19.04.2013 Views

as formigas (hymenoptera: formicidae) impedem a herbivoria em

as formigas (hymenoptera: formicidae) impedem a herbivoria em

as formigas (hymenoptera: formicidae) impedem a herbivoria em

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

2010<br />

AS FORMIGAS (HYMENOPTERA: FORMICIDAE) IMPEDEM A<br />

HERBIVORIA EM PLANTAS COM NECTÁRIOS<br />

EXTRAFLORAIS?<br />

Coelho, R. C. S.¹ & Queiroz, J. M.²<br />

¹ Programa de Pós-Graduação <strong>em</strong> Ciênci<strong>as</strong> Ambientais e Florestais, Instituto de Florest<strong>as</strong>, Universidade<br />

Federal Rural do Rio de Janeiro. Bolsista Capes.<br />

² Departamento de Ciênci<strong>as</strong> Ambientais, IF, UFRRJ.<br />

e-mail: recoelho_rj@yahoo.com.br, telefone 21- 88893624<br />

Palavra chave: Hibiscus pernambucensis.<br />

Introdução<br />

Interações ecológic<strong>as</strong> pod<strong>em</strong> ser de caráter intra e interespecífic<strong>as</strong>, sendo <strong>as</strong><br />

relações entre consumidores e produtores a b<strong>as</strong>e de toda a cadeia alimentar. Uma dess<strong>as</strong><br />

relações é a <strong>herbivoria</strong>, na qual o consumo parcial ou total de uma planta por um<br />

herbívoro é positiva para o herbívoro e negativa para o vegetal (RICKLEFS, 2003). Esta<br />

relação influencia comunidades vegetais, pois afeta o crescimento, recrutamento e tax<strong>as</strong><br />

de mortalidade de plant<strong>as</strong> (HUNTLY, 1991).<br />

De acordo com MELO & SILVA-FILHO (2002) <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> pod<strong>em</strong> apresentar<br />

mecanismos de defes<strong>as</strong> físic<strong>as</strong>, químic<strong>as</strong> e biótic<strong>as</strong>, como resposta à pressão de<br />

<strong>herbivoria</strong>. Entre est<strong>as</strong>, a defesa biótica está <strong>as</strong>sociada à produção de recompens<strong>as</strong><br />

alimentares, entre <strong>as</strong> quais, néctar secretado <strong>em</strong> glândul<strong>as</strong> especializad<strong>as</strong> que atra<strong>em</strong><br />

parceiros mutualist<strong>as</strong> (HEIL & MCKEY, 2003). Um desses c<strong>as</strong>os de interação envolve<br />

plant<strong>as</strong> que possu<strong>em</strong> nectários extraflorais (NEFs) e formig<strong>as</strong> que forrageiam <strong>em</strong> busca<br />

de néctar (ELIAS, 1983). Se por um lado o benefício obtido pela formiga pode ser<br />

facilmente detectado, por outro, a eficiência da proteção contra a <strong>herbivoria</strong> é de difícil<br />

constatação e n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre ocorre (SCHEMSKE, 1980).<br />

Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) é um arbusto comumente<br />

encontrado <strong>em</strong> áre<strong>as</strong> de mangue e restinga (JOLY, 1976). Su<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> possu<strong>em</strong> NEFs<br />

que atra<strong>em</strong> divers<strong>as</strong> espécies de formig<strong>as</strong>, o que pode resultar no aumento da proteção<br />

contra <strong>herbivoria</strong> (COGNI et al, 2003). Na vegetação de restinga da Praia Dois Rios, <strong>em</strong><br />

Ilha Grande – RJ, observou-se que H. pernambucensis, com NEFs, e outra planta<br />

vizinha, s<strong>em</strong> NEFs, sofriam <strong>herbivoria</strong>. Devido a abundância de formig<strong>as</strong> nest<strong>as</strong><br />

plant<strong>as</strong>, hipotetizou-se que estes insetos protegeriam plant<strong>as</strong> com nectários extraflorais<br />

contra <strong>herbivoria</strong>. Assim, o presente estudo teve como objetivo comparar a atividade de<br />

formig<strong>as</strong> e a taxa de <strong>herbivoria</strong> nest<strong>as</strong> du<strong>as</strong> espécies de plant<strong>as</strong> <strong>em</strong> um mesmo ambiente.<br />

Material e Métodos<br />

O estudo foi desenvolvido na área de restinga da praia Dois Rios <strong>em</strong> Ilha Grande<br />

(23º 11’S, 44º 12’ W), Angra dos Reis, localizada no sul do Estado do Rio de Janeiro.<br />

Foram utilizados 30 indivíduos de Hibiscus pernambucensis e 30 indivíduos de<br />

uma espécie de planta não identificada e que não possuia NEFs. Ao longo de um<br />

transecto foram colocad<strong>as</strong> isc<strong>as</strong> de sardinha <strong>em</strong> óleo n<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> de cada uma d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong>.<br />

Est<strong>as</strong> estavam a dois metros de distância uma d<strong>as</strong> outr<strong>as</strong>. As isc<strong>as</strong> de sardinha ficaram<br />

expost<strong>as</strong> por uma hora para verificar a atividade de formig<strong>as</strong> na folhag<strong>em</strong> d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong>. O<br />

percentual de área foliar danificada por herbívoros foi contabilizado de acordo com o<br />

método de categori<strong>as</strong> de DIRZO E DOMINGUES (1995). Cada ramo foi categorizado<br />

Página29


2010<br />

<strong>em</strong> uma d<strong>as</strong> seis cl<strong>as</strong>ses de dano de acordo com a porcentag<strong>em</strong> de área foliar consumida<br />

por herbívoros (0= folh<strong>as</strong> s<strong>em</strong> <strong>herbivoria</strong>; 1= 1-6% de <strong>herbivoria</strong>; 2= 6-12%; 3= 12-<br />

25%; 4= 25-50%; 5= 50-100%). Foram verificad<strong>as</strong> a freqüência e <strong>as</strong> espécies de<br />

formig<strong>as</strong> n<strong>as</strong> respectiv<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> e realizada a comparação entre <strong>as</strong> tax<strong>as</strong> de <strong>herbivoria</strong><br />

medid<strong>as</strong> n<strong>as</strong> du<strong>as</strong> espécies de plant<strong>as</strong> pela análise não paramétrica de Kolmovorov-<br />

Smirnov.<br />

Resultados e Discussão<br />

Foram encontrad<strong>as</strong> formig<strong>as</strong> <strong>em</strong> 53 de 60 plant<strong>as</strong>. As formig<strong>as</strong> ocorreram <strong>em</strong><br />

93,3% d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> com NEFs e 86,6% d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> s<strong>em</strong> NEFs. Nove espécies de<br />

formig<strong>as</strong> foram coletad<strong>as</strong> <strong>em</strong> plant<strong>as</strong> com NEFs: Camponotus sp1, Camponotus sp2,<br />

Cr<strong>em</strong>atog<strong>as</strong>ter sp1, Cr<strong>em</strong>atog<strong>as</strong>ter sp2, Dolichoderus sp1, Monomorium sp1,<br />

Pseudomyrmex sp1, Pseudomyrmex sp2 e Pseudomyrmex sp3. Já <strong>em</strong> plant<strong>as</strong> s<strong>em</strong> NEFs,<br />

d<strong>as</strong> nove anteriormente citad<strong>as</strong>, apen<strong>as</strong> Cr<strong>em</strong>atog<strong>as</strong>ter sp2 e Monomorium sp1 não<br />

ocorreram, totalizando sete espécies.<br />

Du<strong>as</strong> d<strong>as</strong> morfoespécies de formig<strong>as</strong> mais abundantes pertenc<strong>em</strong> a gêneros já<br />

consagrados como que tend<strong>em</strong> a formar <strong>as</strong>sociação com plant<strong>as</strong> com NEFs:<br />

Camponotus (DEL-CLARO, 1999) e Cr<strong>em</strong>atog<strong>as</strong>ter (DELABIE, 2001), além de<br />

Pseudomyrmex.<br />

Através da análise não paramétrica, foi possível constatar que formig<strong>as</strong> pod<strong>em</strong><br />

diminuir a taxa de <strong>herbivoria</strong> n<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> que possu<strong>em</strong> os NEFs, uma vez que o grau de<br />

<strong>herbivoria</strong> n<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> que contém NEFs (1,46 ± 0,23) foi significativamente menor que<br />

n<strong>as</strong> s<strong>em</strong> NEFs (3,33 ± 0,21) (p


2010<br />

Joly, A.B. Botânica - introdução à taxonomia vegetal. São Paulo: Editora Nacional,<br />

1976.<br />

Melo, M.O. & M.C. Silva-Filho. Plant-insect interaction: an evolutionary arms race<br />

between two distinct defense mechanisms. Brazilian Journal of Plant Physiology,<br />

14:71 81, 2002.<br />

Ricklefs, R.E. A Economia da Natureza. Guanabara Koogan, 5ª edição, Rio de<br />

Janeiro, 2003.<br />

Sch<strong>em</strong>ske, D.W. 1980. The evolutionary significance of extrafloral nectar production<br />

by Costus woodsonii (Zingiberaceae): an experimental analysis of ant protection.<br />

Journal of Ecology 68: 959-967.<br />

Página31

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!