Letícia Rosa Marques - XI Encontro Estadual de História – ANPUH-RS

Partindo destes questionamentos, que o presente artigo ao trazer como objeto
principal de seu estudo o mulato José Marianno de Mattos, Ministro da Guerra, da
Marinha e do Exterior da República Rio-Grandense 4 , pretende compreender como um
então homem de cor conseguiu ocupar cargos que a historiografia sempre destacou como
pertencentes a uma elite 5 branca.
Perpassando por diversos espaços sociais, conseguimos observar ao longo deste
trabalho, alguns dos caminhos trilhados por Mattos e os cargos/posições por este ocupados
junto ao movimento
Estudando a sua trajetória, evidenciamos a força política que este indivíduo
adquiriu ao longo do movimento e como esta ultrapassou a então República, uma vez que
Mattos foi enviado durante este período, como intermediador na Região do Prata, para
tratar diretamente dos interesses Farroupilhas, junto a Fructuoso Rivera, militar e político
uruguaio.
Considerando a contribuição do uso das correspondências como fontes histórias, e
como estas se tornam fundamentais para uma maior compreensão de como o seu locutor,
e os indivíduos em geral evidenciam “a relevância de dotar o mundo que os rodeia de
significados especiais, relacionados com suas próprias vidas” (GOMES, 2004:11), ao
utilizarmos neste texto as cartas dos Encarregados de Negócios de Montevideo 6 como
fontes documentais 7 , podemos acompanhar um pouco da atuação de José Marianno de
Mattos nessa região e como esta foi percebida pelos indivíduos que o rodeavam.
Um mulato no Prata
Carioca, nascido em 1801 no Rio de Janeiro, José Marianno de Mattos encontrou
na instituição Militar uma forma de se inserir em cargos mais elevados e de ir aos poucos
modificando sua condição social perante a sociedade.
Oriundo de família simples, Mattos ingressou como soldado no Exército e foi
através da Academia Militar que conseguimos acompanhar grande parte de sua trajetória
política e social.
4 A República Rio – Grandense foi proclamada em 11 de setembro de 1836, pelo então General Antônio
de Sousa Neto, após vitória conquistada na Batalha do Seival pelos farrapos.
5 Utiliza-se de Flávio Heinz ao se referir à elite, uma vez que para este, trata-se “de um termo empregado
em um sentido amplo e descritivo, que faz referências a categorias ou grupos que parecem ocupar o ‘topo’
de estruturas de autoridade ou de distribuição de recursos”. (HEINZ, 2006, p. 07).
6 Publicadas pelo Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, 1937.
7 Como fontes documentais, também utilizamos neste trabalho fés-de-Oficio -Arquivo Histórico do
Exército/RJ; Correspondência aos Presidentes da Província - Arquivo Histórico Nacional/RJ e Arquivo
Histórico do Rio Grande do Sul/RS- AHRGS ; Fundo das Autoridades Militares - Arquivo Histórico do
Rio Grande do Sul/RS - AHRGS; Cartas da Coleção Varella - CV; bem como jornais do período.
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