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1 Dom Expedito Lopes: Esquecimento e Memória (Discurso ... - anpuh

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SEMINARISTAS.” Oração pronunciada antes de falecer, em atitude de<br />

ofertório.<br />

UM PEDAÇO DA BATINA DE DOM EXPEDITO: Ela traz os furos<br />

das balas, mas ela fala também da pobreza, da simplicidade de <strong>Dom</strong><br />

<strong>Expedito</strong>. No testamento ele escrever: “Nasci pobre, vivi pobre e espero<br />

morrer mais pobre ainda. Tudo que se encontra sob o meu nome pertence<br />

à Diocese de Garanhuns. Espero morrer sem dinheiro, sem dívidas e sem<br />

pecado”.<br />

A MITRA DE DOM EXPEDITO: Símbolo de poder serviço que<br />

invalida toda superioridade. A única grandeza consiste em ser como Jesus<br />

fez, que faz o <strong>Dom</strong> total e gratuito de si mesmo. 12<br />

As batalhas também existem em torno dos símbolos que o homem e a mulher (re)<br />

criam e (re) elaboram e em torno da canalização e controle das interpretações; basta que<br />

tenhamos sensibilidade para perceber o quanto somos bombardeados por interpretações<br />

– embora fragmentadas e flexíveis – porém, tidas e respeitadas como verdades<br />

absolutas, como espelhos e pontos-de-partida para as outras que virão. Apaga-se ou,<br />

tenta-se apagar, desta forma, o outro, o diferente.<br />

Sobre esse ponto, Eni Puccinelli Orlandi, ao escrever “Palavra, Fé e Poder 13 ,<br />

fala-nos que a religião é um espaço institucional constituído por discursos. E esses<br />

discursos religiosos não estão soltos. Ao contrário, possuem uma espessura histórica,<br />

social, teórica e política. E que todo discurso traz consigo silêncios que também falam<br />

algo sobre os fatos e /ou as situações analisados. Nesse raciocínio, Deus é o lugar da<br />

onipotência do silêncio, o qual incita o homem e à mulher a colocar sua fala neste<br />

silêncio. A religião se configura como lócus onde o homem e a mulher coloca sua fala.<br />

Por isso os discursos religiosos estão impregnados de valores como: ascetismo,<br />

separação, ênfase no sofrimento, no sacrifício, na humildade e na salvação. E esses<br />

valores não estão limitados aos discursos religiosos; eles perpassam todas as outras<br />

esferas e vivências das nossas vidas, remodelando-nos às suas vontades. “(...) podemos<br />

perceber que os vários discursos da cultura ocidental são atravessados pelo discurso<br />

religioso: o pedagógico, o jurídico, o acadêmico, o das minorias, o das alternativas,<br />

etc.” 14 , afirma ela.<br />

Eni Orlandi fomenta ainda mais a incompletude dos discursos. Este é o lugar do<br />

possível, do silêncio e do movimento. Nesta assertiva, a Igreja Católica de Garanhuns<br />

precisa conduzir as opiniões, as interpretações, os corações e as mentes de seu povo a<br />

12 Livro de Cânticos, em que contém toda a Liturgia sobre a missa dos 40 anos de morte do Bispo <strong>Dom</strong><br />

Francisco <strong>Expedito</strong> <strong>Lopes</strong>; realizada em 02 de Julho de 1997, em Garanhuns-PE. Arquivo pessoal. Fiz a<br />

opção por citar esse momento do ofertório da mesma maneira como está disposto no livro de cânticos e<br />

de acompanhamento da Liturgia, o qual fora distribuído aos participantes da missa.<br />

13 ORLANDI, Eni Pucinelli. “Palavra, Fé e Poder”. Campinas-SP, Editora Pontes, 1987.<br />

14 Ibid. P. 09.<br />

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