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Letícia Rosa Marques - XI Encontro Estadual de História – ANPUH-RS

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por outros Farroupilhas.<br />

Amigo pessoal e aliado político <strong>de</strong> Bento Gonçalves da Silva e <strong>de</strong> Domingos José<br />

<strong>de</strong> Almeida, Mattos se utilizou <strong>de</strong>ssas laços como forma <strong>de</strong> ascen<strong>de</strong>r e se consolidar como<br />

uma importe figura política do período.<br />

Com a proteção dos então “amigos”, Mattos foi Ministro da Guerra, da Marinha e<br />

do Exterior, Vice-Presi<strong>de</strong>nte da República Rio-Gran<strong>de</strong>nse e Presi<strong>de</strong>nte em substituição a<br />

Bento Gonçalves em algumas passagens <strong>de</strong> período entre 1839 a 1841.<br />

Embora Mattos tenha conquistado aos poucos o respeito <strong>de</strong> seus companheiros,<br />

muitos ainda <strong>de</strong>ixavam evi<strong>de</strong>nte o seu <strong>de</strong>sgosto em ter um mulato nas posições <strong>de</strong><br />

comando.<br />

Antônio Vicente da Fontoura, membro da li<strong>de</strong>rança Farroupilha e um dos<br />

responsáveis pelas tratativas <strong>de</strong> Paz em 1845, em cartas <strong>de</strong>stinadas a sua esposa Clarinda,<br />

que datam do período entre 1844 a 1845, <strong>de</strong>ixa evi<strong>de</strong>nte o seu <strong>de</strong>scontentamento perante<br />

os cargos por Mattos ocupado.<br />

Fazendo referências diretas a cor do Ministro, que ele consi<strong>de</strong>rava como sendo<br />

“o monstro dos monstros”, Fontoura em carta do dia 23 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1844 ao se referir<br />

a Mattos menciona: “Este maldito mulato, mais falso que Judas, mais inepto que<br />

Sardanapalo, teve em 1835 a diabólica habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ascen<strong>de</strong>r o facho da guerra civil em<br />

nossa querida pátria [...]”(FONTOURA, 1984: 33).<br />

Fazendo severas criticas a condição <strong>de</strong> mulato, como forma <strong>de</strong> diminuir a força<br />

política e i<strong>de</strong>ológica <strong>de</strong> Mattos, Fontoura <strong>de</strong>ixa evi<strong>de</strong>nte a sua leitura perante este<br />

personagem, bem como as divergências existentes <strong>de</strong>ntro da própria li<strong>de</strong>rança 10 , cujos<br />

interesses e i<strong>de</strong>ais eram bastante distintos, alimentando um sentimento muitas vezes <strong>de</strong><br />

rivalida<strong>de</strong> que era “contido” durante este período, em vista <strong>de</strong> alguns interesses e <strong>de</strong> um<br />

mesmo “inimigo” em comum: o Império.<br />

Apesar das criticas, Mattos conseguiu se manter no po<strong>de</strong>r, fazendo com nas<br />

eleições para Deputado 11 da Assembleia Constituinte do Estado em 1842, fosse o oitavo<br />

<strong>de</strong>putado mais votado, eleito com 2,694 votos 12 .<br />

Mas ao estudarmos a participação <strong>de</strong> Mattos na Revolução Farroupilha,<br />

evi<strong>de</strong>nciamos através das fontes que o círculo <strong>de</strong> relações <strong>de</strong>ste personagem, ultrapassou<br />

as fronteiras da então República Rio-Gran<strong>de</strong>nse, on<strong>de</strong> o mesmo ao entrar em contato com<br />

10 A li<strong>de</strong>rança do movimento farroupilha apresentou divisões internas no que se refere a interesses políticos<br />

e i<strong>de</strong>ológicos, ficando conhecidos então pelo grupo da maioria representado por nomes como Bento<br />

Gonçalves da Silva, Domingos <strong>de</strong> Almeida, José Marianno <strong>de</strong> Mattos e o grupo da minoria, do qual faziam<br />

parte Antonio Vicente da Fontoura, Onofre Pires e Canabarro.<br />

11 Vale lembrar que consi<strong>de</strong>rado cidadão, a partir da Constituição <strong>de</strong> 1824 (com exceção dos escravos),<br />

o “ingênuo”, ou seja, aquele que não tivesse nascido escravo, ou fosse <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> escravo liberto, se<br />

renda tivesse, “po<strong>de</strong>riam exercer plenamente todos os direitos políticos da jovem monarquia” (MATTOS,<br />

2009, p.358).<br />

12 O AMERICANO, Jornal <strong>de</strong> Alegrete, nº 4, <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1842, p. 207.<br />

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