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Letícia Rosa Marques - XI Encontro Estadual de História – ANPUH-RS

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Resumo<br />

JOSÉ MARIANNO DE MATTOS: AS CORRESPONDÊNCIAS DE UM<br />

INTERMEDIADOR NO PRATA<br />

<strong>Letícia</strong> <strong>Rosa</strong> <strong>Marques</strong> 1*<br />

Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul - PUC<strong>RS</strong><br />

Este trabalho se propõe a estudar, através das correspondências vinculadas a Revolução<br />

Farroupilha (1835-1845), a atuação do mulato José Marianno <strong>de</strong> Mattos e o circulo <strong>de</strong><br />

relações que este estabeleceu no referido período. Ocupando importantes cargos durante<br />

a República Rio-Gran<strong>de</strong>nse, Mattos foi Deputado da Província, Ministro da Guerra, da<br />

Marinha e do Exterior, Vice-Presi<strong>de</strong>nte da República Rio-Gran<strong>de</strong>nse e Presi<strong>de</strong>nte em<br />

Substituição a Bento Gonçalves em algumas passagens <strong>de</strong> período entre 1839 a 1841. Mas<br />

sua participação não se limitou apenas a esse território, <strong>de</strong>sta forma objetivamos mostrar<br />

como suas relações ultrapassaram as fronteiras da então República Rio-Gran<strong>de</strong>nse, on<strong>de</strong><br />

José Marianno <strong>de</strong> Mattos ao ser enviado como intermediário para Montevidéu estabeleceu<br />

novos e importantes vínculos com figuras políticas <strong>de</strong>sta região.<br />

Palavras <strong>–</strong> Chave: José Marianno <strong>de</strong> Mattos; mulato; Montevidéu.<br />

Introdução<br />

Estudar a Revolução Farroupilha (1835-1845), sua história e seus personagens,<br />

nos permitem evi<strong>de</strong>nciar como <strong>de</strong>terminados assuntos, como a participação <strong>de</strong> negros e<br />

mulatos junto ao movimento farrapo, foram silenciados pela historiografia regional.<br />

Fazendo referências a li<strong>de</strong>rança Farroupilha, poucos trabalhos 2 enfatizaram a<br />

participação <strong>de</strong> mulatos no movimento farrapo e quando o fizeram, <strong>de</strong>stacaram a sua<br />

atuação apenas como soldados 3 , tanto da Cavalaria, quando da Infantaria.<br />

Mas se a presença <strong>de</strong> mulatos ocorresse também em outros segmentos <strong>de</strong>sta<br />

socieda<strong>de</strong>? E se o Ministério <strong>–</strong> cargo almejado por muitos Farroupilhas, fosse ocupado<br />

por um individuo mulato?<br />

1 * Mestranda em <strong>História</strong>, bolsista CAPES. E-mail: leti_rmarques@yahoo.com.br<br />

2 Ver Moacyr Flores (2004), Daniela Vallandro <strong>de</strong> Carvalho e Vinicius Pereira <strong>de</strong> Oliveira (2009), Juremir<br />

Machado da Silva (2010).<br />

3 Formado em 12 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1836 o 1º Corpo <strong>de</strong> Cavalaria <strong>de</strong> Lanceiros Negros, teve um papel fundamental<br />

na Batalha do Seival, fazendo com que alguns anos mais tar<strong>de</strong>, mais precisamente em 31 <strong>de</strong> agosto<br />

<strong>de</strong> 1838, fosse criado o 2º Corpo <strong>de</strong> Lanceiros Negros.<br />

1419


Partindo <strong>de</strong>stes questionamentos, que o presente artigo ao trazer como objeto<br />

principal <strong>de</strong> seu estudo o mulato José Marianno <strong>de</strong> Mattos, Ministro da Guerra, da<br />

Marinha e do Exterior da República Rio-Gran<strong>de</strong>nse 4 , preten<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r como um<br />

então homem <strong>de</strong> cor conseguiu ocupar cargos que a historiografia sempre <strong>de</strong>stacou como<br />

pertencentes a uma elite 5 branca.<br />

Perpassando por diversos espaços sociais, conseguimos observar ao longo <strong>de</strong>ste<br />

trabalho, alguns dos caminhos trilhados por Mattos e os cargos/posições por este ocupados<br />

junto ao movimento<br />

Estudando a sua trajetória, evi<strong>de</strong>nciamos a força política que este indivíduo<br />

adquiriu ao longo do movimento e como esta ultrapassou a então República, uma vez que<br />

Mattos foi enviado durante este período, como intermediador na Região do Prata, para<br />

tratar diretamente dos interesses Farroupilhas, junto a Fructuoso Rivera, militar e político<br />

uruguaio.<br />

Consi<strong>de</strong>rando a contribuição do uso das correspondências como fontes histórias, e<br />

como estas se tornam fundamentais para uma maior compreensão <strong>de</strong> como o seu locutor,<br />

e os indivíduos em geral evi<strong>de</strong>nciam “a relevância <strong>de</strong> dotar o mundo que os ro<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

significados especiais, relacionados com suas próprias vidas” (GOMES, 2004:11), ao<br />

utilizarmos neste texto as cartas dos Encarregados <strong>de</strong> Negócios <strong>de</strong> Montevi<strong>de</strong>o 6 como<br />

fontes documentais 7 , po<strong>de</strong>mos acompanhar um pouco da atuação <strong>de</strong> José Marianno <strong>de</strong><br />

Mattos nessa região e como esta foi percebida pelos indivíduos que o ro<strong>de</strong>avam.<br />

Um mulato no Prata<br />

Carioca, nascido em 1801 no Rio <strong>de</strong> Janeiro, José Marianno <strong>de</strong> Mattos encontrou<br />

na instituição Militar uma forma <strong>de</strong> se inserir em cargos mais elevados e <strong>de</strong> ir aos poucos<br />

modificando sua condição social perante a socieda<strong>de</strong>.<br />

Oriundo <strong>de</strong> família simples, Mattos ingressou como soldado no Exército e foi<br />

através da Aca<strong>de</strong>mia Militar que conseguimos acompanhar gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> sua trajetória<br />

política e social.<br />

4 A República Rio <strong>–</strong> Gran<strong>de</strong>nse foi proclamada em 11 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1836, pelo então General Antônio<br />

<strong>de</strong> Sousa Neto, após vitória conquistada na Batalha do Seival pelos farrapos.<br />

5 Utiliza-se <strong>de</strong> Flávio Heinz ao se referir à elite, uma vez que para este, trata-se “<strong>de</strong> um termo empregado<br />

em um sentido amplo e <strong>de</strong>scritivo, que faz referências a categorias ou grupos que parecem ocupar o ‘topo’<br />

<strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> recursos”. (HEINZ, 2006, p. 07).<br />

6 Publicadas pelo Arquivo Nacional, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1937.<br />

7 Como fontes documentais, também utilizamos neste trabalho fés-<strong>de</strong>-Oficio -Arquivo Histórico do<br />

Exército/RJ; Correspondência aos Presi<strong>de</strong>ntes da Província - Arquivo Histórico Nacional/RJ e Arquivo<br />

Histórico do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul/<strong>RS</strong>- AHRGS ; Fundo das Autorida<strong>de</strong>s Militares - Arquivo Histórico do<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul/<strong>RS</strong> - AHRGS; Cartas da Coleção Varella - CV; bem como jornais do período.<br />

1420


Consi<strong>de</strong>rando que as promoções militares po<strong>de</strong>riam seguir critérios como<br />

merecimento, “[...] visto que a lei só manda premiar serviços relevantes, e não por<br />

antiguida<strong>de</strong> ou preteriçoens [...] Palácio do Rio <strong>de</strong> Janeiro em 12 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1838 =<br />

Sebastião do Rego Barros” 8 . Mattos se utilizou <strong>de</strong>sses fatores, bem como das relações<br />

pessoais e do fato <strong>de</strong>le ser letrado, para ir alcançando postos e se <strong>de</strong>stacando nesta<br />

instituição.<br />

Dessa forma po<strong>de</strong>mos evi<strong>de</strong>nciar a presença <strong>de</strong> pequenos, mas existentes espaços<br />

<strong>de</strong> movimentação que po<strong>de</strong>riam, em alguns casos, ser usados também por mulatos no<br />

século <strong>XI</strong>X.<br />

O mulato integrava nesse período um grupo que era excluído socialmente até<br />

o momento em que outros fatores pu<strong>de</strong>ssem ser mais relevantes que sua cor, como sua<br />

condição socioeconômica ou a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações a qual este pertencia, uma vez que segundo<br />

Roberto Gue<strong>de</strong>s (2008) “as relações pessoais podiam <strong>de</strong>finir sua cor/ condição social,<br />

que, <strong>de</strong> modo algum era fixa, mas variável <strong>de</strong> acordo com as circunstâncias sociais”<br />

(2008: 100). E foi através <strong>de</strong>ssas “possibilida<strong>de</strong>s” que Mattos conseguiu ir, aos poucos,<br />

se inserindo em novos postos/espaços.<br />

A história <strong>de</strong> Mattos se cruza com a da Revolução Farroupilha em 1830, quando<br />

este então Major, é enviado a Rio Pardo, on<strong>de</strong> se manteve até os anos que antece<strong>de</strong>ram a<br />

Revolução.<br />

Assumindo o Comandando da Artilharia no quartel <strong>de</strong>ssa localida<strong>de</strong>, foi nesse<br />

período que Mattos começou a ter um contato mais direto tanto com pessoas, quanto com<br />

os i<strong>de</strong>ais Farroupilhas que se difundiam nessa região, fazendo com que este personagem<br />

não só se influenciasse, como acabasse se tornando um <strong>de</strong> seus lí<strong>de</strong>res mais fervorosos.<br />

Nos anos que a antece<strong>de</strong>ra, foi alvo <strong>de</strong> críticas <strong>de</strong> José Mariani, em correspondência<br />

<strong>de</strong>stinada ao Marechal-<strong>de</strong>-campo Sebastião Barreto Pereira Pinto, do dia 29 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong><br />

1833, on<strong>de</strong> Mariani ao se referir a Mattos, <strong>de</strong>clara:<br />

O procedimento <strong>de</strong>ste oficial faz-se tanto mais estranhável quanto naquele<br />

mesmo dia tendo prevenido a V. Exa. que dispusesse a tropa da guarnição da<br />

cida<strong>de</strong> para manter a tranqüilida<strong>de</strong> pública ameaçada por aqueles inquietos<br />

homens, ele não só não se achava no seu quartel [1v.], mas até com a sua<br />

presença dava maior importância a um ato que nunca <strong>de</strong>vera prestar-se 9 .<br />

Com a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> Mattos ao grupo dos Farrapos, este acaba sendo afastado<br />

<strong>de</strong> Rio Pardo e se vinculando ao movimento, passando a ocupar cargos muito almejados<br />

8 Ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> Correspondências, Assunto: promoções militares, Série: Revoluções internas, Sub série:<br />

Guerra dos Farrapos, Arquivo Histórico do Exército na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ.<br />

9 Correspondência do Acervo do AHRGS, CV- 5677, 29 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1833.<br />

1421


por outros Farroupilhas.<br />

Amigo pessoal e aliado político <strong>de</strong> Bento Gonçalves da Silva e <strong>de</strong> Domingos José<br />

<strong>de</strong> Almeida, Mattos se utilizou <strong>de</strong>ssas laços como forma <strong>de</strong> ascen<strong>de</strong>r e se consolidar como<br />

uma importe figura política do período.<br />

Com a proteção dos então “amigos”, Mattos foi Ministro da Guerra, da Marinha e<br />

do Exterior, Vice-Presi<strong>de</strong>nte da República Rio-Gran<strong>de</strong>nse e Presi<strong>de</strong>nte em substituição a<br />

Bento Gonçalves em algumas passagens <strong>de</strong> período entre 1839 a 1841.<br />

Embora Mattos tenha conquistado aos poucos o respeito <strong>de</strong> seus companheiros,<br />

muitos ainda <strong>de</strong>ixavam evi<strong>de</strong>nte o seu <strong>de</strong>sgosto em ter um mulato nas posições <strong>de</strong><br />

comando.<br />

Antônio Vicente da Fontoura, membro da li<strong>de</strong>rança Farroupilha e um dos<br />

responsáveis pelas tratativas <strong>de</strong> Paz em 1845, em cartas <strong>de</strong>stinadas a sua esposa Clarinda,<br />

que datam do período entre 1844 a 1845, <strong>de</strong>ixa evi<strong>de</strong>nte o seu <strong>de</strong>scontentamento perante<br />

os cargos por Mattos ocupado.<br />

Fazendo referências diretas a cor do Ministro, que ele consi<strong>de</strong>rava como sendo<br />

“o monstro dos monstros”, Fontoura em carta do dia 23 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1844 ao se referir<br />

a Mattos menciona: “Este maldito mulato, mais falso que Judas, mais inepto que<br />

Sardanapalo, teve em 1835 a diabólica habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ascen<strong>de</strong>r o facho da guerra civil em<br />

nossa querida pátria [...]”(FONTOURA, 1984: 33).<br />

Fazendo severas criticas a condição <strong>de</strong> mulato, como forma <strong>de</strong> diminuir a força<br />

política e i<strong>de</strong>ológica <strong>de</strong> Mattos, Fontoura <strong>de</strong>ixa evi<strong>de</strong>nte a sua leitura perante este<br />

personagem, bem como as divergências existentes <strong>de</strong>ntro da própria li<strong>de</strong>rança 10 , cujos<br />

interesses e i<strong>de</strong>ais eram bastante distintos, alimentando um sentimento muitas vezes <strong>de</strong><br />

rivalida<strong>de</strong> que era “contido” durante este período, em vista <strong>de</strong> alguns interesses e <strong>de</strong> um<br />

mesmo “inimigo” em comum: o Império.<br />

Apesar das criticas, Mattos conseguiu se manter no po<strong>de</strong>r, fazendo com nas<br />

eleições para Deputado 11 da Assembleia Constituinte do Estado em 1842, fosse o oitavo<br />

<strong>de</strong>putado mais votado, eleito com 2,694 votos 12 .<br />

Mas ao estudarmos a participação <strong>de</strong> Mattos na Revolução Farroupilha,<br />

evi<strong>de</strong>nciamos através das fontes que o círculo <strong>de</strong> relações <strong>de</strong>ste personagem, ultrapassou<br />

as fronteiras da então República Rio-Gran<strong>de</strong>nse, on<strong>de</strong> o mesmo ao entrar em contato com<br />

10 A li<strong>de</strong>rança do movimento farroupilha apresentou divisões internas no que se refere a interesses políticos<br />

e i<strong>de</strong>ológicos, ficando conhecidos então pelo grupo da maioria representado por nomes como Bento<br />

Gonçalves da Silva, Domingos <strong>de</strong> Almeida, José Marianno <strong>de</strong> Mattos e o grupo da minoria, do qual faziam<br />

parte Antonio Vicente da Fontoura, Onofre Pires e Canabarro.<br />

11 Vale lembrar que consi<strong>de</strong>rado cidadão, a partir da Constituição <strong>de</strong> 1824 (com exceção dos escravos),<br />

o “ingênuo”, ou seja, aquele que não tivesse nascido escravo, ou fosse <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> escravo liberto, se<br />

renda tivesse, “po<strong>de</strong>riam exercer plenamente todos os direitos políticos da jovem monarquia” (MATTOS,<br />

2009, p.358).<br />

12 O AMERICANO, Jornal <strong>de</strong> Alegrete, nº 4, <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1842, p. 207.<br />

1422


Montevidéu, estabeleceu novos e importante vínculos com figuras políticas <strong>de</strong>sta região.<br />

Sinalizado pelo Encarregado dos Negócios Interino e Consul Geral do Brasil<br />

Manoel DÁlmeida Vasconcellos a relação existente entre os políticos Orientaes e alguns<br />

lí<strong>de</strong>res Farroupilhas, este menciona em carta do dia 25 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1831, <strong>de</strong>stinada<br />

ao Império : “Fui mais informado, que entre as principaes pessoas <strong>de</strong>sta Republica e<br />

algumas das do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul existem correspondências secretas ten<strong>de</strong>ntes a <strong>de</strong>sunir<br />

aquella Provincia das mais do Imperio...” 13<br />

Havendo o que o Encarregado apontaria como relações <strong>de</strong> inteligência entre<br />

Fructo e os Farroupilhas, este confirmaria o que antes já havia percebido:<br />

São muitos os factos apontados <strong>de</strong> ter o inimigo passado e repassado a linha<br />

divisória, recebido soccorro <strong>de</strong> todo o gênero, principalmente cavallos, e mesmo<br />

reunido naquelle Estado por vezes, gente tanto Brasileira como Subditos da<br />

Republica, para invadir o territorio <strong>de</strong>sta Provincia, como tem sucedido em<br />

muitos pontos, com a maior connivencia ou consentimento das autorida<strong>de</strong>s<br />

Orientaes. 14<br />

Nesta mesma carta ainda enfatiza:<br />

Em seus actos públicos os rebel<strong>de</strong>s sempre manifestarão que a Republica os<br />

protegia, e assim o affiançava o mesmo chefe Bento Gonçalves. Os rebel<strong>de</strong>s<br />

mandarão differentes enviados a Montevidéo, on<strong>de</strong> he <strong>de</strong> se suppor que alguma<br />

cousa hião tratar em seu beneficio, e até mesmo o chefe teve huma entrevista<br />

com o Snr. Presi<strong>de</strong>nte da Republica logo no começo da sedição. 15<br />

Dentre os enviados, José Marianno <strong>de</strong> Mattos se apresentou como um nome capaz<br />

para estreitar estes laços.<br />

Em carta do dia 2 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1839, é anunciada a sua chegada por representantes<br />

das forças Imperiais: “O rebel<strong>de</strong> José Mariano <strong>de</strong> Matos e seus companheiros chegados<br />

á pouco á esta Capital, sem embaraço algum apresentão-se em público com o tope e as<br />

divisas do intitulado Estado Rio-Gran<strong>de</strong>nse” 16<br />

Designado como Ministro Plenipotenciário, durante o período em que assumiu a<br />

13 Documentos do Itamaraty, Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Correspondências dos Encarregados<br />

<strong>de</strong> Negócios em Montevi<strong>de</strong>o; 1831-1840.<br />

14 Correspondência para a Corte, Encarregado <strong>de</strong> Negócios em Montevi<strong>de</strong>o, Publicações do Arquivo<br />

Nacional/RJ: 1937.<br />

15 Correspondência para a Corte, Encarregado <strong>de</strong> Negócios em Montevi<strong>de</strong>o , Publicações do Arquivo<br />

Nacional/RJ: 1937.<br />

16 Correspondência para a Corte, Encarregado <strong>de</strong> Negócios em Montevi<strong>de</strong>o <strong>–</strong> Pedro Rodrigues Fernan<strong>de</strong>s<br />

Chaves , Publicações do Arquivo Nacional/RJ: 1937.<br />

1423


Presidência da República 17 , com se<strong>de</strong> na então Piratini, Mattos foi enviado para estabelecer<br />

contato com Rivera e assim estimular o que <strong>de</strong>nominariam <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> “amiza<strong>de</strong>”<br />

e ajuda mutua.<br />

Em correspondências para a Corte dos Encarregados dos Negócios,<br />

compreen<strong>de</strong>mos, mesmo que em parte, como se foi proce<strong>de</strong>ndo esse contato e os frutos<br />

por eles alcançados.<br />

Em carta do dia 26 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1841, Domingos José <strong>de</strong> Almeida comunica a falta<br />

<strong>de</strong> cavalos pelas quais os farrapos passavam, solicitando a Mattos:<br />

Empenhe pois tudo ao seu alcance, obtenha <strong>de</strong> S. Exª. O Sr. D. Fructo mil<br />

cavalos, e nos envie a Santana ao Tenente-Coronel Morais, sem perda <strong>de</strong> tempo.<br />

V. Exª não faz i<strong>de</strong>ia do estado <strong>de</strong>plorável daquele Exército: eu consi<strong>de</strong>ro prestes<br />

o reconhecimento <strong>de</strong> nossa In<strong>de</strong>pendência e coroados nossos trabalhos 18 .<br />

Mas não foi apenas aos interesses coletivos dos Farroupilhas que o então Ministro<br />

<strong>de</strong>dicou os seus esforços, fazendo com que Rivera aten<strong>de</strong>sse também algumas concessões<br />

particulares.<br />

Importante frisar que essa proximida<strong>de</strong> entre ambos, <strong>de</strong>sagradava em partes os<br />

conterrâneos <strong>de</strong> Rivera, principalmente quando o assunto estava relacionado com recursos<br />

financeiros, mais precisamente as remessas <strong>de</strong> dinheiro que este enviava a família <strong>de</strong><br />

Bento Gonçalves e Mattos, tendo como justificativa “não só pelos apuros que estão, como<br />

também para os amaciar” 19 .<br />

Fructuoso Rivera, por sua vez, ao tentar buscar uma posição <strong>de</strong> mediação, na<br />

verda<strong>de</strong> buscava meios <strong>de</strong> tirar partido <strong>de</strong> ambos os lados, tanto Império, quanto os<br />

Farroupilhas.<br />

Lima relata:<br />

Em carta <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1841. O encarregado do Império José Diaz da Cruz<br />

Pelo que tenho ouvido me convenço mais da sagacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> D. Fructo. Elle está<br />

acostumado a fazer sempre a sua vonta<strong>de</strong>, ainda que o parecer dos Ministros<br />

seja contrario; e o que concluo He que elle estuda o meio <strong>de</strong> tirar partido <strong>de</strong><br />

ambos, do Império e dos Farrapos 20 .<br />

17 Mattos substituiu Bento Gonçalves na Presidência da República Rio-Gran<strong>de</strong>nse em algumas passagens<br />

<strong>de</strong> período entre 1839 e 1841.<br />

18 Coleção Varella <strong>–</strong>CV 1630, 26 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1841.<br />

19 Correspondência para a Corte, Encarregado <strong>de</strong> Negócios em Montevi<strong>de</strong>o, Publicações do Arquivo<br />

Nacional/RJ.<br />

20 Correspondência para a Corte, Encarregado <strong>de</strong> Negócios em Montevi<strong>de</strong>o, Publicações do Arquivo<br />

Nacional/RJ.<br />

1424


Nesse jogo <strong>de</strong> intriga e po<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> aliados e inimigos, Mattos se mostrava um gran<strong>de</strong><br />

articulador, consolidando cada vez mais a sua influência no movimento e o respaldo que<br />

tinha ao ser <strong>de</strong>signado para essa tarefa.<br />

O então mulato, não só circulava entre os lí<strong>de</strong>res Farroupilhas, mas também entre<br />

as principais figuras políticas da região do Prata.<br />

Retornando da sua missão, Mattos que já tinha estabelecido laços pessoais na<br />

República Rio-Gran<strong>de</strong>nse ao se casar com Isabel Leonor Meirelles <strong>de</strong> Mattos, se manteve<br />

a frente do movimento até os seus anos finais.<br />

A Revolução Farroupilha, teve o seu <strong>de</strong>sfecho em 1º <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1845, com a<br />

assinatura do Tratado <strong>de</strong> Ponche Ver<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> os conflitos entre farroupilhas e imperiais<br />

foram oficialmente terminados, colocando fim a Revolução Farroupilha e a República<br />

Rio-Gran<strong>de</strong>nse. Para Helga Piccolo (1985) “quando o governo monárquico e os farrapos<br />

compreen<strong>de</strong>ram que um precisava do outro, o acordo se concretizou” (1985: 57) resultando<br />

assim no que também ficou conhecido como a “Paz” <strong>de</strong> Ponche Ver<strong>de</strong>.<br />

Após este período, os principais lí<strong>de</strong>res farroupilhas tiveram diferentes <strong>de</strong>sfechos.<br />

Mattos chegou a ser preso, mais foi anistiado e readmitido as forças militares Imperiais.<br />

Retornando a então Província <strong>de</strong> São Pedro, quando já nomeado Tenente Coronel,<br />

Mattos foi novamente mandado servir nessa região no período <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1851 a agosto<br />

<strong>de</strong> 1852. Nesta mesma época também participou da Guerra entre Oribe e <strong>Rosa</strong>s (1851-<br />

1852), como Ajudante-Geral do Exército sob o comando <strong>de</strong> Caxias.<br />

Sendo o farrapo que ascen<strong>de</strong>u mais alto na hierarquia militar, Mattos foi Ministro<br />

da Guerra do Império em 1864.<br />

José Zeferino da Cunha (1902) ao fazer referência a outro importante lí<strong>de</strong>r do<br />

movimento farrapo, Domingos José <strong>de</strong> Almeida, que vale lembrar também teve a questão<br />

<strong>de</strong> sua cor como algo pouco trabalhado pela historiografia 21 , enfatiza esta questão ao<br />

colocar que:<br />

[...] a Monarchia nunca teve para com elle o procedimento, que teve com o seu<br />

collega e amigo, o ex-ministro da guerra e marinha da Republica José Mariano<br />

<strong>de</strong> Mattos, que chegou até o cargo <strong>de</strong> ministro da Monarchia. (CUNHA, 1902,<br />

p. 32).<br />

Mas tal conquista foi usufruída por pouco tempo, já que neste período, após adoecer,<br />

Mattos precisou se afastar <strong>de</strong> suas funções, respon<strong>de</strong>ndo então pelo Ministério Francisco<br />

Carlos <strong>de</strong> Araújo Brusque (<strong>de</strong>putado e figura bastante conceituada no Parlamento) 22 .<br />

Mas, como Matos sendo um mulato conseguiu tamanho feito? A resposta para<br />

21 Autores como Padoin (1999), Flores (2004), Leitman (1985), Carrion (2005), Silva(2010) ao se referirem<br />

a Domingos José <strong>de</strong> Almeida, também fazem referência a sua cor, como este sendo mulato.<br />

22 Informações obtidas através da publicação <strong>de</strong> Theodorico Lopes e Gentil Torres intitulada “Ministros<br />

da Guerra do Brasil 1808-1950, 4ªed. Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1950.<br />

1425


este questionamento po<strong>de</strong> estar associada ao fato <strong>de</strong> que a “sua cor” era levada menos em<br />

consi<strong>de</strong>ração do que sua condição socioeconômica.<br />

Hofbauer (2003), em seu texto intitulado Conceito <strong>de</strong> “raça” e i<strong>de</strong>ário do<br />

“branqueamento” no século <strong>XI</strong>X <strong>–</strong> bases i<strong>de</strong>ológicas do racismo brasileiro, ao trabalhar<br />

a questão <strong>de</strong> cor/raça como construções i<strong>de</strong>ológicas vinculadas a contextos econômicos,<br />

históricos e sociais específicos, consi<strong>de</strong>ra que:<br />

[...]o individuo mesmo fisicamente aparentando uma tonalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pele mais<br />

escura que um escravo, sendo liberto e se renda e influências tivesse, po<strong>de</strong>ria<br />

em alguns casos ascen<strong>de</strong>r socialmente. Categorias como “branco”, “negro”,<br />

“mestiço”, “mulato”, etc, eram usadas não apenas para <strong>de</strong>screver, <strong>de</strong> forma<br />

“objetiva”, a pigmentação da pele ou o fenótipo <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado indivíduo.<br />

A ”percepção da cor” (ou do “fenótipo”) orientava-se também pelas relações<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r (status, dinheiro) bem como pelos contextos sociais específicos.<br />

(HOBFAUER, 2003: 76-77)<br />

O “ser negro” no período Imperial esteve associado muitas vezes à condição<br />

<strong>de</strong> escravo, fazendo com que alguns dos indivíduos que fossem consi<strong>de</strong>rados mulatos<br />

rejeitassem qualquer aproximação com a cor negra, visto que para uma possível ascensão<br />

social, quanto mais claro um individuo fosse, maior espaço <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> este encontraria<br />

na socieda<strong>de</strong>.<br />

Desta forma torna-se evi<strong>de</strong>nte, como nos esclarece Hofbauer (2003), à relação<br />

entre status social e a cor “branca”, bem como as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transformação da<br />

“cor da pele”, uma vez que cor po<strong>de</strong>ria ser visto também como uma “qualida<strong>de</strong>” 23 <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminado individiuo.<br />

Assim o mulato neste período encontrou um pequeno, mas existente espaço <strong>de</strong><br />

mobilida<strong>de</strong> social, e era esta mobilida<strong>de</strong>, segundo Gue<strong>de</strong>s, “ascen<strong>de</strong>nte e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte<br />

conforme as circunstâncias sociais, que transformava um pardo em branco, um branco em<br />

pardo, um pardo em negro...” (GUEDES, 2008: 102)<br />

Para este autor cor e posição social estavam diretamente relacionadas, po<strong>de</strong>ndo<br />

ser alteradas constantemente, uma vez que “a hierarquia e a posição social manifestas na<br />

cor eram fluidas e <strong>de</strong>pendiam <strong>de</strong> circunstâncias sociais, sendo reatualizadas, negociadas”.<br />

(GUEDES, 2008: 102).<br />

Foi <strong>de</strong>sta forma, que Mattos conseguiu ir transformando sua cor e fazendo com<br />

que esta fosse, em alguns casos, menos relevante que sua condição socioeconomia e sua<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações que se consolidava cada vez mais forte.<br />

O fato <strong>de</strong> Mattos ser enviado como intermediário para a região do Prata, não só<br />

evi<strong>de</strong>ncia a sua força e o seu papel <strong>de</strong>ntro do movimento farrapo como alguém capaz<br />

<strong>de</strong> conseguir dialogar com importantes figuras políticas, como também nos permite<br />

23 Ver sobre esse assunto Gue<strong>de</strong>s (2008: 97)<br />

1426


compreen<strong>de</strong>r que sua cor não se apresentou como impedimento suficiente para o<br />

<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>sta tarefa.<br />

Assim consi<strong>de</strong>rando Barros quando este coloca que a “construção social, muitas<br />

vezes não é dada pela natureza, mas sim elaborada pela <strong>História</strong>” (BARROS, 2009: 221)<br />

e sabendo que historiadores “po<strong>de</strong>m se constituir em artífices da construção <strong>de</strong> uma<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, nacional ou regional” (PESAVENTO, 1980: 385), trabalhar a trajetória <strong>de</strong><br />

Mattos é <strong>de</strong>stacar não apenas aspectos da <strong>História</strong> do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, mas também<br />

construção social do Brasil Imperial, suas concepções a respeito do “ser mulato” e como<br />

estas foram sendo internalizadas pela socieda<strong>de</strong> da época e pela historiografia que a<br />

estudou.<br />

Consi<strong>de</strong>rações Finais<br />

Mulato, carioca e Ministro. Ocupando cargos <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque durante a República<br />

Rio-Gran<strong>de</strong>nse, José Marianno <strong>de</strong> Mattos se apresenta como uma importante referência<br />

para compreen<strong>de</strong>rmos as construções sociais que envolveram o Brasil Imperial, on<strong>de</strong> a<br />

cor da pele po<strong>de</strong> muitas vezes ser consi<strong>de</strong>rado como um elemento a ser enfatizado, ou até<br />

mesmo <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> acordo com o individuo, a condição socioeconômica e as re<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> relações em questão.<br />

Integrando o Ministério, Mattos po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um dos principais lí<strong>de</strong>res do<br />

movimento, on<strong>de</strong> esteve à frente <strong>de</strong> importantes cargos e <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>ste período.<br />

Ao estudarmos a sua participação na Revolução Farroupilha, notamos ao longo das<br />

fontes que o circulo <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> Mattos, ultrapassou as fronteiras da então República<br />

Rio-Gran<strong>de</strong>nse, on<strong>de</strong> este teve importante atuação junto a forças políticas <strong>de</strong> Montevidéu,<br />

em especial com Fructuoso Rivera.<br />

Através das correspondências, torna-se evi<strong>de</strong>nte que Mattos ao ser enviado como<br />

Intermediário ao Prata, confirmou a posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque que ocupava neste movimento,<br />

como um gran<strong>de</strong> político e articulador, uma vez que conseguiu se manter nas posições <strong>de</strong><br />

comando e mesmo após a Farroupilha, ser anistiado e reintegrado a carreira Militar junto<br />

as forças Imperiais.<br />

Ao pontuarmos brevemente a trajetória <strong>de</strong> Mattos no movimento farrapo, buscamos<br />

enten<strong>de</strong>r melhor seu espaço <strong>de</strong> atuação neste período, on<strong>de</strong> sua cor embora lembrada em<br />

algumas situações por seus inimigos, não teve força o suficiente para impedir, que o<br />

então mulato, conseguisse estar em cargos que foram almejados por muitos farrapos,<br />

ascen<strong>de</strong>ndo militarmente e socialmente.<br />

Assim, ciente do papel do historiador e da interferência do coletivo para a<br />

1427


construção e reconstrução da história, este artigo que é resultado <strong>de</strong> uma pesquisa que esta<br />

sendo aprofundada junto ao Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em <strong>História</strong> da PUC-<strong>RS</strong>, buscou<br />

ampliar a produção já existente em torno do movimento farrapo. Deste modo, <strong>de</strong>staca-se<br />

que a Revolução Farroupilha contou sim com importantes personagens, mas que estes<br />

também po<strong>de</strong>riam ser mulatos, ocupar Ministérios, <strong>de</strong>ixando sua marca, colaborando ao<br />

também escreverem partes da história.<br />

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