1 Dom Expedito Lopes: Esquecimento e Memória (Discurso ... - anpuh
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pronunciada por <strong>Dom</strong> Antônio Moraes de Almeida Júnior, Arcebispo de Olinda e<br />
Recife naquela ocasião. Julgado por três vezes, somente na última foi condenado a 19<br />
anos de prisão. Depois de onze anos no cárcere, o bom comportamento lhe arrancara<br />
daquele lugar em 1968. Voltou para sua cidade natal, Correntes, Pernambuco, para<br />
cuidar de sua pequena propriedade rural. Morava sozinho. Em 1997 seu corpo foi<br />
encontrado naquele lugar quase em estado de putrefação, estava marcado com golpes de<br />
pauladas. Não se sabe o motivo de seu assassinato. As investigações cessaram e seu<br />
processo encontra-se arquivado.<br />
Três motivos foram levantados para explicar essa desenfreada ação de matar o<br />
bispo, considerada brutal pela mídia e pela comunidade garanhense daquele tempo de<br />
outrora: o primeiro seria porque <strong>Dom</strong> <strong>Expedito</strong> recebia visitas e cartas de pessoas de<br />
Quipapá – cidade onde o sacerdote era pároco – denunciando-o de cobrar preços<br />
exorbitantes pelos sacramentos; a segunda denúncia é de que o sacerdote não estava<br />
dando assistência religiosa devida às escolas da comunidade e que sempre chegava<br />
atrasado às missas e compromissos da paróquia porque direcionava mais preocupação e<br />
atenção no cuidado com sua fazenda e nos empreendimentos obtidos com ela e, como<br />
terceira denúncia, que mais se alastrou e ganhou corpo no disse-me-disse daquela urbe,<br />
era que Hosana estaria tendo um caso amoroso com Maria José, sua prima e empregada<br />
doméstica, que carregaria em seu ventre um filho, fruto do amor proibido.<br />
Acreditando nessas denúncias e sem pretensão de ouvir as explicações do<br />
sacerdote, <strong>Dom</strong> <strong>Expedito</strong> – com autorização da Santa Sé – decide excomungá-lo através<br />
da leitura de uma nota no programa de rádio chamado A Voz da Diocese. A nota iria ser<br />
lida na segunda-feira, 01 de Julho de 1957, dia dos disparos. Padre Hosana, sabendo<br />
dessa decisão do bispo, dirigiu-se à rádio munido de documentos que, segundo ele, iria<br />
provar que eram falsas essas denúncias. Não tendo liberdade da palavra, foi ao Palácio<br />
Episcopal e consumou os tiros.<br />
Este fato é algo que acabou. Não existe mais. Existiu, no particípio. O que nos está<br />
sendo apresentado agora são as versões que se tem e que se pode ter do mesmo. O<br />
conhecemos hoje através do que se escreveu e do que se ouve, ou não se ouve, sobre<br />
ele. Ou seja, temos à nossa disposição fragmentos e interpretações do ocorrido. Jamais o<br />
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