumo:<br />

Este artigo propõe uma análise da competitividade do setor coureiro em Mato Grosso, no período entre 2002 e<br />

2008. O estado de Mato Grosso, como detentor do maior rebanho do Brasil, possui um grande fator competitivo<br />

diferencial para alavancar suas exportações no setor coureiro, desta forma, é mister que a cadeia produtiva de<br />

couro seja fruto de estudos e pesquisas de modo a identificar suas particularidades e delinear as diretrizes de<br />

condução do problema no aspecto macroeconômico. Através deste estudo verificou-se que o couro matogrossense<br />

apresenta vantagens comparativas apenas em sua produção no estágio wet blue. Esta cadeia produtiva<br />

não é diametralmente aproveitada, gerando custos de oportunidade que podem ser onerosos econômica e<br />

ambientalmente, cabe ser estimulado os diversos segmentos produtivos desta cadeia de modo a agregar valor,<br />

incentivando a redução dos estágios mais elaborados das peles a fim de alavancar o setor no estado. Este fato foi<br />

investigado através do cálculo do índice de vantagem comparativa revelada de Bela Balassa, onde foi constatado<br />

que a cadeia do couro quando analisada de forma mais abrangente, considerando as peles em estágios mais<br />

elaborados, não apresenta poder de competitividade em relação ao resto do país.<br />

Palavras-chave: competitividade, couro, vantagem comparativa<br />

INTRODUÇÃO<br />

Mato Grosso possui o maior rebanho bovino do Brasil, compreendendo em 2007,<br />

cerca de 25 milhões de cabeças, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Um<br />

rebanho tão numeroso permite pressupor que os subprodutos envolvidos neste complexo<br />

produtivo sejam bem desenvolvidos, todavia, esta prerrogativa não se verifica no Estado,<br />

dado que .<br />

Este trabalho propõe um estudo acerca da cadeia produtiva do couro mato-grossense,<br />

que apesar de envolver um crescente volume de peças produzidas e exportadas 1 , não é<br />

diametralmente competitiva, uma vez que não há agregação de valor na produção, que está<br />

concentrada na produção do couro wet blue, ou seja, no estágio inicial da cadeia.<br />

O couro produzido em Mato Grosso tem seu desempenho limitado inclusive, pela<br />

baixa qualidade das peles 2 . O processo pode ser defeituoso ainda em função de embarque e<br />

desembarque malconduzidos, de falhas no processo de transporte, de manejo incorreto dos<br />

animais e instalações inadequadas no frigorífico, ou ainda por esfola malfeita.<br />

1 Segundo dados da secretaria de Comércio Exterior (SECEX), já no primeiro semestre de2009 representou ao<br />

15º principal produto exportado por Mato Grosso<br />

2 Os entraves ocorrem já na propriedade rural, onde se estima que ocorra cerca de 60% dos defeitos no couro e<br />

são causados por: a) marcação a fogo —10%; b) arame farpado, ferrão e outros —5%; c) galhos, espinhos e<br />

outros — 5%; e) ectoparasitos — 40%. (GOMES,2001)


Fatos como este, é que trazem a necessidade de tratar a problemática deste setor, a fim<br />

de identificar os estrangulamentos e os pontos fortes. Entende-se que o estado apresenta<br />

relativa vantagem na produção do couro, em virtude do numerário de seu rebanho.<br />

Especificamente objetiva-se estimar o índice de vantagem comparativa revelada para<br />

analisar competitividade do couro mato-grossense em relação ao couro brasileiro; e desta<br />

forma, analisar os pontos fortes e pontos de estrangulamento do setor, que propiciam o<br />

crescimento ou a diminuição de sua representatividade e por fim, através dos resultados<br />

obtidos, delinear diretrizes para a condução da produção do produto no estado, de modo a<br />

conscientizar os agentes envolvidos.<br />

Metodologia<br />

A teoria das vantagens comparativas de Ricardo 3 é a base teórica do índice de<br />

vantagens comparativas reveladas proposto por Bela Balassa (1965). Através deste índice<br />

pode-se identificar a estrutura das exportações de uma região, estado ou país, ou seja, permite<br />

identificar qual a importância do produto analisado nas exportações do mercado em estudo,<br />

além de identificar quais os produtos apresentam melhor competitividade no espaço<br />

empregado. (CORONEL et. al. 2007)<br />

Portanto, pode-se dizer que, à luz da teoria de Ricardo, Mato Grosso, sendo o maior<br />

produtor de carnes do país, deve possuir vantagem comparativa em relação ao restante do<br />

Brasil nas atividades ligadas a este complexo, portanto, um incentivo produtivo a atividades<br />

ligadas à pecuária, através de um plano de desenvolvimento profundo e integrado neste setor,<br />

traria um adicional de competitividade para o estado.<br />

O índice é representado pela seguinte expressão:<br />

( X<br />

IVCR J =<br />

( X<br />

i,<br />

j<br />

w,<br />

j<br />

/ X<br />

/ X<br />

i<br />

)<br />

w<br />

)<br />

Onde X ij = valor das exportações mato-grossenses de couro;<br />

X i = valor total das exportações mato-grossenses;<br />

X wj = valor total das exportações brasileiras de couro;<br />

X w = valor total das brasileiras mundiais.<br />

Para valores superiores a um, apresentados pelo índice, pode-se dizer que o estado<br />

possui vantagem comparativa revelada para as exportações de couro. Entretanto, se o valor do<br />

índice for inferior a um entende-se que o estado não possui vantagem comparativa revelada na<br />

exportação do produto estudado. Portanto, quanto mais alto o valor do IVCR, maior será a<br />

vantagem comparativa do país.<br />

Os dados utilizados foram obtidos através do Sistema de Análise das Informações de<br />

Comércio Exterior, denominado ALICE-Web, da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX),<br />

do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). As categorias<br />

3 Os estudos de David Ricardo em 1817, verificaram que os países devem especializar-se na produção das<br />

mercadorias para as quais possuem alguma vantagem competitiva na produção das mesmas, desta conclusão é<br />

foi derivada a Teoria das Vantagens Comparativas. Teoria esta, que trata-se de um avanço ao pensamento<br />

preconizado por Adam Smith através da teoria das vantagens absolutas. As vantagens comparativas são descritas<br />

num cenário de livre comércio entre as nações, onde cada nação deve dedicar seu capital e trabalho à produção<br />

da atividade que lhe seja mais benéfica, onde a otimização dos fatores de produção gera eficiência econômica e<br />

provoca o intercambio entre as nações. (RICAR<strong>DO</strong>, 1817)


utilizadas na análise foram obtidas através da Balança Comercial mato-grossense de 2009,<br />

onde foram identificados sete desdobramentos do setor coureiro entre os 100 produtos mais<br />

exportados pelo estado no período entre janeiro e setembro de 2009. Fora realizado ainda o<br />

cálculo para os quatro primeiros elementos, que representam a exportação nos estágios<br />

iniciais do couro. Assim, foram coletados os valores relativos às exportações em moeda<br />

americana (US$) compreendidas entre 2002 e 2008.<br />

Considerações finais<br />

Através deste estudo verificou-se que o couro mato-grossense apresenta vantagens<br />

comparativas apenas em sua produção no estágio wet blue. Esta cadeia produtiva não é<br />

diametralmente aproveitada, gerando custos de oportunidade que podem ser onerosos<br />

econômica e ambientalmente, cabe ser estimulado os diversos segmentos produtivos desta<br />

cadeia de modo a agregar valor, incentivando a produção dos estágios mais elaborados das<br />

peles a fim de alavancar o setor no estado. Constatou-se que a cadeia do couro quando<br />

analisada de forma mais abrangente, considerando as peles mais elaboradas, não apresenta<br />

poder de competitividade em relação ao resto do país.<br />

Portanto, pode-se concluir que o fato de o estado possuir o maior rebanho bovino do<br />

país não tem constituído uma vantagem comparativa no setor coureiro.<br />

Inúmeros fatores podem ser permeados quando feita uma analise nacional do setor,<br />

podem ser identificados os mesmos percalços identificados em Mato Grosso, dentre os fatores<br />

que poderiam solucionar este entrave pode-se citar a desoneração da produção, através da<br />

criação de linhas de crédito e instrumentos de fomento público e privado, a fim de induzir<br />

melhoria da qualidade dos insumos, a capacitação tecnológica, culminando com a melhoria da<br />

qualidade e produtividade.<br />

REFERÊNCIAS<br />

BALASSA, B. Trade Liberazition and “Revealed” Comparative Advantage. The<br />

Manchester School of Economic and Social Studies, 1965.<br />

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Balança<br />

Comercial. Brasília. Disponível em . Acesso em: 10 de jan. 2010.<br />

CORONEL, D.A.; MACHA<strong>DO</strong>, J.A.D.; PEDROZO, E.A.; AMARAL e SILVA, M.<br />

Vantagens comparativas reveladas e orientação regional da soja brasileira em relação à<br />

China. In: XLV CONGRESSO DA SOCIEDA<strong>DE</strong> BRASILEIRA <strong>DE</strong> ECONOMIA,<br />

ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL. Londrina, Anais, 2007. CD-ROM. p.1-20.<br />

GOMES, A. Aspectos da cadeia produtiva do couro bovino no Brasil e em Mato Grosso<br />

do Sul. In: REUNIÕES TÉCNICAS SOBRE COUROS E PELES, 2001, Campo Grande.<br />

Palestras e proposições. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2002. p. 61-72.<br />

(Embrapa Gado de Corte. Documentos, 127).<br />

IBGE. Banco de Dados Agregados. Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA.<br />

Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 13 de janeiro de 2010


RICAR<strong>DO</strong>, D. Princípios de economia política e tributação, com a introdução de Piero<br />

Sraffa. Apresentação de Paul Singer. Tradução de Paulo Henrique Ribeiro Sandroni. São<br />

Paulo: Abril Cultural, 1982. (Os Economistas)

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