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8 - Babcock Institute - University of Wisconsin–Madison

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Instituto <strong>Babcock</strong> para Pesquisa<br />

e Desenvolvimento da Pecuária<br />

Leiteira Internacional<br />

<strong>University</strong> <strong>of</strong> Wisconsin-Madison<br />

Essenciais em<br />

Gado de Leite<br />

2) COMPOSIÇÃO E ANÁLISE DE ALIMENTOS<br />

INTRODUÇÃO<br />

Os alimentos contém nutrientes que são<br />

usados para atender os requerimentos dos<br />

animais. A maioria dos alimentos para<br />

vacas de leite consiste em caules, folhas,<br />

sementes e raizes de várias plantas. As<br />

vacas também podem ser alimentadas com<br />

sub-produtos industriais (farelos, melaço,<br />

resíduo de cervejaria, etc.) e estas dietas<br />

normalmente precisam ser suplementadas<br />

com pequenas quantidades de vitaminas e<br />

minerais. Os alimentos para bovinos<br />

leiteiros são classificados como:<br />

• Forragem;<br />

• Concentrado;<br />

• Suplemento proteico;<br />

• Suplemento (vitamina e mineral).<br />

Esta classificação é um pouco discutível,<br />

mas ela se baseia no valor nutricional do<br />

alimento. Os Nutrientes são substâncias<br />

químicas necessárias para a manutenção,<br />

crescimento, produção, reprodução e saúde<br />

do animal. Existem cinco categorias de<br />

nutrientes:<br />

• Água;<br />

• Energia (carboidratos, proteínas, lipídeos);<br />

• Proteína (compostos nitrogenados);<br />

• Minerais;<br />

• Vitaminas.<br />

Os alimentos também podem conter<br />

substâncias sem valor nutritivo (Figura 1).<br />

Alguns compostos têm estruturas<br />

complexas as quais não são digeríveis e<br />

podem iinterferir na digestão de alguns<br />

nutrientes (ex: lignina, tanino). Além disso,<br />

certas plantas contém toxinas que podem<br />

ser prejudiciais para a saúde do animal.<br />

Michel A. Wattiaux<br />

<strong>Babcock</strong> <strong>Institute</strong><br />

A COMPOSIÇÃO DOS ALIMENTOS<br />

Água e matéria seca<br />

Quando os alimentos são colocados em<br />

um forno com temperature de 105°C por 24<br />

horas, a água (H20) evapora e o material<br />

restante é chamado de matéria seca. Os<br />

alimentos contém quantidades variadas de<br />

água. Em estágios imaturos do crescimento,<br />

a maioria das plantas contém cerca de 70 a<br />

80% de água (20 a 30% de matéria seca).<br />

Contudo, as sementes contém apenas 8 a<br />

10% de água (90 a 92% de matéria seca). A<br />

quantidade de água nos alimentos<br />

normalmente não é motivo de preocupação.<br />

Vacas lactantes bebem cerca de 4 a 5 kg de<br />

água para cada kg de matéria seca que elas<br />

comem. Os bovinos leiteiros precisam ter<br />

acesso à água limpa e fresca durante a<br />

maior parte do dia.<br />

A material seca contém todos os<br />

nutrientes (exceto água) que são necessários<br />

para os bovinos. A concentração de<br />

nutrientes nos alimentos normalmente são<br />

expressos com base na quantidade de<br />

matérioa seca (MS) ao invés da matéria<br />

verde (MV), pois:<br />

• A quantidade de água nos alimentos<br />

pode variar, portanto, o valor nutritivo<br />

de diferentes alimentos pode ser<br />

comparado mais facilmente quando a<br />

concentração é expressa com base na<br />

matéria seca.<br />

• Quando expressa em material seca, a<br />

concentraçaõ de nutrientes dos<br />

alimentos pode ser comparada<br />

diretamente com a concentração de<br />

nutrientes necessários da dieta das<br />

vacas.<br />

A matéria orgânica e minerais<br />

5


Essenciais em Gado de Leite—Nutrição e Alimentação<br />

A matéria seca dos alimentos pode ser<br />

classificada em matéria orgânica e matéria<br />

inorgânica. Compostos que contém carbono<br />

(C), hidrogênio (H), oxigênio (O) e<br />

nitrogênio (N), são classificados como<br />

orgânicos. Os compostos inorgânicos ou<br />

minerais (cálcio, fósforo etc.)representam<br />

um grupo químico diferente. Quando um<br />

alimento é colocado em um forno a 550°C<br />

por 24 horas, a matéria orgânica é<br />

queimada e o que resta são os minerais ou<br />

cinzas. Em plantas, a fração mineral varia de<br />

1% a 12%. As forragens normalmente<br />

contém mais cinzas que sementes e grãos.<br />

Os sub-produtos animais derivados de<br />

ossos pode conter cerca de 30% de minerais<br />

(principalmente cálcio e fósforo). Os<br />

minerais são frequentemente classificados<br />

como macro- ou micro-minerais (Tabela 1).<br />

Esta distinção se baseia somente na<br />

quantidade necessária pelos animais.<br />

Alguns minerias são possivelmente<br />

essenciais (ex: bário, bromo, niquel) e<br />

outros podem ter efeitos negativos na<br />

digestibilidade dos alimentos (ex: sílica).<br />

6<br />

Nutrientes nitrogenados<br />

O nitrogênio esta presente em proteínas e<br />

outros compostos da matéria orgânica dos<br />

alimentos. As proteínas são compostas de<br />

uma ou várias cadeias de aminoácidos.<br />

Uma sequência de 20 aminoácidos<br />

encontrados nas proteínas são<br />

determinadas pelo código genético. Esta<br />

sequência determina a estrutura e a função<br />

de cada proteína no corpo. Existem<br />

aminoácidos essenciais e não essenciais. Em<br />

oposição aos aos aminoácidos essenciais<br />

que podem ser sintetizados pelo organismo,<br />

os aminoácidos essenciais precisam estar<br />

presentes na dieta, pois o organismo é<br />

incapaz de sintetiza-los.<br />

Quando o nitrogênio não faz parte de da<br />

estrutura de proteínas, como no caso da<br />

uréia e da amônia, ele é chamado de<br />

nitrogênio não proteico (NNP). O<br />

nitrogênio não proteico não têm valor<br />

nutritivo para animais de estômagos<br />

simples. Contudo, em ruminantes, o NNP<br />

pode ser utilizado pela flora ruminal na<br />

Tabela 1: Minerais necessários na dieta de<br />

ruminantes e seus símbolos químicos.<br />

Macro Símbolo Micro Símbolo<br />

minerais químico minerais químico<br />

Cálcio Ca Iodo I<br />

Fósforo P Ferro Fe<br />

Magnésio Mg Cobre Cu<br />

Sódio Na Cobalto Co<br />

Potássio K Manganês Mn<br />

Cloro Cl Molibdênio Mo<br />

Enx<strong>of</strong>re S Zinco Zn<br />

Selênio Se<br />

síntese de aminoácidos e proteínas que<br />

serão úteis para o animal.<br />

Um químico dinamarquês, J.G. Kjeldhal,<br />

desenvolveu um método para a<br />

quantificação do nitrogênio em 1893. Em<br />

média, as proteínas contém cerca de 16% de<br />

nitrogênio. Portanto, a porcentagem de<br />

proteína em um alimento é normalmente<br />

calculada como a quantidade de nitrogênio<br />

multiplicada por 6.25 (100/16 = 6.25). Esta<br />

medida é chamada de proteína bruta (PB). A<br />

palavra “bruta” se refere ao fato de que<br />

nem todo o nitrogênio de um alimento esta<br />

na forma de proteína. Frequentemente, a<br />

proteína bruta superestima a quantidade de<br />

proteína verdadeira (PV) do alimento. A<br />

porcentagem de proteína bruta nas<br />

forragens pode variar de 5% (resíduos de<br />

plantio) a 20% (leguminosas de boa<br />

qualidade). Os farelos de grãos podem<br />

conter de 30 a 50% de PB e sub-produtos<br />

animais podem conter mais de 60% de PB.<br />

Nutrientes energéticos<br />

A energia disponível nos alimentos para o<br />

animal não pode ser quantificada por uma<br />

simples análise laboratorial. A melhor<br />

maneira de medir esta energia é por meio<br />

de experimentações. No corpo, o carbono<br />

(C), o hidrogênio (H) e o oxigênio (O) dos<br />

carboidratos, lipídeos e proteínas pode ser<br />

convertido em água (H 2 O) e dióxido de<br />

carbono (CO 2 ) com a libração de energia. A<br />

megacaloria (Mcal) é frequentemente<br />

utilizada como medida de energia, mas o<br />

Joule (J) é a unidade <strong>of</strong>icial para a medida<br />

de energia. Nos aliemntos para vacas de<br />

leite, a energia é expressa em Mcal ou<br />

Energia Líquida para a Lactação (NE l ).


Figura 1: A composição dos alimentos e análises laboratoriais de rotina.<br />

Esta unidade representa a quantidade de<br />

energia em um alimento que esta<br />

disponível para a manutenção do peso<br />

corporal e pela produção de leite. Por<br />

exemplo, são necessárias 0.74 Mcal NE l para<br />

produzir 1 kg de leite; sendo que a energia<br />

2—Composição e Análise de Alimentos<br />

nos alimentos varia de 0.9 a 2.2 Mcal <strong>of</strong><br />

NE l /kg de matéria seca.<br />

Os lipídeos e outras substâncias da<br />

família das gorduras são medidos por um<br />

método chamado de extração pelo éter (EE)<br />

e normalmente estes compostos produzem<br />

cerca de 2.25 vezes mais energia que<br />

7


Essenciais em Gado de Leite—Nutrição e Alimentação<br />

carboidratos. Contudo, a maioria da energia<br />

das forragens e de concentrados se origina<br />

dos carboidratos. Os alimentos para vacas<br />

normalmente contém menos de 5% de<br />

lipídeos, mas cerca de 50 a 80% de<br />

carboidratos. Existem três tipos principais<br />

de carboidratos nas plantas:<br />

• Açucares simples (glicose, frutose);<br />

• Carboidratos de reserva (amido) ou<br />

também chamados de carboidratos não<br />

estruturais, não fibrosos, ou<br />

carboidratos presentes fora da parede<br />

celular;<br />

• Carboidratos estruturais também<br />

chamados de carboidratos fibrosos ou<br />

de parede celular (celulose e<br />

hemicelulose).<br />

A glicose é encontrada em grandes<br />

quantidades em certos tipos de alimentos<br />

(melaço, soro de leite). O amido é o<br />

principal componente de grãos de cereais<br />

(trigo, cevada, milho, etc.). A celulose e a<br />

hemicelulose são principalmente<br />

encontradas nos caules das plantas. O<br />

amido e a celulose são feitos de longas<br />

cadeias de glicose. A ligação entre as<br />

moléculas de glucose no amido podem ser<br />

quebradas facilmente, mas na cellulose<br />

estas ligações resistem às enzimas<br />

degestivas de animais superiores. Contudo,<br />

as bactérias ruminais possuem enzimas que<br />

podem extrair a glicose contida nas fibras.<br />

A celulose e a hemicelulose estão<br />

associadas com a lignina (um composto<br />

fenólico) na parede celular. A quantidade<br />

de fibras (ex: parede celular) nos alimentos<br />

têm um papel importante no seu valor<br />

nutricional. Em geral, quanto menos fibra,<br />

maior é o valor energético de uma<br />

forragem. As fibras na forma de partículas<br />

grandes são necessárias na dieta das vacas<br />

pois:<br />

• Estimulam a ruminação, que é<br />

necessária para manter o processo<br />

digestivo e a saúde do animal;<br />

• É essencial para evitar a diminuição da<br />

porcentagem de gordura do leite.<br />

8<br />

Em muitos países, a fibra bruta ainda é o<br />

método <strong>of</strong>ficial para medir a quantidade de<br />

fibra de um alimento, mas a fibra<br />

detergente neutra (FDN) é um método<br />

laboratorial mais recente que pode estimar<br />

de uma maneira mais acurada a quantidade<br />

de celulose, hemicelulose e lignina nos<br />

alimentos. A potencial capacidade de<br />

ingestão de um alimento pela vaca é<br />

inversamente proporcional à quantidade de<br />

FDN do alimento. Além disso, a fibra<br />

detergente ácida (FDA) que quantifica a<br />

quantidade de celulose e lignina, é um bom<br />

indicador da digestibilidade de uma<br />

forragem. Os açucares presentes na FDN e<br />

na FDA são fermentadas mais<br />

vagarosamente pelas bactérias ruminais,<br />

mas o material que se encontra fora da<br />

parede celular (compostos solúveis como<br />

açucares simples, e algumas proteínas),<br />

normalmente são rapidamente<br />

fermentadas.<br />

A porcentagem de carboidratos não<br />

fibrosos (CNF) em um alimento é<br />

normalmente calculado levando-se em<br />

conta as cinzas, proteína bruta, extrato<br />

etéreo e o FDN:<br />

CNF = 100 – (cinzas + PB + EE + FDN).<br />

Vitaminas<br />

A quantidade de vitaminas nos alimentos<br />

não é calculada normalmente, mas as<br />

vitaminas em pequena quantidade são<br />

essenciais para a manutenção da saúde. As<br />

vitaminas são classificadas em vitaminas<br />

hidrosolúveis (nove vitaminas do complexo<br />

B e a vitamina C) ou vitaminas liposolúveis<br />

(β-caroteno ou provitamina A, vitaminas<br />

D 2 , D 3 , E e K). Em vacas, a suplementação<br />

de vitaminas do complexo B é menos<br />

importante, pois as bactérias ruminais<br />

podem sintetiza-las.

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